domingo, 29 de setembro de 2002

aprender.
acho que é o único motivo que temos em viver. pensei nisso hoje de manhã e a idéia ainda continua na minha cabeça. por isso, talvez, entenda-se o motivo de ter filhos. não havia, para mim, nenhuma razão lógica para isso. continuar a família? herança genética? bullshit. aprender coisas que só as crianças podem ensinar. aprender.

outra coisa.

senso estético.
ter um senso estético não seria respeitar certos teoremas acerca da obra estudada? como, por exemplo, no caso de um livro. contar uma história que identifique. ou com uma técnica diferente. ou um quadro que seja revolucionário. ou um filme que tenha cena belas, bom texto, fluidez. sei lá. há motivos que fazem gostar ou não. o que preenche esses pré-requisitos é bom. há pré-conceitos que guiam o senso estético. não ter pré-conceitos é ter um senso estético muito amplo, para ser eufêmico. quem não tem pré-conceitos relativiza tudo. o que, relativizando, não é bom nem ruim, apenas diferente.

o grande problema é ser muito apegado aos seus pré-conceitos. construí-los como dogmas. ai é cabeça-durice.

os conceitos devem ser tão mutantes que nem se reconheceriam nos próprios espelhos. mas esse é um pré-conceito meu. atual, claro.

sexta-feira, 27 de setembro de 2002

como todo ano, o festival do rio aporta. esse ano, mais de 400 filmes e os mesmos problemas de sempre: em quais focar?

é inconcebível - fisicamente, até - assistir a todos. e, mesmo que fosse, seria proveitoso ver tantos filmes num espaço tão curto de tempo? confundir tudo, eu já faço e vi menos de 20 filmes nos últimos festivais.

o meu foco são os filmes que demorarão a estrear. mas, quais serão?
a minha agenda vai ser seguir aos outros. mas, quem?

e, nesse ano, tenho um problema, no mínimo diferente dos dos anteriores. dinheiro. falta dinheiro. mais foco.
mas, se alguém quiser colaborar e fazer um estudante pobre e magro (música melodramática ao fundo) é bem vindo.

quinta-feira, 19 de setembro de 2002

Roma

I

Por um bom tempo, a Itália funcionou para mim como um porto seguro. Fui para lá quando minha mulher me deixou, depois de mais de sete anos casados. Tinha entrado num universo paralelo onde só o que eu pensava fazia algum sentido. Fiquei semanas em Roma sem saber o que fazia ali. Mas queria ficar lá. Sentia-me seguro. Sabia que estava longe dos problemas. Longe do Brasil.

Fui levado numa espécie de bar, meio casa de show, com palquinho baixo, e mesas espalhadas por todo o saguão. Reparei na pequena menina de cabelos longos e negros e pele bem branquinha que cantava. Tinha um tamanho domínio da voz que assustava. Ia dos agudos mais doces aos graves quase cavernais. Cantava baixinho, à João Gilberto, ou alto, como uma diva de ópera. De repente, cantou Cartola.

Você a conhece?, perguntei para o meu amigo que me levara. É Maria. Maria. Lindo nome, disse. Brasileira, filha de brasileiros, que viera para a Itália tentar ser cantora.

Ela cantava standard italianos. Todos a aplaudiam. Parecia popular. Tinha carisma. Olhava para a multidão e parecia que era apenas para um. Apenas para mim. Olhos de um negro fulgurante.

Com quem ela aprendeu esse italiano?, pensei comigo. Não tinha sotaque, quase. Você me apresentaria para ela? Meu amigo me olhou. Pude ler o seu pensamento. Queria dizer, O que houve contigo?, ontem era o derrotado, o fim do mundo e hoje, Maria. Ele sorriu. Parecia torcer.

Estava hospedado na casa dele. Ele era o correspondente da revista que escrevia na Itália. Eu havia pedido um tempo para eles. Tudo foi bastante de repente. Não esperava o que minha mulher fez. Nem éramos mais jovens irresponsáveis, para ser usado como desculpa. Nem jovens éramos. Hoje, até conversamos. Percebo que foi até melhor. De uma vez por todas. Sem martírio lento.

Esta é Maria. Olá. Vamos tomar alguma coisa?, sugeri. A nossa mesa era a do canto. Ela não poderia tomar nada muito gelado, me disse. Uísque sem gelo, para o garçom. Dois, olhei para ela, Para acompanhar, disse. Boca grande e vermelha que mostrou todos os dentes brancos.

Tenho que ir, ela disse após terminar o copo, Tenho um trabalho a fazer. Rimos os dois. Havia descoberto tudo sobre ela. Ela estudava na faculdade perto de onde estava. Tinha que encontra-la mais uma vez, pelo menos.

II

A vi correndo debaixo da chuva forte, ao sair da escola de música. Fui na sua direção. Só a alcancei porque ela parou debaixo de um toldo. Como você sabia que eu estaria aqui?, ela perguntou. Não sabia. Havia esperado por alguns momentos, algum tempo, algumas horas ela sair. Vamos tomar alguma coisa? Há um café aqui perto, ela respondeu.

Esperei por ela para pedir algo diferente. Apenas um cappuccino, Vocês têm algo com álcool aqui, Temos, mas misturado com café, Por favor, então. Café, licor e algo mais que não me lembro agora. Delicioso. E forte.

Gostaria de leva-la de volta para o Brasil, disse. Aqui tenho emprego. Eu produzo um show para você, um cd, faço contatos, eu tenho contatos, conheço pessoas, vamos comigo. Ela segurou a asa da xícara, misturou com uma pequena colher, colocou um pouco mais de canela e sorriu para mim. Tudo em ordem. Me deu um pequeno beijo no rosto. Fiquei vermelho. Comecei a mexer no cabelo dela, Quantos anos você tem?, perguntei. Houve um silêncio quando ela disse, Vou sentir saudade da Itália.

III

Ao chegar no Brasil, já havia algum burburinho por parte da mídia especializada sobre uma cantora brasileira que morava na Itália. E que eu a havia descoberto. E muita fofoca. Diziam que estávamos juntos. E não estavam errados. Porém, queria manter essa informação longe. Nada poderia atrapalhar.

IV

Saímos do Café, em Roma, e sugeri irmos para o meu apartamento. Ela sugeriu o dela. Era um pequeno apartamento com uma visão privilegiada da cidade. Havia grandes janelões e quase nenhum cômodo. Você bebe?, ela perguntou. Quase sempre. Conhaque, quente. Queima a garganta. Gengibre?, ofereceu. Não, obrigado. Quero sentir rasgar.

Ela sentou sobre o lençol branco. Havia tirado o casaco pesado. Apenas uma blusa de lã separava-a da nudez. Cheguei mais perto que pude. De joelhos na frente dela. Encostei-me nas suas pernas. Ela abaixou a cabeça.

Quando voltei a mim, já amanhecia. Fomos embora dezesseis dias depois.

V

A primeira coisa que fiz, depois de sair do aeroporto, foi ligar para um amigo meu músico. Chamei um grupo bom, que conhecia e confiava. Mas ela decidiria. Fomos para um estúdio perto da redação da revista. Fiquei encostado na porta durante todo o primeiro ensaio. Parecia que haviam crescido juntos. Os músicos riam. Ela ria. Entendia as improvisações, as mudanças de tom, as brincadeiras, as piadas internas. Falavam uma língua própria. Admirado estava e fiquei.

Só não gostei do baixista, ela me disse. Peguei o telefone, liguei para um outro produtor e exigi um baixista. Na semana que vem, ele confirmou. A banda estava formada em apenas duas semanas. CD ou show primeiro? Por que não gravamos um ao vivo?, ela me disse quando chegamos na minha casa.

Ela era do interior de Minas. Conhecia melhor a Itália do que o Rio. O Rio me lembra muito Nápoles, um misto de mar e montanha, falou na varanda de casa. Víamos a Lagoa. Eu abraçado nela na minha frente. Sentia o cheiro do cabelo. Aquela longa cabeleira negra. Comecei a beijar o seu pescoço.

VI

As semanas que se seguiram não foram calmas. Devia conseguir um lugar, bom para ela cantar, gente para gravar, para criticar, para falar bem e para assistir. Isso tudo, eu sozinho.

A licença da revista ajudou bastante. Tinha tempo, pelo menos. E contatos. Gravamos uma demo e mandei para uma gravadora pequena, de dois camaradas que haviam feito faculdade com o meu amigo de Roma. Eles disseram que se ela cantasse tudo o que a fita mostrava, eles gravariam o Ao vivo.

Havia indicado o teatro de um cara dentre os melhores para freqüentar na cidade, numa coluna minha antiga. Ele ficou me devendo um favor. Não era jabá, apenas troca de gentilezas. O teatro era pequeno, mas confortável. Ótima localização e acústica perfeita.

Escrevi dúzias de releases e centenas de cartas-convites. Enviei para todos os jornalistas amigos e até os que não eram. Os convites, eu mandei para todo mundo que forma a classe dita formadores de opinião, seja lá o que isso quer dizer.

Marquei para uma sexta-feira 13. Para dar sorte, disse para ela. Ela sorriu. Andava nervosa, parecia ansiosa. Insegura?, perguntei. Um pouco. Segurei o rosto dela com ambas as mãos e disse, Você é maravilhosa, escute o que os músicos da sua banda dizem, o que foi que o dono da gravadora afirmou, hein. Ela me beijou.

VII

No dia do show, eu fiquei apreensivo. Pensei que ninguém iria. Que estaria completamente vazio, que havia estragado a vida de uma menina maravilhosa. A havia tirado de Roma, onde ela trabalhava, estudava e trazido para cá, para destruir tudo o que ela era.

E os ingressos só esgotaram na hora do show. Mas a platéia lotou o teatro. A primeira música começava só com a voz dela, ela de preto, tudo sem luz, feixe em cima dela. O show foi só com clássicos brasileiros. Ela conhecia quase tantos quanto eu. E era quinze anos mais nova.

Todo mundo, e não é exagero, cantou durante o show. Fiquei circulando por entre as pessoas, com trabalho de relações públicas. O que está achando?, Como vai?, Quanto tempo?, E ai, ela vale o ingresso?, Dá para o gasto? Todas as respostas, sem nenhuma para comprovar a lei da unanimidade, foram favoráveis. Alguns mais outros nada empolgados. Mas todos gostaram. Ela era realmente ótima.

Por mais que o show não tenha sido concebido como intimista, tornou-se. Talvez pelo teatro pequeno, talvez por ela conversar, quase em todas as músicas, com a platéia, talvez por ela parecer gente, de carne e osso. E ela era linda. Linda com o vestido preto de renda que cobria todo o corpo até o chão. Linda com os cabelos pretos que desciam pelas costas e invadiam o corpo. Linda com os olhos que miravam cada ser humano como se fosse único.

As críticas no dia seguinte foram unânimes, Nascia uma nova estrela da MPB. Maria, a esperança. A nova revelação. Vale a pena conferir. Um espetáculo. Eu escrevi uma também para a revista. Foi a minha volta. Foi a minha chance de recomeçar.

VIII

A partir do show, ela andou com as próprias pernas. Não havia mais a necessidade da minha presença em tudo. Apenas gerenciava, à distância, a sua carreira. O CD estourou sem nenhum esforço. As rádios tocavam sem que eu entrasse em contato. As pessoas pediam, cantavam, amavam-na. Em um ano, ela se transformou na maior cantora que vivia no Brasil.

E em um ano, muita coisa aconteceu.

Após, o show e o CD, ela começou a compor. Queria um outro disco com composições próprias e sem necessariamente usar músicas consagradas. Um repertório mais renovado, como ela disse. Lançar gente nova, descobrir talentos. Essas coisas.

