sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

"Le Horla" [Extrato] - Guy de Maupassant

Et voici, messieurs, pour finir, un fragment de journal qui m'est tombé sous la main et qui vient de Rio de Janeiro. Je lis : "Une sorte d'épidémie de folie semble sévir depuis quelques temps dans la province de San-Paulo. Les habitants de plusieurs villages se sont sauvés abandonnant leurs terres et leurs maisons et se prétendant poursuivis et mangés par des vampires invisibles qui se nourrissent de leur souffle pendant leur sommeil et qui ne boiraient, en outre, que de l'eau, et quelquefois du lait !"

J'ajoute : "Quelques jours avant la première atteinte du mal dont j'ai failli mourir, je me rappelle parfaitement avoir vu passer un grand trois-mâts brésilien avec son pavillon déployé... Je vous ai dit que ma maison est au bord de l'eau... toute blanche... Il était caché sur ce bateau sans doute..."

Je n'ai plus rien à ajouter, messieurs.

[todo aqui]


 

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

NIILISMO COMO LUGAR DE FALA DE BRANCO

 

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Mas o que diabos é o niilismo?

Está sofrendo de falta de perspectiva de vida? Não sabe bem o que é o certo e o errado? Acha que o mundo perdeu seus valores? Cuidado, você pode estar sofrendo de... niilismo.


Brincadeiras à parte, o niilismo foi visto – dentro e fora da universidade – como uma sensação generalizada da falta de um sentido que fosse compartilhado por todes ao mesmo tempo. Durante muito, muito tempo, essa função coube ao Deus cristão nessa parte do mundo ocidentalizada. Mas, com o fortalecimento da confiança na Ciência, com o relativo aperfeiçoamento de formas mais democráticas de organizar politicamente a sociedade, com a libertação de certos tabus de como poderíamos viver nossos desejos, a “hipótese Deus”, como escreveu Nietzsche, caiu por terra. E isso aconteceu “ontem”, no século XIX.

Sem esse parâmetro em comum, que servia como primeira e última instância a quem recorrer, muita gente caiu em desespero. Sabe aquela frase “se Deus não existe, tudo é possível”, que o pessoal jura que está em “Os irmãos Karamazov” (spoiler: não está)? Pois então: tal frase foi vista como a representação de um liberou geral, uma permissão para as pessoas saírem nas ruas se matando sem qualquer coibição (geralmente, é um certo tipo de pessoa a acreditar nisso: a que gosta de segurança e diz que o mundo está cada vez mais em perigo). 

Outros tipos de pessoas viram nessa falta de um sentido compartilhado uma oportunidade de recriar os valores que dominam nossa sociedade em todos os seus aspectos. Ou seja, viram nesse niilismo uma libertação, uma possibilidade de um novo começo. O problema é que, sem um juiz divino, quem decide o que é o certo e o errado? Pensa como é difícil conversar com um sujeito que pertence a um espectro político diferente do seu e você vai entender bem o que estou dizendo.

Por esses e outros motivos, vejo o niilismo como um assunto extremamente atual. Um tema que faz refletir sobre como a construção de valores em comum é essencial para se viver em sociedade. E que essa tarefa não é das mais fáceis.

Para saber mais sobre o tema – e, quem sabe, pensar em formas melhores de se viver em sociedade –, inscreva-se no curso: https://is.gd/NietzscheNiilismo

E semana que vem há a Aula Zero do curso aqui.

quarta-feira, 21 de junho de 2023

A buzina do vendedor

Todos os dias, um pouco antes das 5 da tarde, eu escuto uma buzina bem específica, não uma buzina de carro que é praticamente onipresente nessa rua que parece um aluvião de automóveis vindos de Copacabana, mas uma buzina como aquelas que os palhaços usam nos seus números em circos, aquelas bem tradicionais, com fole -- eu escuto a buzina e automaticamente me vejo com uns cinco anos -- mas pode ser mais tarde com dez, 12 até --, o céu avermelhado do fim do dia, provavelmente era a mesma hora, só que em Nova Iguaçu, eu, por algum acaso, não estava na natação, mas em casa, no pátio do prédio em que eu cresci, e escutava aquela buzina e sabia que o vendedor de biscoito doce enroladinho e chupeta de açúcar estava passando. As crianças todas da rua corriam para comprar com ele aquele biscoito que era só uma fina folha de farinha de trigo açucarada enrolada em formato de canudo e o pirulito sui generis e eu sentia algo como uma comunidade, e me dava um quentinho, me sentia pertencendo a algum lugar, e agora sinto quase a mesma coisa, embora nostalgicamente, quando escuto a buzina e sempre me lembro de quando eu era criança, mas sempre também me esqueço de me preparar para ver o vendedor, porque, né, quem vai estar ali naquela hora, parado -- até que um dia eu o vi, e não, ele não vende mais o biscoito e a chupeta artesanais, mas açaí, um açaí deveras industrializado, mas a buzina, ao menos a buzina, é a mesma. eu quase quero comprar o açaí por conta disso.