Sem hipérboles
Quando digo que o Google vai dominar o mundo, não é exagero.
terça-feira, 30 de agosto de 2005
Rio 40 graus - literalmente
Um amigo meu sintetizou perfeitamente: o Rio não tem inverno. Tem verão com frentes frias esparças. Mas este agosto exagerou. Hoje "O Globo" estampou um termômetro em Copacabana marcando 45º.
Para completar, estava eu voltando da praia, aproveitando o meu único dia de folga, quando escuto estampidos. Pensei: moro aqui há anos e nunca escutei tiros. Depois descubro que, depois que a velhinha da Ladeira dos Tabajaras divulgou as imagens que ela vinha registrando há dois anos do morro, os traficantes locais se mudaram para o Dona Marta. E, pior, estão muito ciosos do relacionamento com os policiais. A "comunidade" de Botafogo, conhecida por ser razoavelmente seguro, tranqüilo, sem tiroteios (o último foi ainda na gestão do Marcinho VP, o abusado), então se viu no meio de troca de tiros e até o posto de gasolina, ali na São Clemente, do outro lado da pracinha, foi atingido.
Além disso, cinco pessoas também foram baleadas. Entre elas, a repórter da Band Rio Nadja Haddad, natural de Nova Iguaçu, uma das paixões de um grande amigo meu de lá, o Zé, quando ele tinha uns 13, 14 anos. A última informação que tive dela era que estava internada no CTI e seu estado ainda era perigoso.
Esse troço de violência está me enchendo o saco.
Um amigo meu sintetizou perfeitamente: o Rio não tem inverno. Tem verão com frentes frias esparças. Mas este agosto exagerou. Hoje "O Globo" estampou um termômetro em Copacabana marcando 45º.
Para completar, estava eu voltando da praia, aproveitando o meu único dia de folga, quando escuto estampidos. Pensei: moro aqui há anos e nunca escutei tiros. Depois descubro que, depois que a velhinha da Ladeira dos Tabajaras divulgou as imagens que ela vinha registrando há dois anos do morro, os traficantes locais se mudaram para o Dona Marta. E, pior, estão muito ciosos do relacionamento com os policiais. A "comunidade" de Botafogo, conhecida por ser razoavelmente seguro, tranqüilo, sem tiroteios (o último foi ainda na gestão do Marcinho VP, o abusado), então se viu no meio de troca de tiros e até o posto de gasolina, ali na São Clemente, do outro lado da pracinha, foi atingido.
Além disso, cinco pessoas também foram baleadas. Entre elas, a repórter da Band Rio Nadja Haddad, natural de Nova Iguaçu, uma das paixões de um grande amigo meu de lá, o Zé, quando ele tinha uns 13, 14 anos. A última informação que tive dela era que estava internada no CTI e seu estado ainda era perigoso.
Esse troço de violência está me enchendo o saco.
terça-feira, 23 de agosto de 2005
Mania nacional
Em Rondônia, a Polícia Federal prendeu dois índios cintas-largas que levavam cerca de oitenta diamantes brutos dentro das cuecas. A identidade deles não foi revelada. Também foi preso o garimpeiro Francisco Felício Barros. As pedras saíram da reserva Roosevelt, onde 29 garimpeiros foram massacrados pelos índios, em abril do ano passado.
Em Rondônia, a Polícia Federal prendeu dois índios cintas-largas que levavam cerca de oitenta diamantes brutos dentro das cuecas. A identidade deles não foi revelada. Também foi preso o garimpeiro Francisco Felício Barros. As pedras saíram da reserva Roosevelt, onde 29 garimpeiros foram massacrados pelos índios, em abril do ano passado.
sexta-feira, 19 de agosto de 2005
Etapas
Um dos momentos mais esperados dos últimos tempos. Aquele que eu sonhei acordado, não porque vislumbrava as vantagens, mas porque queria distância dos problemas que vinham me acarretando. Um gesto quase metafórico. Uma troca de olhar entre mim e minha irmã, um sorriso de cumplicidade na hora que o corretor disse: "então, posso tirar a placa de 'vende-se'?". Respondemos, depois de nos entreolharmos, em uníssono: "pode". Ele caminhou para a janela, todos o acompanhamos, abriu-as, retirou uma das cordas, arrebentou a segunda e tudo havia acabado. Todo o sofrimento findara-se ali.
Agora, começa outro, de outro tipo.
Um dos momentos mais esperados dos últimos tempos. Aquele que eu sonhei acordado, não porque vislumbrava as vantagens, mas porque queria distância dos problemas que vinham me acarretando. Um gesto quase metafórico. Uma troca de olhar entre mim e minha irmã, um sorriso de cumplicidade na hora que o corretor disse: "então, posso tirar a placa de 'vende-se'?". Respondemos, depois de nos entreolharmos, em uníssono: "pode". Ele caminhou para a janela, todos o acompanhamos, abriu-as, retirou uma das cordas, arrebentou a segunda e tudo havia acabado. Todo o sofrimento findara-se ali.
Agora, começa outro, de outro tipo.
quinta-feira, 18 de agosto de 2005
Coincidências (em aforismos)
sabia que, talvez, Sócrates nunca tenha existido?
ele pode ter sido uma invenção de seus discípulos...
acho essa história MUITO boa
aliás 2, Platão, talvez, nunca quis ser filósofo, mas "apenas" dramaturgo
tive um professor que defendia a seguinte tese sobre Platão
antes dele, dramaturgos era conhecidíssimos, tipo pop star na grécia
e ele resolveu inventar o tal do sócrates, para ser sua principal personagem
então, em TODOS os livros de platão, quem fala é Sócrates, nunca Platão
e eles são diálogos, como peças de teatro
e a construção dos diálogos é parecida com a de teatro
ele dá a localização, quem participa das conversas, etc etc etc
dá para ser encenada, só que seria MUITO lenta e extremamente chata
é melhor ser lida
acho muito curioso pensar que um dos maiores filósofos da história pode não ter tido essa idéia
o cara se transformou em filósofo à revelia
dá para se fazer um paralelo aqui com o JC
que fundou uma religião à revelia
e também pode ser comparado com sócrates, já que NUNCA escreveu nada
vc nem sabe se ele existiu
mas é algo tão entranhado na cabeça das pessoas que ninguém titubeia que ele viveu, morreu na cruz e reviveu dois dias depois
a história, aliás, do JC é MUITO boa
Sócrates também tem momentos de angústia
JC teve muitos mais testemunhos
para começar, ele teve doze apóstolos, dos quais, quatro escreveram sobre ele
não é parecido? Sócrates e Jesus tiveram discípulos
ambos não escreveram nada
me fale outro professor conhecido da antiguidade que não escreveu nada e até hoje é lembrado
que morreu drasticamente - Sócrates se matou com cicuta
se vc acredita em vida após a morte, em reencarnação, não seria curioso pensar que um pode ser o outro?
aliás, Sócrates morre porque ele se recusa a ir conversar com o chefe da pólis
então ele vai preso
e o prefeito diz: se rebaixe a mim
e ele responde: hein? Como?
"Tá de sacanagem?"
então, o prefeito manda matá-lo, mas livraria a cara dele se simplesmente ele se rebaixasse e aceitasse o prefeito. as histórias não são parecidas?
claro que Sócrates não aceitou
e preferiu, ele mesmo, tomar a cicuta
eu acho que tomava a cicuta também.
sabia que, talvez, Sócrates nunca tenha existido?
ele pode ter sido uma invenção de seus discípulos...
acho essa história MUITO boa
aliás 2, Platão, talvez, nunca quis ser filósofo, mas "apenas" dramaturgo
tive um professor que defendia a seguinte tese sobre Platão
antes dele, dramaturgos era conhecidíssimos, tipo pop star na grécia
e ele resolveu inventar o tal do sócrates, para ser sua principal personagem
então, em TODOS os livros de platão, quem fala é Sócrates, nunca Platão
e eles são diálogos, como peças de teatro
e a construção dos diálogos é parecida com a de teatro
ele dá a localização, quem participa das conversas, etc etc etc
dá para ser encenada, só que seria MUITO lenta e extremamente chata
é melhor ser lida
acho muito curioso pensar que um dos maiores filósofos da história pode não ter tido essa idéia
o cara se transformou em filósofo à revelia
dá para se fazer um paralelo aqui com o JC
que fundou uma religião à revelia
e também pode ser comparado com sócrates, já que NUNCA escreveu nada
vc nem sabe se ele existiu
mas é algo tão entranhado na cabeça das pessoas que ninguém titubeia que ele viveu, morreu na cruz e reviveu dois dias depois
a história, aliás, do JC é MUITO boa
Sócrates também tem momentos de angústia
JC teve muitos mais testemunhos
para começar, ele teve doze apóstolos, dos quais, quatro escreveram sobre ele
não é parecido? Sócrates e Jesus tiveram discípulos
ambos não escreveram nada
me fale outro professor conhecido da antiguidade que não escreveu nada e até hoje é lembrado
que morreu drasticamente - Sócrates se matou com cicuta
se vc acredita em vida após a morte, em reencarnação, não seria curioso pensar que um pode ser o outro?
aliás, Sócrates morre porque ele se recusa a ir conversar com o chefe da pólis
então ele vai preso
e o prefeito diz: se rebaixe a mim
e ele responde: hein? Como?
