Duas situações constrangedoras
Lá nos EUA, onde ela mora, já é aniversário de minha irmã. Em nossa última conversa por telefone, percebi como somos diferentes. E como, provavelmente, nunca nos aproximaremos em nossos gostos. Antes, porém, quero falar que conheci, ainda na década de 80, U2, a Legião Urbana e, mainly, The Smiths, com ela. Ou seja, dívida de gratidão eterna. São bandas que, se hoje não me são cotidianas, formaram um pouco o meu gosto musical.
Enfim, como dizia, estava eu ao telefone, tentando puxar um papo com ela, algo que fugisse das burocracias do dia-a-dia, e ela fala que comprou um novo cd e quer saber se eu gosto. Fico apreensivo. E tenho motivo para tal. Depois de alguns segundos sem que ela se lembrasse qual era o nome mesmo, ela falou: Evanescence. Tentei melhorar afirmando que era uma banda de adolescente e que, por isso, ela deveria se sentir jovem. Mas mudamos de assunto logo em seguida e ela me perguntou sobre o meu trabalho, como ia a faculdade, e a namorada? vai bem?
Pior que isso, só aconteceu no aniversário de meu sobrinho, dia 12 passado. Estava conversando com meu cunhado sobre as grandes vantagens dos programas de download de música e como se consegue coisas desconhecidas e raras, quando o marido de uma prima minha de segundo grau me falou quase orgulhoso que tinha, também, cometido sua imprudência e alimentado o universo paralelo ao comprar um cd pirata. Em seguida me perguntou se eu gostava da... da... da... (ele também havia esquecido, o que me dá argumentos para pensar que essas pessoas não são tão fãs assim de música) da... Dani Carlos. Não, eu não conhecia. Só de nome. Ele devolve: Muito boa. Ela faz, como é que se chama?, cover, né? cover... e só com o violão.
Na hora me veio à mente a figura daquele outro sujeito que imita os outros com instrumentos desplugados. Como é mesmo o nome dele? Nogueira... Artur... (google me ajuda e) Emmerson Nogueira. Esse mesmo.
O que dizer além disso? Claro, parabéns, irmã!
terça-feira, 31 de maio de 2005
Entendam como quiser (ou espermatozóides sensíveis)
Estudos em São Paulo descobriram que os espermatozóides masculinos (aqueles que, se fecundarem, darão frutos a meninos) são mais sensíveis que os femininos. Isso quer dizer que, em ambientes com poluição de QUALQUER natureza, ou mesmo ESTRESSE, nascem proporcionalmente mais mulheres que homens. Em condições normais de temperatura e pressão, os homens são maioria. Aliás, antigamente, o que equilibrava a conta entre os dois sexos, com uma pequena vantagem para elas, era o número de mortes nas guerras. Pois só os machos guerreavam. Agora, que não há mais tantas guerras para se lutar e morrer em sociedades ditas civilizadas, o controle virá pela poluição ou pelo estresse.
O mundo, literalmente, será delas. E nós homens-conteporâneos-ocidentais-modernos-e-sensíveis estamos obsoletos.
Estudos em São Paulo descobriram que os espermatozóides masculinos (aqueles que, se fecundarem, darão frutos a meninos) são mais sensíveis que os femininos. Isso quer dizer que, em ambientes com poluição de QUALQUER natureza, ou mesmo ESTRESSE, nascem proporcionalmente mais mulheres que homens. Em condições normais de temperatura e pressão, os homens são maioria. Aliás, antigamente, o que equilibrava a conta entre os dois sexos, com uma pequena vantagem para elas, era o número de mortes nas guerras. Pois só os machos guerreavam. Agora, que não há mais tantas guerras para se lutar e morrer em sociedades ditas civilizadas, o controle virá pela poluição ou pelo estresse.
O mundo, literalmente, será delas. E nós homens-conteporâneos-ocidentais-modernos-e-sensíveis estamos obsoletos.
segunda-feira, 30 de maio de 2005
A queda e a revolta
O JN deu a matéria no sábado, o Fantástico no domingo, o Nomínimo, segunda. É claro que discriminação é repugnante. É óbvio que os skinheads, quando raspam a cabeça, levam um pedaço do cérebro junto. Isso está fora de qualquer tipo de discussão.
Agora, dois pontos me arqueiam o sobrolho.
Primeiro - ontem rolou a parada gay em São Paulo. Junto a isso a tal da Revista eletrônica semanal fez uma matéria sobre o medo dos heteros de serem tidos como homossexuais. Não se discute que esse tipo de comportamente é DEVERAS mais brando que o apresentado em outras eras.
Peguemos, porém, a classe-média-alta brasileira para vermos que a discriminação continua EXTREMAMENTE próxima. Pergunte a qualquer um de seus amigos se eles ficariam contentes em ter um filho gay. A resposta é (quase) unânime. Só esse exemplo para ficarmos no preconceito mais facilmente identificável. Nem falemos sobre o PAVOR dos mesmos em pensar que suas filhas podem se casar com negros ou dos dito-cujos estarem PRÓXIMOS a pobres em eventos sociais. Isso deveria assustar MUITO mais. E dar MAIS matérias.
Segundo - Todas as reportagens foram unânimes em mostrar como o governo brasileiro (e também o gaúcho) se portou rapidamente e tirou do ar os sites hospedados em provedores tupiniquins (e prenderam os agressores dos judeus). Dizem que é contra lei propagar conteúdo racista (além de exploração de menores). OK, mais que justo. Ninguém fica assustado com essa atitude IMPERATIVA porque ela se justifica para a ENORME maioria das pessoas.
Entretanto, não se pode FALAR em conselho de ÉTICA que os órgãos da imprensa vêm a público gritando CENSURA. O limite é tênue, quem irá gerir esse conselho, quais são os critérios, limites, o que deve ser aprovado, etc. Contudo, se houvesse uma forma de termos um bom-senso institucionalizado, creio que estaríamos mais protegidos de uma TV (e seus congêneres) tão baixo nível. Mas isso é utopia ou preconceito meu contra os péssimos programas ou estou sendo politicamente correto - que é a falsidade da discriminação.
O JN deu a matéria no sábado, o Fantástico no domingo, o Nomínimo, segunda. É claro que discriminação é repugnante. É óbvio que os skinheads, quando raspam a cabeça, levam um pedaço do cérebro junto. Isso está fora de qualquer tipo de discussão.
Agora, dois pontos me arqueiam o sobrolho.
Primeiro - ontem rolou a parada gay em São Paulo. Junto a isso a tal da Revista eletrônica semanal fez uma matéria sobre o medo dos heteros de serem tidos como homossexuais. Não se discute que esse tipo de comportamente é DEVERAS mais brando que o apresentado em outras eras.
Peguemos, porém, a classe-média-alta brasileira para vermos que a discriminação continua EXTREMAMENTE próxima. Pergunte a qualquer um de seus amigos se eles ficariam contentes em ter um filho gay. A resposta é (quase) unânime. Só esse exemplo para ficarmos no preconceito mais facilmente identificável. Nem falemos sobre o PAVOR dos mesmos em pensar que suas filhas podem se casar com negros ou dos dito-cujos estarem PRÓXIMOS a pobres em eventos sociais. Isso deveria assustar MUITO mais. E dar MAIS matérias.
Segundo - Todas as reportagens foram unânimes em mostrar como o governo brasileiro (e também o gaúcho) se portou rapidamente e tirou do ar os sites hospedados em provedores tupiniquins (e prenderam os agressores dos judeus). Dizem que é contra lei propagar conteúdo racista (além de exploração de menores). OK, mais que justo. Ninguém fica assustado com essa atitude IMPERATIVA porque ela se justifica para a ENORME maioria das pessoas.
Entretanto, não se pode FALAR em conselho de ÉTICA que os órgãos da imprensa vêm a público gritando CENSURA. O limite é tênue, quem irá gerir esse conselho, quais são os critérios, limites, o que deve ser aprovado, etc. Contudo, se houvesse uma forma de termos um bom-senso institucionalizado, creio que estaríamos mais protegidos de uma TV (e seus congêneres) tão baixo nível. Mas isso é utopia ou preconceito meu contra os péssimos programas ou estou sendo politicamente correto - que é a falsidade da discriminação.
Viver nos extremos
Sem entrar no mérito do melhor ou pior, mesmo porque, para mim, para vc, para qualquer um por esses trópicos, isso não modifica - em curto prazo - em nada a vida, uma coisa me chamou a atenção no plebiscito francês para saber se o país da Marselhesa aceitava a constituição européia. A união dos comunistas e os seguidores Jean Marie Le Pen, aquele que aglutinou contra TODOS os outros espectros políticos na última eleição presidencial da França, pelo "non". LFVeríssimo já tinha comentado esse fenômeno. Não importa quais são as propostas, eles são contra, sempre. E, optam pelo extremo. Também sempre.
O Paulo Guedes escreve bem sobre as posições democráticas francesas. Vale uma lida.
Sem entrar no mérito do melhor ou pior, mesmo porque, para mim, para vc, para qualquer um por esses trópicos, isso não modifica - em curto prazo - em nada a vida, uma coisa me chamou a atenção no plebiscito francês para saber se o país da Marselhesa aceitava a constituição européia. A união dos comunistas e os seguidores Jean Marie Le Pen, aquele que aglutinou contra TODOS os outros espectros políticos na última eleição presidencial da França, pelo "non". LFVeríssimo já tinha comentado esse fenômeno. Não importa quais são as propostas, eles são contra, sempre. E, optam pelo extremo. Também sempre.
O Paulo Guedes escreve bem sobre as posições democráticas francesas. Vale uma lida.
A raiz quadrada da soma dos quadrados dos catetos é igual a...
Tudo bem que eu sempre ouvi que as pessoas que cursam Comunicação Social são, em sua grande maioria, péssimos em matemática. Eu, por exemplo, não me lembro da fórmula do Delta, aquela da equação do segundo grau. Mas há limite. Há umas semanas, li na editoria "Rio" d'O Globo que algumas casas (não me lembro onde) haviam sido desvalorizadas em 100%. Provavelmente o cara fez a conta ao contrário. Ex: custava 100 e tava sendo vendida por 50.
Ontem foi pior, encontrei uma curiosidade no "Segundo Caderno". O "repórter-especial" Arnaldo Bloch (o link se autodestruirá no dia 04/06/05) se embaralhou na soma simples: "A largada já foi dada com o anúncio de mais oito salas no Rio até maio do ano que vem: quatro no Shopping da Gávea e cinco num prédio ainda em construção no terreno anexo ao pioneiro Estação Botafogo". Que falta que faz um copidesque...
Tudo bem que eu sempre ouvi que as pessoas que cursam Comunicação Social são, em sua grande maioria, péssimos em matemática. Eu, por exemplo, não me lembro da fórmula do Delta, aquela da equação do segundo grau. Mas há limite. Há umas semanas, li na editoria "Rio" d'O Globo que algumas casas (não me lembro onde) haviam sido desvalorizadas em 100%. Provavelmente o cara fez a conta ao contrário. Ex: custava 100 e tava sendo vendida por 50.
Ontem foi pior, encontrei uma curiosidade no "Segundo Caderno". O "repórter-especial" Arnaldo Bloch (o link se autodestruirá no dia 04/06/05) se embaralhou na soma simples: "A largada já foi dada com o anúncio de mais oito salas no Rio até maio do ano que vem: quatro no Shopping da Gávea e cinco num prédio ainda em construção no terreno anexo ao pioneiro Estação Botafogo". Que falta que faz um copidesque...
sexta-feira, 27 de maio de 2005
Adágios populares
"Mas não há outra opção: a vida é trágica do começo até o fim"
"Sua vida pode ser realmene horrível. Se você tiver sorte, terâ êxito no que faz, terá mulher e filhos, trabalho, saúde, ao fim do que envelhecerá e morrerá. Todos os seus morrerão também. E ninguém deixará marcas de sua passagem. A vida é miserável e pode ser horrível".
"A arte é apenas a catarse intelectual do artista, que às vezes crê em algo depois da morte."
Depois me perguntam por que eu gosto dele.
"Mas não há outra opção: a vida é trágica do começo até o fim"
"Sua vida pode ser realmene horrível. Se você tiver sorte, terâ êxito no que faz, terá mulher e filhos, trabalho, saúde, ao fim do que envelhecerá e morrerá. Todos os seus morrerão também. E ninguém deixará marcas de sua passagem. A vida é miserável e pode ser horrível".
"A arte é apenas a catarse intelectual do artista, que às vezes crê em algo depois da morte."
Depois me perguntam por que eu gosto dele.
Teoria da relatividade ou o rei da rede
Se somos cada vez mais definidos, pela sociologia moderna, como consumidores, ao invés de cidadãos, a pesquisa quantitativa com fins mercadológicos, feitas para as grandes empresas, fornece um belo retrato do "quem somos /para onde vamos".
Presenciei uma apresentação dessas que comentava os hábitos de jovens (16 a 25 anos) na internet. Curiosíssima. Os três principais passos deles, depois de ligar o computador, são: 1) entrar em MSN, orkut, flogs e blogs da vida; 2) acessar sites direto de um bookmark mental - se o sujeito é fã de viagens, entra em algum site específico, se gosta de fórmula 1, a mesma coisa e assim por diante; 3) google.
fico pensando que, quando começaram a fazer as teorias para a internet, alguém poderia imaginar que um site de busca qualquer iria monopolizar todas as buscas na internet e ser a sensação total da web.
Se somos cada vez mais definidos, pela sociologia moderna, como consumidores, ao invés de cidadãos, a pesquisa quantitativa com fins mercadológicos, feitas para as grandes empresas, fornece um belo retrato do "quem somos /para onde vamos".
