Copacabana é um bairro curioso. Talvez o mais sui generis de todos. Provavelmente uma espécie de metonímia da cidade. As antíteses, já evidentes no restante da urbe, aqui se aproximam do paradoxo. O abandono hiperbólico pelas ruas, com milhares de mendigos sobrevivendo dos restos da sociedade, convivendo com a grande parte dos turistas que aporta na Zona Sul. São os prédios com centenas de apartamentos pleonásticos, vítimas da especulação imobiliária, e a Atlântica que recebe livre a brisa da manhã. As calçadas lotadas de vendedores informais e as grifes caríssimas ao lado dos hotéis com várias estrelas. Os meninos de rua e as madames que andam, lado a lado, eufemisticamente, sem reparar uns nas outras, pelo calçadão. É aquela areia que parece que não acaba, sitiada, dividida entre figuras das mais diferentes estirpes. São as putas presas na praia, à noite, e as babás com seus bebês, da manhã. Copacabana é o microcosmo que reflete e antecipa o restante do Rio. Os engarrafamentos da Rio Branco na Barata Ribeiro. A praia de Ipanema, prima-irmã, que é menor e menos bonita. Os dois fortes que são mirantes tal qual o do Leblon e que foram construídos para a proteção da praia. É a população que vem da Zona Norte, da Baixada, dos subúrbios, do Nordeste, de todos os lugares. Copacabana é o Rio em menor escala, ou, como já disseram, o Rio é uma grande Copacabana.
Um comentário:
Estava agora à noite andando no meu bairro - Copacabana - e pensando que aqui é praticamente o único lugar do Rio que ando sozinha pelas ruas, durante à noite, com pouco medo. Talvez seja ingenuidade minha, mas comparando a Botafogo, com aquelas ruas escuras, Copacabana é outra coisa.
E é neste mundo de gente de todos os tipos que sinto a maior liberdade...parece que aqui vc pode ser o que quiser pois ninguém repara...
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