Nas últimas semanas, fui abordado por dois amigos de origens diversas que, tendo convivido com brasileiros e anglo-saxões [a nossa famosa divisão norte-sul] vieram me falar que preferiam a maneira como nós tratávamos a vida. Tive que gastar bastante saliva para falar que nossas relações cordiais [salve Sérgio Buarque de Holanda] tinham, como todas as relações, vantagens e desvantagens.
Na verdade, imagino mesmo seríamos melhores humanos se pudéssemos passar por essa dicotomia cordialidade x meritocracia, catolicismo x protestante, sul x norte. Porque o mérito, essa ética praticada pelos anglos-saxões também tem os seus problemas graves, como a competição acirrada, o individualismo, o isolamento, a falta de contato com o outro. Enquanto vivemos em uma sociedade, portanto, dentro de um organismo gregário [que Nietzsche não nos ouça], teríamos que encontrar uma terceira via, que não fosse necessariamente uma média aritmética das duas anteriores, mas que tivesse vida própria, que caminhasse com as próprias pernas.
Sugiro o homem democrático. Aquele em que as relações em que todos são iguais, independentemente das suas relações e dos seus méritos. Iguais, claro, levando em conta as suas desigualdades. Porque poucas coisas são mais desiguais que tratar desiguais igualmente. Democracia não é a ditadura da maioria, mas a possibilidade de cada um ter voz, portanto individualidade, e ser representado, logo, participar da sociedade. E a relação democrática teria essa consciência.
Um exemplo de como isso é mais possível que utópico. A maneira como os pobres são tratados aqui na UK é extremamente mais digna que os do Brasil. Todos, aqui, têm um mínimo de direitos, que são compartilhados por todos. Outro exemplo bobo: os produtos vendidos como básicos, isto é, direcionados para as classes mais pobres, são extremamente justos: eles não são descartáveis como os produtos dessa categoria vendido nos mercados brasileiros. Todos têm direitos de escolher, de acordo com o tamanho do seu bolso e bolsa, algo que possa servir para ele, mesmo que não tenha todas as vantagens dos mais caros. O nível é mais alto.
Mais um exemplo: as assessorias de imprensa tratam a todos de maneira igual, sem desmerecimento em relação ao veículo em que você trabalha. E, mesmo que haja vantagens para os grandes jornais, porque estamos em um país meritocrático por excelência, todos são, ao menos, vistos como parte de um grande e mesmo grupo, com diversas diferenças, mas a maioria de semelhanças.
Não espero vantagens, espero apenas um tratamento honesto, sem preconceitos de origem, sem relação com os seus méritos, e que tenha um mínimo de dignidade - que falta no Brasil, onde a humilhação é moeda cotidiana.
Talvez seja isso, talvez precisemos na verdade apenas de distribuir a dignidade para as pessoas.
Na verdade, imagino mesmo seríamos melhores humanos se pudéssemos passar por essa dicotomia cordialidade x meritocracia, catolicismo x protestante, sul x norte. Porque o mérito, essa ética praticada pelos anglos-saxões também tem os seus problemas graves, como a competição acirrada, o individualismo, o isolamento, a falta de contato com o outro. Enquanto vivemos em uma sociedade, portanto, dentro de um organismo gregário [que Nietzsche não nos ouça], teríamos que encontrar uma terceira via, que não fosse necessariamente uma média aritmética das duas anteriores, mas que tivesse vida própria, que caminhasse com as próprias pernas.
Sugiro o homem democrático. Aquele em que as relações em que todos são iguais, independentemente das suas relações e dos seus méritos. Iguais, claro, levando em conta as suas desigualdades. Porque poucas coisas são mais desiguais que tratar desiguais igualmente. Democracia não é a ditadura da maioria, mas a possibilidade de cada um ter voz, portanto individualidade, e ser representado, logo, participar da sociedade. E a relação democrática teria essa consciência.
Um exemplo de como isso é mais possível que utópico. A maneira como os pobres são tratados aqui na UK é extremamente mais digna que os do Brasil. Todos, aqui, têm um mínimo de direitos, que são compartilhados por todos. Outro exemplo bobo: os produtos vendidos como básicos, isto é, direcionados para as classes mais pobres, são extremamente justos: eles não são descartáveis como os produtos dessa categoria vendido nos mercados brasileiros. Todos têm direitos de escolher, de acordo com o tamanho do seu bolso e bolsa, algo que possa servir para ele, mesmo que não tenha todas as vantagens dos mais caros. O nível é mais alto.
Mais um exemplo: as assessorias de imprensa tratam a todos de maneira igual, sem desmerecimento em relação ao veículo em que você trabalha. E, mesmo que haja vantagens para os grandes jornais, porque estamos em um país meritocrático por excelência, todos são, ao menos, vistos como parte de um grande e mesmo grupo, com diversas diferenças, mas a maioria de semelhanças.
Não espero vantagens, espero apenas um tratamento honesto, sem preconceitos de origem, sem relação com os seus méritos, e que tenha um mínimo de dignidade - que falta no Brasil, onde a humilhação é moeda cotidiana.
Talvez seja isso, talvez precisemos na verdade apenas de distribuir a dignidade para as pessoas.
2 comentários:
Só näo entendi a referência "que Nietzsche näo nos ouca" porque ele näo poderia ouvir/ler seu comentário?
LU
Porque Nietzsche seria contra a ideia de sociedade gregária. Ele jamais aceitaria a proposta de seguir os outros, em vez seguir a si próprio - eu acho, né?
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