Presenciei uma apresentação dessas que comentava os hábitos de jovens (16 a 25 anos) na internet. Curiosíssima. Os três principais passos deles, depois de ligar o computador, são: 1) entrar em MSN, orkut, flogs e blogs da vida; 2) acessar sites direto de um bookmark mental - se o sujeito é fã de viagens, entra em algum site específico, se gosta de fórmula 1, a mesma coisa e assim por diante; 3) google.
fico pensando que, quando começaram a fazer as teorias para a internet, alguém poderia imaginar que um site de busca qualquer iria monopolizar todas as buscas na internet e ser a sensação total da web.
quarta-feira, 25 de maio de 2005
Brasil, potência na arte de produzir políticos piadistas
No mundo inteiro, políticos sempre foram ótimas fontes de piadas para os humoristas. Mas a safra brasileira está ótima, acima da média (Sérgio Rodrigues diz até que exageramos, principalmente no fenômeno Severino Cavalcanti). O que é a metralhadora de gafes do presidente, por exemplo? E, agora que ele resolveu falar menos de improviso e ler mais o Gushiken, temos a piada visual. Ontem foi a luva e ele segurando o dedo vazio. Hoje foi o gesto sexual-erótico depois de ter recebido o ginseng dos imigrantes brasileiros que vivem na Coréia do Sul. Quem me dera saber postar fotos aqui...
No mundo inteiro, políticos sempre foram ótimas fontes de piadas para os humoristas. Mas a safra brasileira está ótima, acima da média (Sérgio Rodrigues diz até que exageramos, principalmente no fenômeno Severino Cavalcanti). O que é a metralhadora de gafes do presidente, por exemplo? E, agora que ele resolveu falar menos de improviso e ler mais o Gushiken, temos a piada visual. Ontem foi a luva e ele segurando o dedo vazio. Hoje foi o gesto sexual-erótico depois de ter recebido o ginseng dos imigrantes brasileiros que vivem na Coréia do Sul. Quem me dera saber postar fotos aqui...
Palpite papal
Joseph Ratzinger sabia que não era benquisto quando assumiu o pontificado. Havia pressão para um papa mais moderno, aberto "às transformações do mundo" (seja lá o que isso signifique). Ele não tem metade do carisma (palavra de definição para lá de ambígua) que JPII tinha. Ele era o mais velho dos cardeais que poderia ser eleito. (Em minha humilde opinião) ele está louco para morrer no decurso do seu governo, para se transformar numa espécie de ícone da igreja católica. Ou o que é que explica os seus insistentes passeios no papa-móvel com a capota arriada?
Joseph Ratzinger sabia que não era benquisto quando assumiu o pontificado. Havia pressão para um papa mais moderno, aberto "às transformações do mundo" (seja lá o que isso signifique). Ele não tem metade do carisma (palavra de definição para lá de ambígua) que JPII tinha. Ele era o mais velho dos cardeais que poderia ser eleito. (Em minha humilde opinião) ele está louco para morrer no decurso do seu governo, para se transformar numa espécie de ícone da igreja católica. Ou o que é que explica os seus insistentes passeios no papa-móvel com a capota arriada?
Complete a frase: juíza de Campos disse que errou______________________________
(1) quando deixou o casal Garotinho inelegível
(2) quando voltou atrás e disse que a Rosinha, e só ela, pode concorrer a cargos públicos
(3) quando retornou novamente e contestou o que tinha dito: Rosinha volta a ser inelegível
(4) ao ser branda demais
(5) todas as alternativas acima
(1) quando deixou o casal Garotinho inelegível
(2) quando voltou atrás e disse que a Rosinha, e só ela, pode concorrer a cargos públicos
(3) quando retornou novamente e contestou o que tinha dito: Rosinha volta a ser inelegível
(4) ao ser branda demais
(5) todas as alternativas acima
terça-feira, 24 de maio de 2005
Supermercado de corrupção
Escolha a que mais lhe apetecer. Temos escândalos para todos os gostos. Talvez por exigência da economia, agora as denúncias chegam quase personalizadas, aclimatando-se ao gosto do freguês, ou melhor, do contribuinte.
1) há o caso dos pobres deputados lá de Rondônia que tentaram, coitados, fazer o que os do restante do Brasil fazem constantemente. Queriam uma graninha para ser de situação. O absurdo, no caso, foi o governador ter gravado e mostrado as fitas. Aliás, quase que a população local não consegue assisti-las, mas isso é passado e já foi comentado pelo Marco. O que vale pensar é, onde é que esse Cassol está com a cabeça? Qual é o interesse ESCUSO que ele tem por trás disso? Ou alguém acredita que ele é bom e quer fazer o bem?
2) Mas se você acha que Rondônia fica muito longe, e nem sabia de sua existência, vamos à nossa querida Brasília. Roberto Jefferson, o homem de Petrópolis, era conhecido por dois detalhes da biografia: 1) ter sido camarada próximo de Collor de Mello e 2) ter emagrecido absurdamente depois de uma redução de estômago. Não mais. Faça um teste: pense em Correios.
3) Mas se, digamos, você acha política uma chatice, prefere viver a vida no cotidiano da sua classe média, e, para mais segurança, resolve fazer um concurso público, só tenho a lhe dizer: boa sorte.
Isso tudo, claro, sem voltar um pouquinho no tempo e lembrar do digníssimo ministro Romero Jucá.
Um do maiores problemas, nesses casos - em minha pequena e humilde opinião - é que, ao praticar um ato de corrupção, nenhum dos envolvidos - corruptores e corruptíveis - pensa que estão sendo ABSURDAMENTE vis. Não é só o ato de ROUBAR na cara-dura, o que já seria um absurdo completo, mas desviar o dinheiro que deveria ter um fim mais útil, caso fosse aplicado para o que era designado. Nenhum corrupto pensa que com a roubalheira está MATANDO bebês e velhinhos em filas imensas de hospitais sem leitos e sem medicamentos. Ou DESEDUCANDO uma nova série de crianças de rua, que caem mais facilmente nas mãos do tráfico.
Mas o que estou falando? A corrupção é algo tão INSTITUCIONALIZADA que faz parte de TODAS as esferas do dia-a-dia. Do cafezinho ao guarda pelo retorno não permitido, ao agrado para o cara da tv a cabo para manter o gato. Basta escolher a sua preferida.
Escolha a que mais lhe apetecer. Temos escândalos para todos os gostos. Talvez por exigência da economia, agora as denúncias chegam quase personalizadas, aclimatando-se ao gosto do freguês, ou melhor, do contribuinte.
1) há o caso dos pobres deputados lá de Rondônia que tentaram, coitados, fazer o que os do restante do Brasil fazem constantemente. Queriam uma graninha para ser de situação. O absurdo, no caso, foi o governador ter gravado e mostrado as fitas. Aliás, quase que a população local não consegue assisti-las, mas isso é passado e já foi comentado pelo Marco. O que vale pensar é, onde é que esse Cassol está com a cabeça? Qual é o interesse ESCUSO que ele tem por trás disso? Ou alguém acredita que ele é bom e quer fazer o bem?