Ela começou a encontrar novas pessoas. Parceiros, músicos, admiradores, ou apenas fãs. Tentava acompanha-la, mas era quase impossível. E, injusto.

O primeiro baixista, que ela não quis no show, compôs algo para ela. Ela adorou. Começaram a se encontrar mais vezes. Logo um dia, ela me chamou para conversarmos. Eu sei, respondi. Gosto muito de você. Eu também, disse. Eu também. Não podemos nos prender. Não podemos ter horizontes pequenos. Não podemos ter limites.

Não. Nada estava bem. Eu a queria como nunca quis nada na minha vida. Fiquei irracional. Cheguei em casa um dia e fiquei duas semanas sem sair. Não queria ver nada porque nada tinha para ser visto. Todas as pessoas me pareciam chatas e sem graça. Só Maria fazia sentido. Só Maria poderia resolver aquilo. Mas ela não resolveu. Não que não quisesse, ela já não podia. Já não me pertencia.

Talvez soubesse desde o início. Ou apenas suspeitasse. Claro que achava que não havia ninguém melhor no mundo para ela do que eu. Mas era apenas ingenuidade e excesso de autoconfiança.

Quando me perguntam, hoje, se eu gosto da Maria, digo que ela faz parte da minha autobiografia. Até mais do que ela pode imaginar. Gosto dela todos os dias, como alcoólatras no AA que se enganam por apenas mais um dia. Refaço meus votos a cada mudança de calendário.

quarta-feira, 18 de setembro de 2002

Dúvidas

I

De frente para o palco, antes do show acabar, ela me disse que ia embora. Despedimo-nos simplesmente e a observei caminhar até o lado de fora. Deveria ir embora?, perguntava-me. Se fosse, naquela hora, poderia encontra-la, o que não queria dizer nada. Ou poderia provar que eu só estava ali por ela. Se ficasse, teria que agüentar mais um pouco do show que não era bom. Que não estava gostando.

Havia ficado de um lado do teatro com amigos, enquanto ela estava do outro lado, com os dela. Ela me visitava. Apenas pequenas visitas. Disse-me que gostava de ficar livre.

Foi apenas um instante, um estalo que dei na sua frente e ela parou para falar comigo. Pequenos olhos rasgados. Por que você não me ligou?, perguntei. Fui na sua página, ela disse. Gostei dos seus textos, ela continuou, mas achei intelectulóides demais. Nada pior. Eu não acho. Ela sorriu. Mande-me um e-mail então, sugeri. Ela apenas sorriu.

Deveria ir embora?, me perguntei novamente. Já era hora de ir. Falei com todos os meus amigos e sai, que dava sinais de final.

No meio do show, encontrei com um sujeito que pediu para continuar a escrever-lhe. Ele tinha um site onde podia escrever sobre qualquer coisa. Ele gostava dos meus textos sobre cinema. O site voltará a funcionar ainda nesse mês, disse-me. Tentei pensar em algo que pudesse falar, mas nada era interessante.

Ela vinha na minha direção. Não pude deixar de acompanha-la. Aquela pele morena que queimava a minha ao menor toque. Aquela boca em formato de coração. Queria que ela estivesse comigo. Agora. Mas ela ainda caminhava. Parou antes de mim. Conversou com um sujeito. Percebi que o conhecia. Os dois riram. Passou na minha frente. Ela sabia que estava ali só por causa dela. Sabia, será que sabia?, duvidei no momento. Nós não conversamos. Não sabia o que falar. Ela se virou para o palco. Arrisquei, O show, mas interrompi. É ótimo, ela completou, não acha? Acho, menti. Ela dançava na minha frente. Quase me ignorava. Queria curtir, como dissera.

Deixei o primeiro ônibus passar. Deveria tomar que ônibus?, me perguntava. Será que o próximo iria demorar? Ou ele seria o mais rápido, o mais seguro e teria os melhores personagens? As dúvidas assombravam-me. Toda hora que eu solucionava alguma coisa, outra pergunta entrava na minha frente. Eu queria ir para casa. Queria dormir. Mas eu poderia apagar tudo o que havia me acontecido no dia. Ou poderia escrever. Mas meu computador estava quebrado. Queria sair dali.

II

Na semana anterior no bar, sentei cedo com alguns amigos do início da faculdade. Pessoas que me conhecem. Vi a menina. A conversa na minha mesa acontecia sem mim. Olhava para ela e voltava, de vez em quando, para pincelar algum comentário.

Meti a mão no bolso e catei algumas moedas e três notas amassadas. Uma de cinco e duas de dois. Era o meu único dinheiro para o fim-de-semana. E bebia já na quinta-feira.

O tempo voou como voam as melhores horas. Novos companheiros chegaram e os antigos foram embora. Eu continuava com meus olhos nela. O garçom, um conhecido já, chegou com um papel rosa amassado na mão. Apenas escrito, Olá.

O que deveria dizer, falar, escrever? Quais seriam as palavras que poderiam me diferenciar de todos que me circundavam? Como ser preciso e incisivo sem perder a delicadeza? E, me perguntava, era necessário ser delicado com ela? Realmente não a conhecia. Não conhecia ninguém. Todas as frases poderiam soar como frases feitas. Nada além do mastigado. Respondi, Olá. Apenas um olá solto no canto oposto do papel.

O papel ficou parado. Ela não me devolveu. O rosto dela, um rosto triangular, ria junto com a boca e os pequenos olhos rasgados. Esqueça tudo o que foi dito. O melhor sempre será escrito. Tentei. Que tal falado, me respondeu.

Ela havia comprado um vinil do Baden Powel. Quem compra um vinil do Baden Powel, hoje em dia? Eu gosto do Baden Powel, falei para ela. Ela sorriu com o rosto.

Todos foram embora. Ficamos nós dois. Deveria conversar algo. Gaguejei. Abri minha bolsa e apanhei um texto que havia imprimido no dia. Era sobre um aniversário de uma amiga que não pude ir. Entregar o texto era uma boa decisão?, a pergunta viajava na minha cabeça, Será que eu deveria ter feito isso?, Qual seria a melhor coisa a fazer?, Quem era essa menina que estava na minha frente?, O que ela queria?, Para que ela existia?, Para quem ela existia? Estiquei meu braço e coloquei os papéis nas mãos dela.

A cerveja já turvava minha visão quando ela sugeriu irmos embora. A levei no ponto do ônibus dela. Beijamos-nos. E ela foi embora.

III

Ontem, sentamos numa cantina da faculdade para conversar. A encontrei na escada. Eu descia, ela subia. A minha pele queimava ao lado dela.

Ela me contava casos da vida. Coisas que se contam todos os dias. Nada interessante. Não sabia o que dizer. Tentei ser natural. Mas engasgava. Tentei falar de histórias cotidianas, mostrar como éramos parecidos. Nós não podemos fazer nada juntos, ela me interrompeu, Eu quero apenas curtir.

A liberdade é a maior prisão. Não sugeri nem disse nada. Não tirei nem meu sorriso do rosto. Daqui a um ano e meio, quem será eu?, ou ainda conhecerei essa menina?, me questiono.

Detesto a praticidade, falei no ar sozinho quando caminhava por um corredor. Mesmo sendo o mais prático que conheço, detesto isso. Tudo parece ficar raso demais. Simples demais. Óbvio demais.

quinta-feira, 12 de setembro de 2002

look at this...

"...Jack Nicholson aprovaria a cafajestagem. Interrogado certa vez na polícia por que seu nome aparecia no caderninho de uma cafetina de Hollywood, o ator esquisitão foi sincero. Não pagava por elas irem em sua casa fazer sexo – isso, ele, o famoso Jack Nicholson, poderia ter com qualquer mulher. Ele pagava para que elas fossem embora depois." - Joaquim Ferreira dos Santos. sensacional.
outro comentário:

com um ano de vida, o desastre do world trade center só me enfadonha. ontem tentei, por míseros segundos, ver o documentário dos franceses que foram os únicos a filmar o hit na primeira torre. eles faziam um filmeco sobre os bombeiros de nova iorque. sorte que mudou a vida deles.

o filme passa grande parte do tempo reverenciando os "imortais", os "guerreiros", os "patriotas". é chato.

nada contra homenagens. tudo contra - apenas racionalmente, é claro - os atentados. mas, eu não agüento mais esse negócio de venerar os mortos. até o estadão publicou hoje uma matéria - sensacionalista é pouco - sobre uma das sobreviventes do atentado no pentágono. ela já fez um trilhão de cirurgias plásticas e ainda tem esperança de viver normalmente. tem até foto...
comentário:

é óbvio para mim, e acho que para muita gente, que o boss do tráfico não é o marcinho vp, fernandinho beira-mar, uê ou celsinho da vila-vintém, independente de qual facção que os sujeitos fazem parte. é chover no molhado dizer que os donos, realmente, da grana não moram nos morros, mas de frente para a praia. é repeteco afirmar que muitos dos grandes executivos dessas corporações transnacionais tem poder político, ou como padrinhos, ou como o próprio cara-de-pau.

mas, que políticos - fora hildebrandos pascoais da vida - pareciam ser drug dealers? por mais que quem veja a face do fulano não enxergue suas reais intenções, não conseguia lembrar de ninguém que sente lá no congresso e que tenha ligação com o tráfico. até hoje.

olhem para o moreira franco. só isso que eu peço...

ps, a folha publicou, há algumas semanas, um organograma dessas instituições cariocas de comércio de entorpecentes ilegais. é impressionante o grau de complexidade que existe numa corporação dessas. aliás, as duas maiores organizações seguem padrões muito parecidos...como quaisquer concorrentes num mundo globalizado seguindo as mesmas regras...

quarta-feira, 11 de setembro de 2002

Figuras de linguagem

No fundo, ou no fim, tudo é apenas uma mistura de metáforas e metonímias. Nada é o que parece ser. E tudo, sem sombra de dúvida, é figura de linguagem.

Nunca podemos retratar uma ação, ou atitude exatamente como ela aconteceu, porque não estaremos nas mesmas condições da original. Tudo é simulacro porque não é a verdadeira. Tudo é cópia, tudo é uma pequena mentira que acreditamos como a realidade.

Existem filmes que assumem a metáfora – ou a metonímia – e fazem verdadeiros retratos de situações, mesmo sem tocar diretamente no assunto. Já falei, há um tempo atrás, de “Concorrência Desleal”, do Ettore Scola. Ele retrata a convivência entre judeus e italianos e o clima que havia na Itália logo antes de eclodir a segunda guerra mundial. Para isso, ele precisou de apenas duas famílias que tinham o mesmo ofício. Só isso. O filme é simples, palatável e sensacional.

Nessa semana pude assistir a dois filmes que disseram muito, mesmo sendo apenas um pedaço do que eles queriam dizer. Dois filmes completamente diferentes entre si, de amplitudes e representatividades quase antagônicas. O primeiro, quase desconhecido, lembrado somente por aqueles que freqüentam o antro de circuitos, ou os cinemas – ditos – alternativos. O outro um medalhão, pule de dez na lista dos melhores filmes de todos os tempos. Do diretor que é considerado o inventor da montagem como a conhecemos hoje.

“Banhos” é o segundo filme do diretor chinês Zhang Yang e mostra – através de uma linguagem fluida e nem por isso menos poética – todas as disparidades que estão ocorrendo numa China que tenta ser cosmopolita, mas não quer largar o osso das suas tradições. Isso tudo, é claro, com uma pequena família de três pessoas como protagonistas.

