Tornar-se mais indiferente à labuta, dureza, privação, até mesmo à vida. Estar disposto a sacrificar seres humanos à sua causa, não excluindo a si mesmo. Liberdade significa que os instintos viris, que se deleitam na guerra e na vitória, predominam sobre outros instintos, os da “felicidade”, por exemplo.
Falas como a do ministro da Saúde [‘Melhor perder a vida do que perder a liberdade’] lembram muito passagens como essa aí de cima do Nietzsche. Se há um componente do liberalismo escravocrata, como bem salientou o Marcos Queiroz aqui, há uma tentativa de resgatar também uma honra, um elemento metafísico superior, de virilidade, de não poder ser impedido, de reencontrar o animal adormecido. Se na época do Nietzsche isso fazia algum sentido - ele estava combatendo uma tradição literalmente milenar de adormecimento dos instintos - agora, quase 200 anos depois de nos termos liberado dessas amarras, parece apenas patético.
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