o que colocarei aqui embaixo, foi produzido em papel, a punho, por uma necessidade absurda de fazer tatil e de transformar em realidade a minha memoria. provavelmente parecera bobo (e sem nenhum acento). mas era urgente. e nas emergencias, relevamos um pouco a qualidade dos escritos.
como percebivel, estou sem acentos, por causa dos teclados americanos. como perceptivel, estou em terras confederadas, no sul da america do norte. nada, ou quase nada - porque temos sao paulo e nova iguacu - eh pior. enfim.
algo como uma resenha.
ontem, ao ler o quarto conto de "dublinenses", senti pela primeira vez a fisgada do genio que da ali, atras das costelas, entre a terceira e a segunda.
os primeiros eram de uma brandura que deixavam os olhos correrem e a memoria incolume. apesar de de ja faiscarem com lampejos das tintas dos grandes autores.
(talvez, devesse ter dado maior atencao `a orelha do livro que denuncia que joyce apenas cronicou, sem muita necessidade de exemplificar um inicio, meio, fim)
o primeiro, por exemplo. "as irmas" narra a morte e o funeral de uma paroco catolico do bairro. o conto so demonstra sua razao nas utlimas paginas quando as irmas (freiras e amigas do morto) conversam sobre o falecido. no inicio, declaram todas a admiracao, todo o respeito que possuiam, e como o padre era importante. com o tempo, a conversa descamba para a crueldade, citando morbidamente a fase final da vida do padre, com seus tiques e trejeitos. como se dissesse que na superficie todos mantemos uma capa de animosidade, entretanto ao aprofundarmo-nos dentro de cada alma, o que encontramos nao e nada bonito de se ver.
o segundo conto tambem tem no seu fim o seu porqu^e. tres garotos em idade escolar programam-se para gazetear por um dia. um deles falta e os outros dois andam a esmo por dublin ate que encontram um personagem para la de esquisito. o sujeito e a graca de toda a historia. assim como "as irmas", este sujeito apresenta-se bifacial, porem com visoes muito mais antagonicas e conservadoras que no conto anterior.
o terceiro e' uma pequenina historias ja bastante conhecida. uma garoto, para impressionar uma menina, promete um presente. porem, para consegui-lo, ele necessita do dinheiro do pai que, obviamente, implica o maximo possivel e o impede de atingir sua meta original. a fraqueza deste cointo pode ser exemplificadas pelas belissimas ultimas frases que nao a salvam do lugar-comum: "fitando a escuridao, eu me vi como uma criatura tangida e ludibriada por quimeras. meus olhos queimavam de angustia e odio".
ja o quarto mostra uma menina de dezenove anos dividida entre a sua chance de felicidade (fugir com o namorado marinheiro que aparentemente gosta dela para a argentina) e a obrigacao (ficar em dublin para cumprir uma promessa de cuidar do pai velho e doente que bate nela). apesar de sua extrema infelicidade na irlanda, evelyn - o titulo do conto - se sente culpada por abandonar o pai. apesar deste a maltratar, ela consegue, com um esforco anormal, recordar-se de boas lembrancas, de cenas felizes entre os dois. opta, em detrimento do namorado, ficar e cuidar do pai. a culpa vence a felicidade, ou altruismo vence o individualismo. depende do otimismo de cada leitor.
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