2) Mas se você acha que Rondônia fica muito longe, e nem sabia de sua existência, vamos à nossa querida Brasília. Roberto Jefferson, o homem de Petrópolis, era conhecido por dois detalhes da biografia: 1) ter sido camarada próximo de Collor de Mello e 2) ter emagrecido absurdamente depois de uma redução de estômago. Não mais. Faça um teste: pense em Correios.
3) Mas se, digamos, você acha política uma chatice, prefere viver a vida no cotidiano da sua classe média, e, para mais segurança, resolve fazer um concurso público, só tenho a lhe dizer: boa sorte.
Isso tudo, claro, sem voltar um pouquinho no tempo e lembrar do digníssimo ministro Romero Jucá.
Um do maiores problemas, nesses casos - em minha pequena e humilde opinião - é que, ao praticar um ato de corrupção, nenhum dos envolvidos - corruptores e corruptíveis - pensa que estão sendo ABSURDAMENTE vis. Não é só o ato de ROUBAR na cara-dura, o que já seria um absurdo completo, mas desviar o dinheiro que deveria ter um fim mais útil, caso fosse aplicado para o que era designado. Nenhum corrupto pensa que com a roubalheira está MATANDO bebês e velhinhos em filas imensas de hospitais sem leitos e sem medicamentos. Ou DESEDUCANDO uma nova série de crianças de rua, que caem mais facilmente nas mãos do tráfico.
Mas o que estou falando? A corrupção é algo tão INSTITUCIONALIZADA que faz parte de TODAS as esferas do dia-a-dia. Do cafezinho ao guarda pelo retorno não permitido, ao agrado para o cara da tv a cabo para manter o gato. Basta escolher a sua preferida.
segunda-feira, 23 de maio de 2005
A justificativa do mal
Não sou um grande fã de Star Wars. Fiz um teste sobre os filmes e acertei 6 de 14 perguntas. Mas, me lembro perfeitamente do dia em que assisti ao primeiro filme produzido da série, o "Nova Esperança". Era uma sexta-feira, sessão da tarde. Eu deveria ter algo entre seis e 10 anos. Fiquei extremamente curioso sobre aquele universo, nada que mudasse a minha vida, como aconteceu com o bonequinho, mas os conceitos gerais da série eram/são muito bons - na minha humilde opinião. Acho os jedis e toda a sua filosofia meio budista, totalmente oriental, algo bem interessante. Por isso fiquei curiosíssimo em conferir os três primeiros episódios (da cronologia star wars).
Nestes, contudo, percebi algo que diferia da trilogia "original": os jedis eram passíveis de erros. Foram humanizados, capazes de julgamentos incorretos e conclusões precipitadas. Algo impensável para mim, considerando os capítulos IV, V, VI.
Isso me chocou um pouco. Admito que prefiro os sobre-humanos dos episódios primogênitos (em nossa cronologia).
No III há exemplos do que acabei de falar. (Vou comentar o filme, se não quiser saber sobre, pare por aqui).
Todo mundo sabe que Anakin se transformará em Darth Vader porque quer manter Padmé viva. Entretanto, há outros motivos de interpretação mais cuidadosa. Ele começa a dar ouvidos para o senador Palpatine porque, além de ter afinidades com ele, perdeu um pouco a crença e a confiança nos jedis.
Anakin é ambicioso. Quer ser mestre, mesmo bastante novo. Tem sede de poder. Isso tudo é inegável. Entretanto o conselho jedi pede para ele fazer espionagem com o senador, o que é contrário à ética jedi - de acordo com o próprio Anakin. Quando ele expõe esse seu desconforto ao seu mentor, Obi-wan Kenobi, este argumenta simplesmente: estamos em guerra. Como se fosse a desculpa perfeita para quebrar as regras de conduta. Já vi ditadores mais coerentes.
Outro momento dúbio é a luta entre o Mace Windu e o próprio senador, agora Darth Sidious. No momento em que Windu desarma o Sith, ao invés de querer prendê-lo, ele tenta matá-lo. Isso é questionado no início do filme, quando Anakin desarma o Conde Dooku e o Senador manda matá-lo. O "young Skywalker" afirma que é contra a ética dos jedis matar alguém desarmado, mas o senador insiste e ele executa a ordem.
Ou seja, na frente de Anakin há duas violações graves do código de comportamento dos seus pares. É mais que normal que um garoto com forte tendências à megalomania fosse influenciado por isso. Um lado promete que ele não perderá sua mulher, o outro pisa na bola a todo momento. Tirando o caráter sensitivo, através de argumentos, qual é o melhor?
Pelo outro lado, há um diálogo entre Anakin e Yoda, logo no início do filme, que explica muita coisa. O garoto conta ao ancião que sonha com a morte de alguém próximo. Yoda responde que não se deve antecipar a dor e que a morte é algo natural, acontecerá com todos. Anakin não se conforma em perder outro alguém que ama.
Ou seja, CLARO que Anakin era muito ambicioso e gostaria de mandar no universo inteiro, caso pudesse. Mas, a base de todos os seus ensinamentos se mostra falha quando ele mais precisa de fundamentos. Como se ele descobrisse que, se todos são factíveis de erro, então é melhor ficar com aquele que lhe traz mais vantagens. Poucos diriam que ele está errado...
Não sou um grande fã de Star Wars. Fiz um teste sobre os filmes e acertei 6 de 14 perguntas. Mas, me lembro perfeitamente do dia em que assisti ao primeiro filme produzido da série, o "Nova Esperança". Era uma sexta-feira, sessão da tarde. Eu deveria ter algo entre seis e 10 anos. Fiquei extremamente curioso sobre aquele universo, nada que mudasse a minha vida, como aconteceu com o bonequinho, mas os conceitos gerais da série eram/são muito bons - na minha humilde opinião. Acho os jedis e toda a sua filosofia meio budista, totalmente oriental, algo bem interessante. Por isso fiquei curiosíssimo em conferir os três primeiros episódios (da cronologia star wars).
Nestes, contudo, percebi algo que diferia da trilogia "original": os jedis eram passíveis de erros. Foram humanizados, capazes de julgamentos incorretos e conclusões precipitadas. Algo impensável para mim, considerando os capítulos IV, V, VI.
Isso me chocou um pouco. Admito que prefiro os sobre-humanos dos episódios primogênitos (em nossa cronologia).
No III há exemplos do que acabei de falar. (Vou comentar o filme, se não quiser saber sobre, pare por aqui).
Todo mundo sabe que Anakin se transformará em Darth Vader porque quer manter Padmé viva. Entretanto, há outros motivos de interpretação mais cuidadosa. Ele começa a dar ouvidos para o senador Palpatine porque, além de ter afinidades com ele, perdeu um pouco a crença e a confiança nos jedis.
Anakin é ambicioso. Quer ser mestre, mesmo bastante novo. Tem sede de poder. Isso tudo é inegável. Entretanto o conselho jedi pede para ele fazer espionagem com o senador, o que é contrário à ética jedi - de acordo com o próprio Anakin. Quando ele expõe esse seu desconforto ao seu mentor, Obi-wan Kenobi, este argumenta simplesmente: estamos em guerra. Como se fosse a desculpa perfeita para quebrar as regras de conduta. Já vi ditadores mais coerentes.
Outro momento dúbio é a luta entre o Mace Windu e o próprio senador, agora Darth Sidious. No momento em que Windu desarma o Sith, ao invés de querer prendê-lo, ele tenta matá-lo. Isso é questionado no início do filme, quando Anakin desarma o Conde Dooku e o Senador manda matá-lo. O "young Skywalker" afirma que é contra a ética dos jedis matar alguém desarmado, mas o senador insiste e ele executa a ordem.
Ou seja, na frente de Anakin há duas violações graves do código de comportamento dos seus pares. É mais que normal que um garoto com forte tendências à megalomania fosse influenciado por isso. Um lado promete que ele não perderá sua mulher, o outro pisa na bola a todo momento. Tirando o caráter sensitivo, através de argumentos, qual é o melhor?
Pelo outro lado, há um diálogo entre Anakin e Yoda, logo no início do filme, que explica muita coisa. O garoto conta ao ancião que sonha com a morte de alguém próximo. Yoda responde que não se deve antecipar a dor e que a morte é algo natural, acontecerá com todos. Anakin não se conforma em perder outro alguém que ama.
Ou seja, CLARO que Anakin era muito ambicioso e gostaria de mandar no universo inteiro, caso pudesse. Mas, a base de todos os seus ensinamentos se mostra falha quando ele mais precisa de fundamentos. Como se ele descobrisse que, se todos são factíveis de erro, então é melhor ficar com aquele que lhe traz mais vantagens. Poucos diriam que ele está errado...
sexta-feira, 20 de maio de 2005
Provavelmente um dos mais MEMORÁVEIS clipes de todos os tempos. Quase com certeza, um dos mais divertidos.
O substituto natural
Junte informações:
1) Fidel expulsou uma galera (jornalistas e políticos europeus) da sua ilha.
2) Terminou a reunião do IDC - Internacional Democrática de Centro - que ocorreu pela primeira vez no Brasil. Curiosidade sobre a tal reunião: partidos como PFL são considerados de centro. O ex-primeiro-ministro da Espanha, o conservador José Maria Aznar, também.
A pauta de ontem foi "O avanço do populismo na América Latina". Principal homem a ser observado de perto: Hugo Chavez. A de anteontem, a redemocratização de Cuba.
ps. Internacional, pensei que fosse apenas a comunista...
ps2. Não há mais divisão de esquerda e direita. Tá tudo uma bagunça. Mas, Jorge Bornhausen posando de "centro" é complicado. Imagino o renda per capita das reuniões...
Junte informações:
1) Fidel expulsou uma galera (jornalistas e políticos europeus) da sua ilha.
2) Terminou a reunião do IDC - Internacional Democrática de Centro - que ocorreu pela primeira vez no Brasil. Curiosidade sobre a tal reunião: partidos como PFL são considerados de centro. O ex-primeiro-ministro da Espanha, o conservador José Maria Aznar, também.
A pauta de ontem foi "O avanço do populismo na América Latina". Principal homem a ser observado de perto: Hugo Chavez. A de anteontem, a redemocratização de Cuba.
ps. Internacional, pensei que fosse apenas a comunista...
ps2. Não há mais divisão de esquerda e direita. Tá tudo uma bagunça. Mas, Jorge Bornhausen posando de "centro" é complicado. Imagino o renda per capita das reuniões...
Dupla Fatalidade
Considero-me um sujeito extremamente tranqüilo com relação à morte. Mas não posso deixar de notar uma sinistra coincidência no acidente que ocorreu no Paraná, na terça-feira. Um ônibus lotado de jogadores de handebol bate de frente com outro de turismo, que vinha em direção contrária.
Até aí, nada demais, já que acidentes desse tipo acontecem com certa freqüência. Não há como prever ou qualificar. É um fato simples. Triste para aqueles que sentiram saudades dos jogadores que morreram. Triste para aqueles que temem a morte. Indiferente para mim, já que entendo o óbvio: morrer é inevitável.
Há no caso, porém, um fato extremamente inusitado e sinistro. Um dos garotos sobreviveu ao acidente, conseguiu sair do ônibus, com o intuito de pedir ajuda na estrada e, porque estava tudo apagado, sem luz na estrada, foi atropelado. Morreu hoje.
Se pensássemos em metafísica, poderíamos sugerir que era realmente a hora dele. Ele tentou sobreviver, mas não foi possível. Apesar de me considerar bem resolvido com o assunto, confesso que fiquei deveras chocado.
A notícia boa é que a família de Wilian Vagner, de 19 anos, já doou os órgãos do garoto. Encararam a morte como a obviedade que ela precisa: deve-se recomeçar.
Considero-me um sujeito extremamente tranqüilo com relação à morte. Mas não posso deixar de notar uma sinistra coincidência no acidente que ocorreu no Paraná, na terça-feira. Um ônibus lotado de jogadores de handebol bate de frente com outro de turismo, que vinha em direção contrária.
Até aí, nada demais, já que acidentes desse tipo acontecem com certa freqüência. Não há como prever ou qualificar. É um fato simples. Triste para aqueles que sentiram saudades dos jogadores que morreram. Triste para aqueles que temem a morte. Indiferente para mim, já que entendo o óbvio: morrer é inevitável.
Há no caso, porém, um fato extremamente inusitado e sinistro. Um dos garotos sobreviveu ao acidente, conseguiu sair do ônibus, com o intuito de pedir ajuda na estrada e, porque estava tudo apagado, sem luz na estrada, foi atropelado. Morreu hoje.
Se pensássemos em metafísica, poderíamos sugerir que era realmente a hora dele. Ele tentou sobreviver, mas não foi possível. Apesar de me considerar bem resolvido com o assunto, confesso que fiquei deveras chocado.
A notícia boa é que a família de Wilian Vagner, de 19 anos, já doou os órgãos do garoto. Encararam a morte como a obviedade que ela precisa: deve-se recomeçar.
quarta-feira, 18 de maio de 2005
Seleção sub-18
O que será escrito é uma impressão superficial. E, por isso mesmo, na minha opinião, válida. Não é um tratado sobre o assunto, nem precisou de uma imensa pesquisa. Apenas passeei por uma manhã aleatoriamente pelos pavilhões do Riocentro na Bienal dos Livros. E a minha conclusão é simples: encontrei poucas coisas interessantes.
Livros sempre com preços de livrarias, títulos comuns, poucos lançamentos e, principalmente, uma proliferação enorme de estandes para crianças e adolescentes. Essas são as principais características da bienal, sem juízo de valor.
Até mesmo o sentimento de tristeza, ante a impossibilidade de comprar tudo o que vc quer, não me atingiu. Só o tive uma única vez. Foi na Taschen. Também pudera: livros sobre grandes cineastas (Truffaut, Hitchcock, Billie Wilder, Kubrick) com fotos e comentários de TODA a filmografia; livros sobre pintores famosos com descrição de toda a carreira; livros sobre fotos, design... TODOS em promoção. Mesmo assim, fora do meu padrão financeiro. O mais barato era um capa mole por 3o pratas. Infelizmente, minha conta corrente me impede de consumir.
Meus camaradas ainda se divertiram quando entraram na Devir, mas já não era a minha praia.
Afora isso, nada demais. O estande do Sesc merece elogios (recriaram os pilares da Praça Mauá, onde o Profeta Gentileza - link mequetrefe - escrevia os seus recados), mas creio que a Bienal deve existir além dessas capas.
Talvez o problema seja eu, que fiquei mais velho e não tenho mais paciência de GARIMPAR em TRÊS pavilhões algumas pechinchas ou objetos obscuros do desejo. Talvez o clima seja esse mesmo, o do oba-oba. Ou talvez essa seja apenas uma visão superficial demais.
O que será escrito é uma impressão superficial. E, por isso mesmo, na minha opinião, válida. Não é um tratado sobre o assunto, nem precisou de uma imensa pesquisa. Apenas passeei por uma manhã aleatoriamente pelos pavilhões do Riocentro na Bienal dos Livros. E a minha conclusão é simples: encontrei poucas coisas interessantes.
Livros sempre com preços de livrarias, títulos comuns, poucos lançamentos e, principalmente, uma proliferação enorme de estandes para crianças e adolescentes. Essas são as principais características da bienal, sem juízo de valor.
Até mesmo o sentimento de tristeza, ante a impossibilidade de comprar tudo o que vc quer, não me atingiu. Só o tive uma única vez. Foi na Taschen. Também pudera: livros sobre grandes cineastas (Truffaut, Hitchcock, Billie Wilder, Kubrick) com fotos e comentários de TODA a filmografia; livros sobre pintores famosos com descrição de toda a carreira; livros sobre fotos, design... TODOS em promoção. Mesmo assim, fora do meu padrão financeiro. O mais barato era um capa mole por 3o pratas. Infelizmente, minha conta corrente me impede de consumir.
Meus camaradas ainda se divertiram quando entraram na Devir, mas já não era a minha praia.
Afora isso, nada demais. O estande do Sesc merece elogios (recriaram os pilares da Praça Mauá, onde o Profeta Gentileza - link mequetrefe - escrevia os seus recados), mas creio que a Bienal deve existir além dessas capas.
Talvez o problema seja eu, que fiquei mais velho e não tenho mais paciência de GARIMPAR em TRÊS pavilhões algumas pechinchas ou objetos obscuros do desejo. Talvez o clima seja esse mesmo, o do oba-oba. Ou talvez essa seja apenas uma visão superficial demais.
terça-feira, 17 de maio de 2005
Vê se ficou igual (saca a subida de tom na segunda estrofe):
pã-pã-pã-põ-pãrã-põ-pãrã - pãn-pãn-pãn-pãããn-pãrã-pã-pãrã
pã-pã-pã-põ-pãrã-põ-pãrã - pãn-pãn-pãn-pãããn-pãrã-pã-pãrã
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa
Ou foi feito por alguém extremamente inexperiente, ou vai ser usado como boi de piranha. Uma das reinvidicações dos sem-terra feitas ao presidente Lula é a retirada das tropas americanas no Iraque. Não, fui pouco claro. Eles, os sem-terra, pedem que o presidente brasileiro chegue para o colega Bush e EXIJA que os marines saiam lá do Golfo Pérsico.
Tudo bem que a esquerda brasileira foi sempre da paz, contra os americanos, mas, o que é que a independência do Iraque - inclusive agora, depois de estar completamente destruído - tem a ver com a política de assentamento no Brasil? Será que fui eu que não entendi?
Ou foi feito por alguém extremamente inexperiente, ou vai ser usado como boi de piranha. Uma das reinvidicações dos sem-terra feitas ao presidente Lula é a retirada das tropas americanas no Iraque. Não, fui pouco claro. Eles, os sem-terra, pedem que o presidente brasileiro chegue para o colega Bush e EXIJA que os marines saiam lá do Golfo Pérsico.
Tudo bem que a esquerda brasileira foi sempre da paz, contra os americanos, mas, o que é que a independência do Iraque - inclusive agora, depois de estar completamente destruído - tem a ver com a política de assentamento no Brasil? Será que fui eu que não entendi?
segunda-feira, 16 de maio de 2005
O país que sabia português
Há algumas colunas, Élio Gaspari criticou o Ministro da Saúde Humberto Costa que, ao se referir às mortes de crianças índias, saiu-se com algo desse gênero: o número (de óbitos) está dentro da estatística. Gaspari está certo. O ministro foi infeliz em associar a informação fria (dos números) com a carregada de emoção (as mortes). Soa, no mínimo, indelicado.
Hoje nos jornais está o seguinte: no Paraná, um jovem morreu depois de apanhar muito de policiais. O chefe de polícia, num lapso, soltou que o incidente era "acidente de trabalho". Foi despedido.
Fica uma pergunta: o comandante da Polícia Militar de Londrina, major Manuel da Cruz Neto, foi afastado do cargo porque deu a declaração ou porque deixou que tal absurdo acontecesse? Não está claro.
Autoridades públicas devem ter cuidado com o que falam, claro. Vide os deslizes semanais do presidente Lula e como ele vergonha quem o escuta. Mas eles seriam, assim, tão importantes?
O incentivo é pela clareza, sempre, mas me deu a impressão que o dito é mais considerado que o feito. Como se uma palavra fosse mais importante que mil ações.
Há algumas colunas, Élio Gaspari criticou o Ministro da Saúde Humberto Costa que, ao se referir às mortes de crianças índias, saiu-se com algo desse gênero: o número (de óbitos) está dentro da estatística. Gaspari está certo. O ministro foi infeliz em associar a informação fria (dos números) com a carregada de emoção (as mortes). Soa, no mínimo, indelicado.
Hoje nos jornais está o seguinte: no Paraná, um jovem morreu depois de apanhar muito de policiais. O chefe de polícia, num lapso, soltou que o incidente era "acidente de trabalho". Foi despedido.
Fica uma pergunta: o comandante da Polícia Militar de Londrina, major Manuel da Cruz Neto, foi afastado do cargo porque deu a declaração ou porque deixou que tal absurdo acontecesse? Não está claro.
Autoridades públicas devem ter cuidado com o que falam, claro. Vide os deslizes semanais do presidente Lula e como ele vergonha quem o escuta. Mas eles seriam, assim, tão importantes?
O incentivo é pela clareza, sempre, mas me deu a impressão que o dito é mais considerado que o feito. Como se uma palavra fosse mais importante que mil ações.
sexta-feira, 13 de maio de 2005
Diálogos soltos
cena 1 - exterior / noite - mesa de festa de criança, barulho, muita cerveja consumida
M - o meu nome sempre quis dizer para mim "origem italiana".
R - ah, se vc quiser saber o significado, eu olho para vc no dicionário.
M - como assim?
R - eu estou estudando italiano agora e comprei um dicionário de português x italiano.
M - mô, ouviu isso, agora R é filósofo.
cena 2 - exterior / noite - fim de festa, mesas vazias, silêncio, muita cerveja consumida
R - deve ser muito monótono ser anestesista, né?
V - exatamente.
R - fica lá, faz a anestesia e tem que esperar toda a operação acabar. Deve ser bem repetitivo.
V - Isso, bem repetitivo também. É, como eu posso dizer, é muito nostálgico.
cena 1 - exterior / noite - mesa de festa de criança, barulho, muita cerveja consumida
M - o meu nome sempre quis dizer para mim "origem italiana".
R - ah, se vc quiser saber o significado, eu olho para vc no dicionário.
M - como assim?
R - eu estou estudando italiano agora e comprei um dicionário de português x italiano.
M - mô, ouviu isso, agora R é filósofo.
cena 2 - exterior / noite - fim de festa, mesas vazias, silêncio, muita cerveja consumida
R - deve ser muito monótono ser anestesista, né?
V - exatamente.
R - fica lá, faz a anestesia e tem que esperar toda a operação acabar. Deve ser bem repetitivo.
V - Isso, bem repetitivo também. É, como eu posso dizer, é muito nostálgico.
quarta-feira, 11 de maio de 2005
Mudança de ares
Bush deve estar pensando seriamente em se candidatar a qualquer cargo público na Geórgia, o país, não o estado. Também pudera. Chegou ontem até a mexer o esqueleto ao som da música típica local. Hoje foi aclamado em praça pública por milhares (disseram 100 mil) de pessoas. Tudo porque o país viveu sob a ditadura comunista por todo o período da URSS, depois, ao invés de entrar nas benesses do capitalismo, caiu numa ditadura "livre", mas também de cunho socialista. Os EUA, num ato de caridade, resolveram ajudar a república na sua própria independência e, depois, contra a independência de duas regiões separatistas pró-Rússia. Também tem um dedo de boa-vontade despretensiosa dos americanos na retirada das bases da ex-União Soviética, atual Rússia, do território geórgio.E nada a ver com o oleoduto que passa por dentro do país, também patrocinado pelos americanos, que "liga o Mar Cáspio aos mercados mundiais".Como se vê, tudo na camaradagem, sem nenhum interesse. De ambos os lados.
Bush deve estar pensando seriamente em se candidatar a qualquer cargo público na Geórgia, o país, não o estado. Também pudera. Chegou ontem até a mexer o esqueleto ao som da música típica local. Hoje foi aclamado em praça pública por milhares (disseram 100 mil) de pessoas. Tudo porque o país viveu sob a ditadura comunista por todo o período da URSS, depois, ao invés de entrar nas benesses do capitalismo, caiu numa ditadura "livre", mas também de cunho socialista. Os EUA, num ato de caridade, resolveram ajudar a república na sua própria independência e, depois, contra a independência de duas regiões separatistas pró-Rússia. Também tem um dedo de boa-vontade despretensiosa dos americanos na retirada das bases da ex-União Soviética, atual Rússia, do território geórgio.E nada a ver com o oleoduto que passa por dentro do país, também patrocinado pelos americanos, que "liga o Mar Cáspio aos mercados mundiais".Como se vê, tudo na camaradagem, sem nenhum interesse. De ambos os lados.
Se essa moda pega...
Imaginem um show surpresa de qualquer banda brasileira, digamos, um Paralamas do Sucesso, na Avenida Paulista? Ou, na Rio Branco? Ou, se os organizadores têm um pouco de bom senso, se colocam na Praia do Flamengo aqui e no seu correspondente lá em São Paulo? Imaginem o nó no trânsito que isso acarretaria? (como se eventos de qualquer porte fossem necessários para causar já engarrafamentos de tirar qualquer humor). Ainda bem que não temos a pretensão de copiar os gringos nessa hora. Ou será que não?
Imaginem um show surpresa de qualquer banda brasileira, digamos, um Paralamas do Sucesso, na Avenida Paulista? Ou, na Rio Branco? Ou, se os organizadores têm um pouco de bom senso, se colocam na Praia do Flamengo aqui e no seu correspondente lá em São Paulo? Imaginem o nó no trânsito que isso acarretaria? (como se eventos de qualquer porte fossem necessários para causar já engarrafamentos de tirar qualquer humor). Ainda bem que não temos a pretensão de copiar os gringos nessa hora. Ou será que não?
domingo, 8 de maio de 2005
Literatura como um jogo
O que é literatura? O que se pode chamar literatura? Como definir um texto como literário? Felizmente não há como responder tais questões, podemos apenas elocubrar sobre o assunto, ou criar artifícios metafóricos que querem dizer tudo e nada ao mesmo tempo - o que seria metalinguagem. A verdade, por mais curiosa que seja, é: não é possível saber à exatidão o que é feito tal arte - aliás, problema este que atinge todas as suas outras seis companheiras.
Entretanto, é possível sugerir uma forma de encarar a literatura. Talvez não toda a literatura, mas ao menos uma boa parcela dela. Seria como uma brincadeira de detetive, onde você deve encontrar o todo a partir das pistas deixadas para trás pelo escritor.
É inegável que a imensa maioria dos escritores lê absurdamente. Por conseguinte, é possível encontrar detalhes de suas próprias leituras no escritos deixados. Dito assim, pode parecer extremamente louco. E é, um pouco.
Nesse caso, a literatura não "serve" para agradar, chocar, fazer rir, chorar ou qualquer outra emoção. Mas para encontrar detalhes escondidos, frases perdidas, particularidades irreconhecíveis. Não é cair numa busca exagerada de significações, porque talvez vc vai encontrar mais sentido que aqueles propostos pelo próprio autor. Ou isso mesmo. Criar em cima do que o escritor deixou, interpretando de todas as formas possíveis um mesmo escrito. A humanidade faz isso há séculos, vide a bíblia e a quantidade de religiões que se originaram.
Decifrar os gostos de um escritor é conhecê-lo melhor. Saber que ele gosta de um tipo específico de literatura, supor como ele pensa, antecipá-lo. Pense num escritor e sempre haverá o seu mentor literário. Ou fontes de onde ele retira - mesmo sem perceber - alguns de seus mais profundos insights.
Essa idéia, como todas, não é minha. Li algo parecido numa entrevista do escritor angolano José Eduardo Agualusa para o segundo caderno. Antes, contudo, já tinha reparado que alguns escritores consagrados adoram deixar pistas por toda a sua obra. Joyce, Borges, esse povinho. Dizem, por exemplo, que para ler o "Ulisses" é aconselhável o acompanhamento de uma bula.