"Tá de sacanagem?"
então, o prefeito manda matá-lo, mas livraria a cara dele se simplesmente ele se rebaixasse e aceitasse o prefeito. as histórias não são parecidas?
claro que Sócrates não aceitou
e preferiu, ele mesmo, tomar a cicuta
eu acho que tomava a cicuta também.
quarta-feira, 17 de agosto de 2005
Gaspari
Como sempre, incisivo, simples e arrebatador: "Faz tempo que o Brasil carece de um presidente que chegue ao Planalto às oito da manhã e fique lá até as seis, cuidando do cotidiano nacional. Não será fácil, mas Lula pode tentar."
Como sempre, incisivo, simples e arrebatador: "Faz tempo que o Brasil carece de um presidente que chegue ao Planalto às oito da manhã e fique lá até as seis, cuidando do cotidiano nacional. Não será fácil, mas Lula pode tentar."
terça-feira, 16 de agosto de 2005
Frases, pequenas idéias, ótimo texto
Otto Maria Carpeaux: “Só os cínicos e os iletrados acreditam que um escritor trabalha ‘para ganhar dinheiro’. Não é verdade não. Até o fabricante mais inescrupuloso de best-sellers faz questão de ser reconhecido ou entendido, o que não é apenas um problema de vaidade”
William Faulkner (com a ajuda de Antonio Fernando Borges) sobre esses sujeitos estranhos que gostam de escrever, também conhecidos como escritores: “uma criatura arrastada por demônios”, capaz de sacrificar honra, orgulho, decência, segurança, felicidade e todo o resto para escrever seu livro: “Se um escritor tiver que roubar sua mãe, não hesitará”.
80 cupons
Não quero parecer conservador nem, muito menos, moralista. Mas, confesso que a idéia de que adolescentes e pós-adolescentes vão em festas / micaretas e afins para ficar com dez, 20, 30 pessoas diferentes me choca. Talvez esteja apenas ficando velho. Mas, lembro-me que isso era algo que me incomodava quando mais novo. Talvez por parecer absurdamente superficial um relacionamento que se resume a um beijo e poucos segundos de envolvimento, talvez porque veja nisso um sentimento de competitividade nocivo e desgastante. Talvez porque demonstre uma imaturidade de todos os jovens que simplesmente não querem crescer. Sei lá por quê.
Acabei de ler uma matéria muito boa sobre o assunto. Muito boa mesmo. Em nenhum momento é preconceituosa ou tendenciosa. Ouve os "lados", apresenta todos os argumentos, mostra um instantâneo desse tipo de relacionamento. Por isso mesmo, extremamente chocante.
Não quero parecer conservador nem, muito menos, moralista. Mas, confesso que a idéia de que adolescentes e pós-adolescentes vão em festas / micaretas e afins para ficar com dez, 20, 30 pessoas diferentes me choca. Talvez esteja apenas ficando velho. Mas, lembro-me que isso era algo que me incomodava quando mais novo. Talvez por parecer absurdamente superficial um relacionamento que se resume a um beijo e poucos segundos de envolvimento, talvez porque veja nisso um sentimento de competitividade nocivo e desgastante. Talvez porque demonstre uma imaturidade de todos os jovens que simplesmente não querem crescer. Sei lá por quê.
Acabei de ler uma matéria muito boa sobre o assunto. Muito boa mesmo. Em nenhum momento é preconceituosa ou tendenciosa. Ouve os "lados", apresenta todos os argumentos, mostra um instantâneo desse tipo de relacionamento. Por isso mesmo, extremamente chocante.
sexta-feira, 12 de agosto de 2005
Série personagens fictícios
capítulo 5: o chaveiro que amava os russos
Fui morar sozinho em 2002, num minúsculo conjugado em um prédio que tinha mais de quarenta por andar. O meu era o 316. O pequeno tamanho do imóvel não me incomodava, já que funcionava como um imenso quarto. Inclusive foi o maior dormitório que já tive e, provavelmente, o maior que terei.
Entre vários problemas dessa época, havia a solidão. Na prática, morar só, me trazia a responsabilidade de resolver todas as pequenezas da casa. Se, por exemplo, o ventilador parava de funcionar, era eu que tinha que arranjar alguém para trocar a fiação. Eu, recém-chegado, pela primeira vez longe da família e mal saído das fraldas, devia personificar o homem seguro que nunca fui. A vergonha é minha companheira desde pequeno.
Nessa época, com o intuito de me proteger do mundo, erigi um muro que me separava das outras pessoas. Culpava-os por não me entender e discriminava quem não fosse parecido comigo. O isolamento era constante. Ficava dias sem abrir a boca, sem conversar com ninguém. Qual um velho ermitão morador de áreas inabitáveis praguejava ante a ignorância alheia e me refugiava dentro de livros e escrevendo fanaticamente no meu caderno pessoal.
Um dia tive que fazer uma cópia das chaves da porta. Mas, era horrível ter que interagir com pessoas. Ouvi-las, prestar a atenção em assuntos pouquíssimos importantes para mim, me magoava porque ia de encontro com um plano pré-determinado de não contaminação com situaçõs e pessoas que considerava supérfluas. Não enxergava que poderia haver algo de bom no mundo longe da minha estante, não mesmo. Contudo, como dito acima, não tinha a quem recorrer e saí à rua procurando um desses chaveiros ordinários.
Planejara todo o diálogo para evitar surpresas. Entregaria a chave e diria: "bom dia. Por favor, o senhor poderia me informar quanto custa para fazer uma cópia dessa chave?", ele me responderia o preço e estávamos combinados. Lembro-me que vestia um moleton velho, uma pequena pelugem cobria meu rosto e calçava chinelos de dedos. Nunca me importei com a aparência. Não vejo necessidade em vestir-me com nada caro ou na moda. Considero isso o cúmulo da superficialidade.
A uma quadra da minha casa, encontro uma portinha, ao lado de um boteco malcheiroso que me fez parar: era o chaveiro. Acreditava - e ainda tenho um pouco dessa fé - que o ser humano mais sincero está nos lugares mais fétidos e podres. Eles não precisam aparentar nada, porque estão no limiar da humanidade. Ali, não há máscaras, todos são sinceros, verdadeiros, se apresentam sem censuras.
Em questão de segundos sai um sujeito de dentro do bar ainda mais maltrapilho que eu, as pernas sujas de graxa, os cabelos ensebados, a barba enorme, as roupas com buracos ou remendadas. Antes que eu dissesse qualquer coisa, ele falou num tom extremamente calmo e educado: "pois não?". Entreguei a chave e fiz a pergunta formulada, não com a segurança que tinha sido imaginada, mas entre gagueiras e sobressaltos na frase. O resto continuou como planejado e o silêncio, em poucos instantes, já imperava. Como no meu sonho.
Só que, logo após ficarmos quietos, ele me perguntou: "você gosta dos russos?". Pego assim de supetão, não soube a que russos ele se referia. "Tolstói, Dostoiéviski, Tchecov", ele me ilustra. Não, nunca tinha lido nada deles, não conhecia nada da obra, era um completo ignorante do assunto. "Eu gosto muito dos russos, eles conseguem sintetizar o que há de mais emotivo entre os homens, os seus sentimentos mais primários", eu em silêncio, escutava aquela aula sobre a literatura da Rússia, invejando o seu autor porque ele era uma espécie de arquétipo do meu ideal naquela época. Um homem que ignora a vaidade e alimenta apenas o espírito. Queria ser esse tipo de homem. Se ficasse isolado do mundo, que importa?, teria sempre os livros.
Em questão de minutos, o trabalho dele acabou e ele me pergunta quem eu gostava de ler. Não soube responder porque não tinha, como não tenho, uma nacionalidade preferida. Tenho uns autores, mas não obedecem a uma ordem. Talvez, hoje, dissesse que gosto daqueles que priorizam a trama, em detrimento dos personagens, ou seja exatamente contrário a maior característica dos conhecidos eslavos, mas os meus preferidos não obedecem a nenhum padrão geográfico, podendo ser de qualquer origem, inclusive russos.
Agradeci e fui-me embora, embasbacado. De certa forma, aquele homem aumentou a minha crença na vida, demonstrando que sempre há como se surpreender, mesmo quando você não alimenta mais nenhuma esperança. E, principalmente, tendo paciência comigo, com aquele garoto que não conhecia nenhum dos russos e, mesmo assim, insistia em olhar a humanidade de cima para baixo. Foi uma lição de humildade inesquecível.
Essa semana, voltei lá porque estava perto e precisava copiar outras chaves. Mas não encontrei o chaveiro que amava os russos.
capítulo 5: o chaveiro que amava os russos
Fui morar sozinho em 2002, num minúsculo conjugado em um prédio que tinha mais de quarenta por andar. O meu era o 316. O pequeno tamanho do imóvel não me incomodava, já que funcionava como um imenso quarto. Inclusive foi o maior dormitório que já tive e, provavelmente, o maior que terei.
Entre vários problemas dessa época, havia a solidão. Na prática, morar só, me trazia a responsabilidade de resolver todas as pequenezas da casa. Se, por exemplo, o ventilador parava de funcionar, era eu que tinha que arranjar alguém para trocar a fiação. Eu, recém-chegado, pela primeira vez longe da família e mal saído das fraldas, devia personificar o homem seguro que nunca fui. A vergonha é minha companheira desde pequeno.
Nessa época, com o intuito de me proteger do mundo, erigi um muro que me separava das outras pessoas. Culpava-os por não me entender e discriminava quem não fosse parecido comigo. O isolamento era constante. Ficava dias sem abrir a boca, sem conversar com ninguém. Qual um velho ermitão morador de áreas inabitáveis praguejava ante a ignorância alheia e me refugiava dentro de livros e escrevendo fanaticamente no meu caderno pessoal.
Um dia tive que fazer uma cópia das chaves da porta. Mas, era horrível ter que interagir com pessoas. Ouvi-las, prestar a atenção em assuntos pouquíssimos importantes para mim, me magoava porque ia de encontro com um plano pré-determinado de não contaminação com situaçõs e pessoas que considerava supérfluas. Não enxergava que poderia haver algo de bom no mundo longe da minha estante, não mesmo. Contudo, como dito acima, não tinha a quem recorrer e saí à rua procurando um desses chaveiros ordinários.
Planejara todo o diálogo para evitar surpresas. Entregaria a chave e diria: "bom dia. Por favor, o senhor poderia me informar quanto custa para fazer uma cópia dessa chave?", ele me responderia o preço e estávamos combinados. Lembro-me que vestia um moleton velho, uma pequena pelugem cobria meu rosto e calçava chinelos de dedos. Nunca me importei com a aparência. Não vejo necessidade em vestir-me com nada caro ou na moda. Considero isso o cúmulo da superficialidade.
A uma quadra da minha casa, encontro uma portinha, ao lado de um boteco malcheiroso que me fez parar: era o chaveiro. Acreditava - e ainda tenho um pouco dessa fé - que o ser humano mais sincero está nos lugares mais fétidos e podres. Eles não precisam aparentar nada, porque estão no limiar da humanidade. Ali, não há máscaras, todos são sinceros, verdadeiros, se apresentam sem censuras.
Em questão de segundos sai um sujeito de dentro do bar ainda mais maltrapilho que eu, as pernas sujas de graxa, os cabelos ensebados, a barba enorme, as roupas com buracos ou remendadas. Antes que eu dissesse qualquer coisa, ele falou num tom extremamente calmo e educado: "pois não?". Entreguei a chave e fiz a pergunta formulada, não com a segurança que tinha sido imaginada, mas entre gagueiras e sobressaltos na frase. O resto continuou como planejado e o silêncio, em poucos instantes, já imperava. Como no meu sonho.
Só que, logo após ficarmos quietos, ele me perguntou: "você gosta dos russos?". Pego assim de supetão, não soube a que russos ele se referia. "Tolstói, Dostoiéviski, Tchecov", ele me ilustra. Não, nunca tinha lido nada deles, não conhecia nada da obra, era um completo ignorante do assunto. "Eu gosto muito dos russos, eles conseguem sintetizar o que há de mais emotivo entre os homens, os seus sentimentos mais primários", eu em silêncio, escutava aquela aula sobre a literatura da Rússia, invejando o seu autor porque ele era uma espécie de arquétipo do meu ideal naquela época. Um homem que ignora a vaidade e alimenta apenas o espírito. Queria ser esse tipo de homem. Se ficasse isolado do mundo, que importa?, teria sempre os livros.
Em questão de minutos, o trabalho dele acabou e ele me pergunta quem eu gostava de ler. Não soube responder porque não tinha, como não tenho, uma nacionalidade preferida. Tenho uns autores, mas não obedecem a uma ordem. Talvez, hoje, dissesse que gosto daqueles que priorizam a trama, em detrimento dos personagens, ou seja exatamente contrário a maior característica dos conhecidos eslavos, mas os meus preferidos não obedecem a nenhum padrão geográfico, podendo ser de qualquer origem, inclusive russos.
Agradeci e fui-me embora, embasbacado. De certa forma, aquele homem aumentou a minha crença na vida, demonstrando que sempre há como se surpreender, mesmo quando você não alimenta mais nenhuma esperança. E, principalmente, tendo paciência comigo, com aquele garoto que não conhecia nenhum dos russos e, mesmo assim, insistia em olhar a humanidade de cima para baixo. Foi uma lição de humildade inesquecível.
Essa semana, voltei lá porque estava perto e precisava copiar outras chaves. Mas não encontrei o chaveiro que amava os russos.
quarta-feira, 10 de agosto de 2005
Compra-se um apartamento
Preciso de ar para respirar
paisagem para olhar
beleza para contemplar
Preciso de um pouco de espaço
bastante silêncio
e o sol da manhã, quase mormaço
Preciso do vento constante
janelas sem basculante
e visitas num instante
Preciso de calma e tranqüilidade
de uma localização privilegiada
e vizinhos e preços camaradas
Preciso de limpeza no elevador
largura no corredor
e uma dama que me dê amor
Preciso de ar para respirar
paisagem para olhar
beleza para contemplar
Preciso de um pouco de espaço
bastante silêncio
e o sol da manhã, quase mormaço
Preciso do vento constante
janelas sem basculante
e visitas num instante
Preciso de calma e tranqüilidade
de uma localização privilegiada
e vizinhos e preços camaradas
Preciso de limpeza no elevador
largura no corredor
e uma dama que me dê amor
terça-feira, 9 de agosto de 2005
Paráfrases
O complicado, no caso, é selecionar um trecho para exemplificar, já que ele é todo amarrado e representa diferentes pontos-de-vistas meus sobre o novaiorquino-mor. Vou copiá-lo salteado:
"Muita coisa se passou na vida de Woody Allen nos últimos anos (...). As implicações bergmanianas cederam então a um olhar que não tenta mais problematizar os enigmas da vida, mas sim desfrutá-los em todos os seus absurdos."
(...)
"("Anything else") É também sobre intervir nas coisas, como defende o escritor sessentão David Dobel (Allen), que nada mais é que o próprio Allen após ter aprendido a lição que sua jovem namoradinha lhe deu ao final de "Manhattan" (1979). Seu personagem, quarentão, ouvia que era impossível termos controle e certeza sobre tudo."
(...)
"A cultura não tenta agora explicar o mundo, e sim preservar a discussão das coisas, o pensamento"
(...)
"É um filme, também, de encontro entre dois tempos. Entre o Allen maturado, vulgo Dobel, e o jovem escritor Jerry Falk (Jason Biggs), seu pupilo e que ainda tenta entender o mundo como o turrão de "Manhattan". "
"Ainda que a vida aqui mantenha voláteis nossos amores e certezas, quase como num suspense, "Igual a Tudo na Vida" não é um filme distópico. Pelo contrário, é um encontro com a vida, como nos diz a bela citação que Dobel faz de Tennessee Williams: o oposto da morte é o desejo."
Paulo Santos Lima, para a Folha Ilustrada
O complicado, no caso, é selecionar um trecho para exemplificar, já que ele é todo amarrado e representa diferentes pontos-de-vistas meus sobre o novaiorquino-mor. Vou copiá-lo salteado:
"Muita coisa se passou na vida de Woody Allen nos últimos anos (...). As implicações bergmanianas cederam então a um olhar que não tenta mais problematizar os enigmas da vida, mas sim desfrutá-los em todos os seus absurdos."
(...)
"("Anything else") É também sobre intervir nas coisas, como defende o escritor sessentão David Dobel (Allen), que nada mais é que o próprio Allen após ter aprendido a lição que sua jovem namoradinha lhe deu ao final de "Manhattan" (1979). Seu personagem, quarentão, ouvia que era impossível termos controle e certeza sobre tudo."
(...)
"A cultura não tenta agora explicar o mundo, e sim preservar a discussão das coisas, o pensamento"
(...)
"É um filme, também, de encontro entre dois tempos. Entre o Allen maturado, vulgo Dobel, e o jovem escritor Jerry Falk (Jason Biggs), seu pupilo e que ainda tenta entender o mundo como o turrão de "Manhattan". "
"Ainda que a vida aqui mantenha voláteis nossos amores e certezas, quase como num suspense, "Igual a Tudo na Vida" não é um filme distópico. Pelo contrário, é um encontro com a vida, como nos diz a bela citação que Dobel faz de Tennessee Williams: o oposto da morte é o desejo."
Paulo Santos Lima, para a Folha Ilustrada
sexta-feira, 5 de agosto de 2005
Série personagens fictícios
capítulo 4: dancing along the edge
Menina tímida, quieta, Lídia sempre despertou a preocupação de seu pai. Este, nos poucos momentos em que podia ficar em casa, gostava de ir ao quarto dela e conversar um pouco. Fazer perguntas simples, saber como estava a vida, a escola, os amigos. Sentia-se um pouco intruso, já que não passava muito tempo com ela e não a conhecia profundamente. Mas, mesmo assim, insistia em fazer-lha agrados, sendo o mais natural possível, para não parecer que a estivesse comprando com migalhas.
A garota entendia o pai. Sabia de suas responsabilidades e tentava agir com naturalidade quando ele se aproximava. Para falar a verdade, encarava esses momentos como se fossem um refúgio do cotidiano opressor com a sua mãe. Via nele uma salvação, oxigênio para continuar.
Há pouco tempo, Lídia se tornara ainda mais fechada. Por iniciativa da mãe, a filha começou a se tratar com um psiquiatra amigo da família materna, que logo receitou alguns medicamentos que tiravam toda a pouca iniciativa da menina. A pequena fazia o caminho para a escola, voltava e não conseguia permanecer acordada por muito tempo em casa. Era deitar no sofá da sala que caia em sono.
E ela gostava de dormir. Assim, raciocinava, permanecia mais tempo longe de tudo. Todos os dias de manhã, quando o despertador insistia em tocar, Lídia tinha que pensar no pai para poder se levantar. Se não, dormia para sempre. Hibernaria e mesmo no maior verão possível continuaria dormindo. Por isso, focava o pensamento às 7h no pai. Não queria deixá-lo triste, o pai não merecia. Lembrava dele sentado na beira da cama, acariciando sua cabecinha, seus cabelos macios, dando um beijo antes de se retirar. Ela não teria coragem de desapontá-lo.
A aversão que Lídia sentia pela mãe piorou um determinado dia. Era de tarde, a filha contou à mãe que iria ao cinema. Mas a sessão estava lotada e, por isso, teve que voltar antes do previsto para casa. Pegou o elevador até o andar da família, caminhou vagarosamente pelo corredor longo, frio e mal-iluminado, escutando suas passadas, como se andasse em câmera-lenta. Olhava para baixo, para os próprios pés, balançava as chaves procurando a correta para abrir a porta. Chegou em frente de casa, girou a maçaneta e encontrou a mãe parada com o olhar assustado junto de um homem que nunca vira antes. Lídia não reparou no sujeito além de perceber que era grisalho. A mãe ficou estática olhando a menina, enquanto ambas empalideciam em conjunto. Se não fosse esse olhar de espanto a garota nunca desconfiaria de nada. Mas bastou que elas ficassem quietas por milésimos de segundos para Lídia entender tudo.
O pequeno coração disparou e o barulho da sístole e diástole a ensurdeceu. O grisalho se despediu cautelosamente da mãe e Lídia não tirou os olhos da mãe. Pareciam conectadas e enraizadas ali, a mãe com um olhar de raiva gelada, uma combustão fria, transferindo toda a culpa para a filha, estática, perdida com pensamentos desconexos, confusos, que não formavam nenhuma frase, não emitiam nenhuma ordem. O homem foi embora, Lídia entrou, a mãe fechou a porta.
Agora, hoje ou ontem, Lídia decidiu não tomar o remédio e teve a coragem que sempre duvidou ter. Deixou um recado para o pai na escrivaninha pedindo perdão, mas explicando-lhe que não era capaz, que não agüentava mais, era o seu limite. E foi caminhar no umbral da varanda.
capítulo 4: dancing along the edge
Menina tímida, quieta, Lídia sempre despertou a preocupação de seu pai. Este, nos poucos momentos em que podia ficar em casa, gostava de ir ao quarto dela e conversar um pouco. Fazer perguntas simples, saber como estava a vida, a escola, os amigos. Sentia-se um pouco intruso, já que não passava muito tempo com ela e não a conhecia profundamente. Mas, mesmo assim, insistia em fazer-lha agrados, sendo o mais natural possível, para não parecer que a estivesse comprando com migalhas.
A garota entendia o pai. Sabia de suas responsabilidades e tentava agir com naturalidade quando ele se aproximava. Para falar a verdade, encarava esses momentos como se fossem um refúgio do cotidiano opressor com a sua mãe. Via nele uma salvação, oxigênio para continuar.
Há pouco tempo, Lídia se tornara ainda mais fechada. Por iniciativa da mãe, a filha começou a se tratar com um psiquiatra amigo da família materna, que logo receitou alguns medicamentos que tiravam toda a pouca iniciativa da menina. A pequena fazia o caminho para a escola, voltava e não conseguia permanecer acordada por muito tempo em casa. Era deitar no sofá da sala que caia em sono.
E ela gostava de dormir. Assim, raciocinava, permanecia mais tempo longe de tudo. Todos os dias de manhã, quando o despertador insistia em tocar, Lídia tinha que pensar no pai para poder se levantar. Se não, dormia para sempre. Hibernaria e mesmo no maior verão possível continuaria dormindo. Por isso, focava o pensamento às 7h no pai. Não queria deixá-lo triste, o pai não merecia. Lembrava dele sentado na beira da cama, acariciando sua cabecinha, seus cabelos macios, dando um beijo antes de se retirar. Ela não teria coragem de desapontá-lo.
A aversão que Lídia sentia pela mãe piorou um determinado dia. Era de tarde, a filha contou à mãe que iria ao cinema. Mas a sessão estava lotada e, por isso, teve que voltar antes do previsto para casa. Pegou o elevador até o andar da família, caminhou vagarosamente pelo corredor longo, frio e mal-iluminado, escutando suas passadas, como se andasse em câmera-lenta. Olhava para baixo, para os próprios pés, balançava as chaves procurando a correta para abrir a porta. Chegou em frente de casa, girou a maçaneta e encontrou a mãe parada com o olhar assustado junto de um homem que nunca vira antes. Lídia não reparou no sujeito além de perceber que era grisalho. A mãe ficou estática olhando a menina, enquanto ambas empalideciam em conjunto. Se não fosse esse olhar de espanto a garota nunca desconfiaria de nada. Mas bastou que elas ficassem quietas por milésimos de segundos para Lídia entender tudo.
O pequeno coração disparou e o barulho da sístole e diástole a ensurdeceu. O grisalho se despediu cautelosamente da mãe e Lídia não tirou os olhos da mãe. Pareciam conectadas e enraizadas ali, a mãe com um olhar de raiva gelada, uma combustão fria, transferindo toda a culpa para a filha, estática, perdida com pensamentos desconexos, confusos, que não formavam nenhuma frase, não emitiam nenhuma ordem. O homem foi embora, Lídia entrou, a mãe fechou a porta.
Agora, hoje ou ontem, Lídia decidiu não tomar o remédio e teve a coragem que sempre duvidou ter. Deixou um recado para o pai na escrivaninha pedindo perdão, mas explicando-lhe que não era capaz, que não agüentava mais, era o seu limite. E foi caminhar no umbral da varanda.
terça-feira, 2 de agosto de 2005
Arte: espanto x choque
"Baudelaire disse que a surpresa e o espanto são as características básicas de uma obra de arte. É o que penso. Camus diz em "O Estrangeiro" que a razão é inimiga da imaginação. Às vezes, você tem de botar a razão de lado e fazer uma coisa bonita" - Oscar Niemeyer
Já ouvi muita gente dizer (confundir) que o objetivo da arte (se é que há objetivo) é chocar. Ou, a diferença entre objeto comum e o artístico, seria o choque. Ao encará-lo ficaríamos petrificados, paralisados ante a sua originalidade, a sua beleza, ou qualquer outro adjetivo que pudesse ser encaixado aqui.
Fiquei alguns dias pensando nisso. Não sei se conseguirei definir o que eu considero arte, nem acho que caiba alguma consideração restrita. Algumas coisas permearam as minhas elocubrações e, hoje, me deparei com o Jabor que, resumidamente, fala sobre como a podridão é valorizada, hoje, como arte. Não tenho como contra-argumentá-lo. Nem é a minha intenção. Apenas, talvez, corroborá-lo.
Acho que a definição de arte só poderia ser dada com idéias de alto caráter interpretativo e relativo como estas: a capacidade de causar espanto com a beleza.
Tive essa idéia olhando para um pôr-de-sol (será que foi um pôr-de-sol? já não me lembro mais. Mas o exemplo serve à exatidão). Era belíssimo. Ficaria ali horas observando-o. Nada mais importava, sentia-me em paz, tranqüilo. Aquilo era harmonia (isso não quer dizer que a arte deve priorizar apenas a harmonia).
Em seqüência, quando o sol já havia se posto, pensei que cada vez menos pessoas reparam em objetos / cenas belos (as). Ninguém dá a menor importância para isso. Imaginei o caráter apenas quantitativo que impera nos relacionamentos homem-mulher atualmente. Não se perde mais tempo conferindo os detalhes da sua parceira (o). Basta consumi-la. (Não vou falar sobre sociedade de consumo, podem ficar tranqüilos.)
Beleza seria o objeto capaz de provocar espanto. Fazer-nos abrir a boca e perder o rumo.
Mas acho que devo desenvolver melhor isso...
"Baudelaire disse que a surpresa e o espanto são as características básicas de uma obra de arte. É o que penso. Camus diz em "O Estrangeiro" que a razão é inimiga da imaginação. Às vezes, você tem de botar a razão de lado e fazer uma coisa bonita" - Oscar Niemeyer
Já ouvi muita gente dizer (confundir) que o objetivo da arte (se é que há objetivo) é chocar. Ou, a diferença entre objeto comum e o artístico, seria o choque. Ao encará-lo ficaríamos petrificados, paralisados ante a sua originalidade, a sua beleza, ou qualquer outro adjetivo que pudesse ser encaixado aqui.
Fiquei alguns dias pensando nisso. Não sei se conseguirei definir o que eu considero arte, nem acho que caiba alguma consideração restrita. Algumas coisas permearam as minhas elocubrações e, hoje, me deparei com o Jabor que, resumidamente, fala sobre como a podridão é valorizada, hoje, como arte. Não tenho como contra-argumentá-lo. Nem é a minha intenção. Apenas, talvez, corroborá-lo.
Acho que a definição de arte só poderia ser dada com idéias de alto caráter interpretativo e relativo como estas: a capacidade de causar espanto com a beleza.
Tive essa idéia olhando para um pôr-de-sol (será que foi um pôr-de-sol? já não me lembro mais. Mas o exemplo serve à exatidão). Era belíssimo. Ficaria ali horas observando-o. Nada mais importava, sentia-me em paz, tranqüilo. Aquilo era harmonia (isso não quer dizer que a arte deve priorizar apenas a harmonia).
Em seqüência, quando o sol já havia se posto, pensei que cada vez menos pessoas reparam em objetos / cenas belos (as). Ninguém dá a menor importância para isso. Imaginei o caráter apenas quantitativo que impera nos relacionamentos homem-mulher atualmente. Não se perde mais tempo conferindo os detalhes da sua parceira (o). Basta consumi-la. (Não vou falar sobre sociedade de consumo, podem ficar tranqüilos.)
Beleza seria o objeto capaz de provocar espanto. Fazer-nos abrir a boca e perder o rumo.
Mas acho que devo desenvolver melhor isso...
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