Dizer que B. é nazista, hoje em dia, já não é novidade. Sem esforço, ele tica todas as características das definições mais pops do fascismo como prática de Estado, de U. Eco à dupla D&G. Mas há algo no seu projeto de fim de mundo que vai além.
Uma das propriedades apontadas por várias pessoas que já se debruçaram sobre o assunto é o culto à morte. Há sempre uma proposta de aniquilamento daqueles modos de viver que não participam desta mesma proposta de aniquilamento.
Esse extermínio de minorias, dos outros, acaba consumindo, ao final, o próprio projeto – mas somente quando todos os outros mundos foram já varridos ou, no mínimo, silenciados. É um projeto cuja criação é, verdadeiramente, destruição. Não sobra nada. Para eles, a vida é morte.
O governo de B., entretanto, tenta – ao menos em canais oficiais e discursos ensaiados –, em tempos de pandemia e recordes de falecimento, jogar para o adversário (oposição, jornalistas, cientistas, artistas e qualquer sujeito meramente crítico) o culto pela morte.
No dia que o número oficial de mortos pelo covid-19 quase chegou a 1200 pessoas, a Secom (que já postou uma versão do “só o trabalho liberta”) fez questão de divulgar o número de doentes recuperados, alegando que o governo quer focar em boas notícias.
E o que dizer da já histórica entrevista da ex-ministra e ex-atriz Regina “leveza” Duarte para a CNN, em que ela diz que são os outros que carregam os caixões, e se envergam debaixo das mortes de décadas passadas?
Ainda não sei o que é exatamente nem como categorizar essa girada no parafuso. Talvez o ato de “negar a morte” seja uma forma de esconder os defeitos do governo. Talvez seja uma tradição brasileira que sempre fala “e daí?” para os nossos genocídios. Sei lá.
(Outras ideias que me ocorreram: o luto, a assimilação corajosa da morte de outras pessoas, é uma das formas possíveis de se voltar a viver. A melancolia, esse estado de semivida, é o resultado do ato de não encaramos de frente e deglutirmos a morte dos nossos próximos.)
Tenho para mim apenas que não estamos mais, apenas, na zona nazifascista. Temos que pensar novos termos para essa força destrutiva, para essa máquina de matar gente e a acabar mundos que se disfarça atrás do lema da “leveza”.
Uma das propriedades apontadas por várias pessoas que já se debruçaram sobre o assunto é o culto à morte. Há sempre uma proposta de aniquilamento daqueles modos de viver que não participam desta mesma proposta de aniquilamento.
Esse extermínio de minorias, dos outros, acaba consumindo, ao final, o próprio projeto – mas somente quando todos os outros mundos foram já varridos ou, no mínimo, silenciados. É um projeto cuja criação é, verdadeiramente, destruição. Não sobra nada. Para eles, a vida é morte.
O governo de B., entretanto, tenta – ao menos em canais oficiais e discursos ensaiados –, em tempos de pandemia e recordes de falecimento, jogar para o adversário (oposição, jornalistas, cientistas, artistas e qualquer sujeito meramente crítico) o culto pela morte.
No dia que o número oficial de mortos pelo covid-19 quase chegou a 1200 pessoas, a Secom (que já postou uma versão do “só o trabalho liberta”) fez questão de divulgar o número de doentes recuperados, alegando que o governo quer focar em boas notícias.
E o que dizer da já histórica entrevista da ex-ministra e ex-atriz Regina “leveza” Duarte para a CNN, em que ela diz que são os outros que carregam os caixões, e se envergam debaixo das mortes de décadas passadas?
Ainda não sei o que é exatamente nem como categorizar essa girada no parafuso. Talvez o ato de “negar a morte” seja uma forma de esconder os defeitos do governo. Talvez seja uma tradição brasileira que sempre fala “e daí?” para os nossos genocídios. Sei lá.
(Outras ideias que me ocorreram: o luto, a assimilação corajosa da morte de outras pessoas, é uma das formas possíveis de se voltar a viver. A melancolia, esse estado de semivida, é o resultado do ato de não encaramos de frente e deglutirmos a morte dos nossos próximos.)
Tenho para mim apenas que não estamos mais, apenas, na zona nazifascista. Temos que pensar novos termos para essa força destrutiva, para essa máquina de matar gente e a acabar mundos que se disfarça atrás do lema da “leveza”.