Tive essa comprovação - de literatura encarada como um jogo - ao comprar um livro do argentino supracitado, escrito a quatro mãos com Bioy Casares. É uma coleção de textos de um crítico fictício de arte que mete o malho na grande maioria das modas artísticas - estas também apócrifas. Apesar de ser tudo inventado, todas as crônicas - fui informado pelo prefácio - são recheadas de referências, principalmente da época. O dito cujo chama-se "Crônicas de Busto Domecq". Talvez isso explique porque o protagonista do primeiro romance do Luis Fernando Veríssimo chame-se Macieira.
O que é literatura? O que se pode chamar literatura? Como definir um texto como literário? Felizmente não há como responder tais questões, podemos apenas elocubrar sobre o assunto, ou criar artifícios metafóricos que querem dizer tudo e nada ao mesmo tempo - o que seria metalinguagem. A verdade, por mais curiosa que seja, é: não é possível saber à exatidão o que é feito tal arte - aliás, problema este que atinge todas as suas outras seis companheiras.
Entretanto, é possível sugerir uma forma de encarar a literatura. Talvez não toda a literatura, mas ao menos uma boa parcela dela. Seria como uma brincadeira de detetive, onde você deve encontrar o todo a partir das pistas deixadas para trás pelo escritor.
É inegável que a imensa maioria dos escritores lê absurdamente. Por conseguinte, é possível encontrar detalhes de suas próprias leituras no escritos deixados. Dito assim, pode parecer extremamente louco. E é, um pouco.
Nesse caso, a literatura não "serve" para agradar, chocar, fazer rir, chorar ou qualquer outra emoção. Mas para encontrar detalhes escondidos, frases perdidas, particularidades irreconhecíveis. Não é cair numa busca exagerada de significações, porque talvez vc vai encontrar mais sentido que aqueles propostos pelo próprio autor. Ou isso mesmo. Criar em cima do que o escritor deixou, interpretando de todas as formas possíveis um mesmo escrito. A humanidade faz isso há séculos, vide a bíblia e a quantidade de religiões que se originaram.
Decifrar os gostos de um escritor é conhecê-lo melhor. Saber que ele gosta de um tipo específico de literatura, supor como ele pensa, antecipá-lo. Pense num escritor e sempre haverá o seu mentor literário. Ou fontes de onde ele retira - mesmo sem perceber - alguns de seus mais profundos insights.
Essa idéia, como todas, não é minha. Li algo parecido numa entrevista do escritor angolano José Eduardo Agualusa para o segundo caderno. Antes, contudo, já tinha reparado que alguns escritores consagrados adoram deixar pistas por toda a sua obra. Joyce, Borges, esse povinho. Dizem, por exemplo, que para ler o "Ulisses" é aconselhável o acompanhamento de uma bula.
Tive essa comprovação - de literatura encarada como um jogo - ao comprar um livro do argentino supracitado, escrito a quatro mãos com Bioy Casares. É uma coleção de textos de um crítico fictício de arte que mete o malho na grande maioria das modas artísticas - estas também apócrifas. Apesar de ser tudo inventado, todas as crônicas - fui informado pelo prefácio - são recheadas de referências, principalmente da época. O dito cujo chama-se "Crônicas de Busto Domecq". Talvez isso explique porque o protagonista do primeiro romance do Luis Fernando Veríssimo chame-se Macieira.
terça-feira, 3 de maio de 2005
não sei porque escrevo isso. parece-me algo banal, bobo, sem motivos. parece-me pequeno, quando o que eu tenho que me preocupar são as ''grandes questões''. talvez escreva porque me parece estranho lembrar disso. eu que sempre me lembro basicamente das minhas tristezas. tento rever antigas tristezas para entender as atuais. estou acostumado assim. só me lembro de infelicidades. ou só me lembrava. ultimamente deu para eu me lembrar de algumas coisas sem importância. que ninguém conseguiria entender o porque eu me lembro. essas coisas sem importância me deram uma felicidade sem motivo. tento racionalizar de onde veio aquele sorriso no meu rosto e não entendo. é por isso que eu não escrevo sobre as minhas felicidades. elas não são facilmente entendíveis. talvez não devem ser entendidas. talvez o mundo seja mais interessante quando não for mais entendido, mas apenas sentido. senti-me feliz nessa hora. não culpo ninguém se não entender. eu não entenderia.
essa introdução deveria levar para um sábado chuvoso qualquer. um sábado que marquei com amigos em um bar de péssima qualidade. esse ano, ao contrário dos anteriores, estava mais seguro. incrível. tudo porque confio nela. confio no que sinto por ela e confio no que ela sente por mim. pela primeira vez em minha vida.
assim, de madrugada, quando ela acordou sobressaltada, assustada com a chuva, preocupada com o carro lá fora, com medo dele estar boiando pela vala que é a minha rua, percebi que deveria acompanhá-la. não porque era o certo a fazer, mas porque estar com ela é a coisa mais prazerosa que eu já experimentei.mas não era isso que eu queria dizer. nem que, na manhã seguinte, quando fiz o café para ela, não pensei que estava fazendo algo por ela, ou por mim. era automático. era uma alegria que eu sentia. era um querer estar junto. um estar junto para sempre.
o que eu queria dizer é que até a coisa mais banal do mundo, como ir a uma sorveteria com ela, escolher os sabores, sentar num banquinho, e ficar olhando um para o outro, até isso não sai da minha cabeça. lembro os pormenores. revivo cada segundo com ela. nós dois, sentados, ela com o de creme, eu com um sabor exótico. eu brincando com ela dizendo que o meu era melhor que o dela, ela devolvendo dizendo que gostou mesmo foi o de maracujá. passion fruit, penso.
não sei porque essas coisas não saem da minha cabeça. isso nunca aconteceu antes. nunca.
essa introdução deveria levar para um sábado chuvoso qualquer. um sábado que marquei com amigos em um bar de péssima qualidade. esse ano, ao contrário dos anteriores, estava mais seguro. incrível. tudo porque confio nela. confio no que sinto por ela e confio no que ela sente por mim. pela primeira vez em minha vida.
assim, de madrugada, quando ela acordou sobressaltada, assustada com a chuva, preocupada com o carro lá fora, com medo dele estar boiando pela vala que é a minha rua, percebi que deveria acompanhá-la. não porque era o certo a fazer, mas porque estar com ela é a coisa mais prazerosa que eu já experimentei.mas não era isso que eu queria dizer. nem que, na manhã seguinte, quando fiz o café para ela, não pensei que estava fazendo algo por ela, ou por mim. era automático. era uma alegria que eu sentia. era um querer estar junto. um estar junto para sempre.
o que eu queria dizer é que até a coisa mais banal do mundo, como ir a uma sorveteria com ela, escolher os sabores, sentar num banquinho, e ficar olhando um para o outro, até isso não sai da minha cabeça. lembro os pormenores. revivo cada segundo com ela. nós dois, sentados, ela com o de creme, eu com um sabor exótico. eu brincando com ela dizendo que o meu era melhor que o dela, ela devolvendo dizendo que gostou mesmo foi o de maracujá. passion fruit, penso.
não sei porque essas coisas não saem da minha cabeça. isso nunca aconteceu antes. nunca.
Assinar:
Postagens (Atom)