quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Velharias: servição

Gosto de coisas antigas, daquelas sem muita utilidade. E, se tiver algum uso, gosto ainda mais. Um dos meus programas favoritos é andar na feirinha do Rio Antigo, na Rua do Lavradio, na Lapa e observar aqueles cacarecos do século xx.

Há duas semanas, fui à feirinha que acontece todo sábado na Praça xv. É uma aula sobre História recente. Próximo do fim do Aterro, os mendigos colocam para vender tudo o que recolheram durante a semana. Você encontra um pé de sapato (um pé só), espelhos quebrados, canetas usadas (comprei um Mont Blanc sem carga por R$ 1. Depois, percebi que estava gravado o nome do ex-dono), revistas pornográficas com páginas coladas, fotos de gente que você nunca viu, filmes super-8 já queimados, maçanetas de portas, fios velhos...

A melhor coisa encontrada foi uma coleção de Machado de Assis com inúmeros tomos, sendo que o vendedor queria R$ 1 por cada livro. Como ele não tinha sacola e eu não tinha braços para carregar todos os muitos livros, fiquei com uma dor no coração, e vim embora.

Mais a frente, próximo da estação das barcas, a feira vira classe A. Os antiquários do Rio expõem algumas das suas mercadorias para vender ali. É possível encontrar santos barrocos, pinturas, luminárias, milhares de barraquinhas de fotos com câmeras, lentes, tudo analógico, enfeites de madeira, discos de vinil, filmes antigos, projetores de cinema e uma infinidade de produtos completamente desnecessários, mas que fariam a vida de qualquer pessoa mais feliz. Comprei dois DVDs ali, um do Fellini ("8 1/2") e outro do Woody Allen ("A rosa púrpura do Cairo").

Mas se eu fiquei triste por não comprar os Machados, anteontem passava pela Praia de Botafogo quando um sujeito que faz ponto entre a São Clemente e a Voluntários estava com uma coleção de livros que me chamou atenção. Eram 11 exemplares de uma coleção editada em 1962 dividida - não entendi muito bem o critério - em contos italianos, alemães, de terror, fantásticos, mundiais, novelas brasileiras e outras denominações que não se fecham a uma norma. Curioso, perguntei quanto custavam os livros. Ele me respondeu que só vendia a coleção completa. Perguntei quanto era, então, a coleção. Ele disse: R$ 30. Eu: Tem sacola? Ele: sim. Trouxe para casa e só me surpreendo positivamente com os autores do tomo "contos fantásticos". O mais conhecido até agora é Guy de Maupassant. O restante, nunca tinha ouvido falar.

Outro promoção de "antiguidade" acontece no Vídeo Estação, no Estação Botafogo, na Voluntários da Pátria. O povo da locadora quer investir em DVDs, mas não tem espaço físico. Por isso, eles estão fazendo uma liquidação de VHSs por R$ 4. Comprei 14. De "Felicidade", do Todd Sollontz, até "Seven", do Fincher, passando por "Touro indomável", do Scorsese, e "Era uma vez no Oeste", do Sérgio Leone. Vale muito a pena dar uma passadinha lá.

Nenhum comentário: