O poeta [Hölderlin] diz no Hypérion: 'A grande palavra o hèn diaphéron heautõ (traduzo: o uno que em si mesmo se diferencia), de Heráclito somente um grego pôde descobrir; pois é a essência da beleza e antes de ter sido encontrada não havia filosofia'. O texto é tirado do Banquete (187a) de Platão onde se lê: 'Hèn diapherómenon autõ autò symphérestai': 'o uno', diz Heráclito, 'se reencontra consigo mesmo, ainda quando tende para a diferença'.
A identidade na diferença é para Hölderlin a essência da beleza. Beleza significa para o poeta, naquela época, ser. Antes que se descobrisse que o enigma do ser está no fato de ocultar em si mesmo a identidade e a diferença, não havia filosofia. Ou, ainda, o ser somente é ser porque é em si mesmo identidade e diferença; a tarefa da filosofia é questionar o ser nesta dimensão, porque dela brota sua própria possibilidade" - Professor Ernildo Stein, na nota de tradução de um conjunto de textos dentro da coleção Os pensadores sobre Heidegger, na página 11.Se eu disser que eu li esse trecho hoje, dias após ter escrito este outro texto, mas que para mim são um a exemplificação do outro, vocês acreditariam? Nem eu.
Isso acontece comigo várias vezes: pensar em algo, escrever esse algo e depois encontrar alguém que já havia falado muitas vezes sobre o algo, e muitos, muitos anos antes.
O mais impressionante para mim foi quando eu escrevi um algo e esse algo aconteceu. Mas essa é uma história para depois, quem sabe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário