não sei porque escrevo isso. parece-me algo banal, bobo, sem motivos. parece-me pequeno, quando o que eu tenho que me preocupar são as ''grandes questões''. talvez escreva porque me parece estranho lembrar disso. eu que sempre me lembro basicamente das minhas tristezas. tento rever antigas tristezas para entender as atuais. estou acostumado assim. só me lembro de infelicidades. ou só me lembrava. ultimamente deu para eu me lembrar de algumas coisas sem importância. que ninguém conseguiria entender o porque eu me lembro. essas coisas sem importância me deram uma felicidade sem motivo. tento racionalizar de onde veio aquele sorriso no meu rosto e não entendo. é por isso que eu não escrevo sobre as minhas felicidades. elas não são facilmente entendíveis. talvez não devem ser entendidas. talvez o mundo seja mais interessante quando não for mais entendido, mas apenas sentido. senti-me feliz nessa hora. não culpo ninguém se não entender. eu não entenderia.
essa introdução deveria levar para um sábado chuvoso qualquer. um sábado que marquei com amigos em um bar de péssima qualidade. esse ano, ao contrário dos anteriores, estava mais seguro. incrível. tudo porque confio nela. confio no que sinto por ela e confio no que ela sente por mim. pela primeira vez em minha vida.
assim, de madrugada, quando ela acordou sobressaltada, assustada com a chuva, preocupada com o carro lá fora, com medo dele estar boiando pela vala que é a minha rua, percebi que deveria acompanhá-la. não porque era o certo a fazer, mas porque estar com ela é a coisa mais prazerosa que eu já experimentei.mas não era isso que eu queria dizer. nem que, na manhã seguinte, quando fiz o café para ela, não pensei que estava fazendo algo por ela, ou por mim. era automático. era uma alegria que eu sentia. era um querer estar junto. um estar junto para sempre.
o que eu queria dizer é que até a coisa mais banal do mundo, como ir a uma sorveteria com ela, escolher os sabores, sentar num banquinho, e ficar olhando um para o outro, até isso não sai da minha cabeça. lembro os pormenores. revivo cada segundo com ela. nós dois, sentados, ela com o de creme, eu com um sabor exótico. eu brincando com ela dizendo que o meu era melhor que o dela, ela devolvendo dizendo que gostou mesmo foi o de maracujá. passion fruit, penso.
não sei porque essas coisas não saem da minha cabeça. isso nunca aconteceu antes. nunca.
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