quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Rebeldes com causas conservadoras

O conservadorismo oferece a esse jovem uma aura de transgressão. Nesse meio, o consenso é incomodar e agredir os discursos das minorias, minimizando denúncias de machismo, racismo e homofobia que aparecem na grande imprensa. Para esse jovem recém-radicalizado e com vontade de chocar, é importante pronunciar-se contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, opor-se às leis que caracterizam o feminicídio ou defender a proibição do aborto em qualquer circunstância. Sua tática não é o debate, mas o constrangimento. Como certos políticos, buscam palanque com suas provocações.
Do ensaio Transgressão à direita, escrito pelo jornalista Daniel Salgado e publicado na serrote.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Imprevisão

Ensaio feito para a Revista Pessoa, a pedido da Mirna Queiroz, que tentou coadunar os 50 anos de AI-5 aos fortes ventos vindo da extrema-direita e à literatura produzida nos dias de hoje sobre a ditadura civil-militar.

O texto contou com a colaboração de Maria Valéria Rezende, Adriana Lisboa, Ivone Benedetti, Guiomar de Grammont, Euridice Figueiredo, Bernardo Kucinski e grande elenco de leitura.

Um trechinho abaixo

"Talvez seja melhor escrever sobre os nossos fantasmas que tentar esquecê-los, não enfrentá-los. De outra forma, talvez se escreva para produzir uma outra memória (coletiva?), que equilibre as forças e permita aos fantasmas sossegar, em vez de, mesmo que involuntariamente, colaborar para escondê-los, corroborando sem intenção com uma pseudo-conciliação, uma abertura unilateral, em que um dos termos vive sossegadamente apesar das barbaridades que cometeu, e o outro paga por todos os pecados sozinho – como aconteceu com a anistia em 1979, quando torturadores e assassinos não foram julgados, corpos de guerrilheiros desaparecidos, nunca retornados. Talvez se escreva para dar materialidade e concretude às palavras, mesmo as mais duras, como desaparecimento, tortura, morte. É importante enfrentarmos a dor, juntos, em vez de evitá-la. É melhor fazer com que esses fantasmas sejam ouvidos – dar voz a eles, isto é, escrever junto com eles, em consonância. “Fantasmas”, aqui, não são espectros que assustam apenas indivíduos. O escritor é um meio que amplifica a voz de uma coletividade, de uma temporalidade, que infiltra histórias na História grande, oficial, para desestabilizar a versão dos vencedores."

Para ler tudo, aqui.