Dupla Fatalidade
Considero-me um sujeito extremamente tranqüilo com relação à morte. Mas não posso deixar de notar uma sinistra coincidência no acidente que ocorreu no Paraná, na terça-feira. Um ônibus lotado de jogadores de handebol bate de frente com outro de turismo, que vinha em direção contrária.
Até aí, nada demais, já que acidentes desse tipo acontecem com certa freqüência. Não há como prever ou qualificar. É um fato simples. Triste para aqueles que sentiram saudades dos jogadores que morreram. Triste para aqueles que temem a morte. Indiferente para mim, já que entendo o óbvio: morrer é inevitável.
Há no caso, porém, um fato extremamente inusitado e sinistro. Um dos garotos sobreviveu ao acidente, conseguiu sair do ônibus, com o intuito de pedir ajuda na estrada e, porque estava tudo apagado, sem luz na estrada, foi atropelado. Morreu hoje.
Se pensássemos em metafísica, poderíamos sugerir que era realmente a hora dele. Ele tentou sobreviver, mas não foi possível. Apesar de me considerar bem resolvido com o assunto, confesso que fiquei deveras chocado.
A notícia boa é que a família de Wilian Vagner, de 19 anos, já doou os órgãos do garoto. Encararam a morte como a obviedade que ela precisa: deve-se recomeçar.
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