O patriarca da família tem uma casa de banhos, como existe em quase toda a China que chove. Porém, a casa e todo o quarteirão devem ser derrubados para a construção de – adivinhem – um shopping. O filho mais velho havia optado em ir trabalhar na parte rica da China, com emprego em grandes empresas, deixando a tradição para o passado. E já temos o conflito, que no caso é representativo de toda uma nação, para desenvolvermos o filme.

O segundo é, nada menos nada mais que, “Encouraçado Potenkim”, do mestre Sergei Eisenstein. Como diria um amigo meu, o filme é muito antigo para ainda ser considerado excepcional. Mas, é impressionante a forma que ele conta uma história – dificílima de ser contada ainda hoje em dia – no cinema mudo. E, para mexer no clichê, o que a seqüência da escadaria? Aquilo deveria ser mostrado para todas as gerações que aspiram ser cineastas. Com um pequeno cenário, Eisenstein monta toda uma série de imagens que parecem ser retiradas da maior escada da humanidade. Montagem, posso escutar, apenas montagem.

Mas voltemos. O roteiro do “Encouraçado” faz também parte do – que chamei – cinema de parte que diz o todo. Ou simplesmente cinema metonímia. Retrata um pequeno acontecimento que reflete toda uma realidade. No caso específico do clássico russo, o incidente não é assim tão pequeno. O motim no navio de guerra, por causa da péssima qualidade de comida servida para os marujos, foi o estopim para a – tentativa de – revolução de 1905. Não havia como retratar todo uma revolução naquela época. Talvez hoje isso fosse complicadíssimo. A saída mais genial era mostrar um evento que representasse todo um fenômeno. E foi o que ele fez, magistralmente.

Acredito que se “Encouraçado” não fosse um filme mudo, teria o mesmo impacto que um “Cidadão Kane” tem até hoje em qualquer tipo de platéia. O que é impressionante. O filme não é monótono, não é chato, não é arrastado. É facílimo ver como Eisenstein estava muito a frente do seu tempo. Compare as tomadas, os planos, as seqüências, a montagem desse único filme com qualquer um – médio, deixemos claro – americano das décadas de 30 e 40, por exemplo. Os americanos eram muito mais conservadores, muito mais herméticos, caretas e chatos. Eisenstein tentava fazer coisas diferentes. Só isso já valeria o filme.

Esse tipo de cinema que aceita a metonímia como parte fundamental e indispensável é a conclusão de que o importante é passar a mensagem sem ruídos. Ou somente com os ruídos pensados. O importante é que, quando o espectador saia da sala de projeção, entenda o que queriam dizer. Cinema é isso.

terça-feira, 10 de setembro de 2002

(só para não dizer que não publico nada. esse é repetido...)

Aniversário

Esta é uma obra de ficção. Um conto menor.

Chega o elevador no segundo andar. A porta se abre com barulho de criança gritando e correndo. Passa por mim duas tias conversando. E a voz da minha mãe de dentro da casa.

“Olha quem está aqui!” – diz uma tia que fez aniversário no dia seguinte.
“João, quanto tempo que não te vejo, menino” – a outra tia, já cambaleando com tanta cerveja na cabeça.

Não visitava a casa da minha mãe fazia quase um ano. Tempo que foi suficiente para apagar todos os motivos que me fizeram sair de casa. Diria que não fui expulso. Fui apenas convidado a me retirar. E tive que me virar de uma hora para a outra.

Tudo por causa de um pequeno cigarro que encontraram dentro de uma caixa minha. A empregada estava fazendo a faxina no meu quarto e derrubou, sem querer, a caixa no chão, fazendo com que o cigarro ficasse a mostra.

No final do dia, minha mãe veio conversar comigo. Perguntou há quanto tempo eu consumia drogas. Respondi que desde que nasci. Lembrava do gosto do leite dela. E era uma merda.

Era turbinado pela quantidade de álcool que ela tomava. Ficava com o gosto um tanto quanto azedo. E eu tinha que tomar aquilo. Não podia nem chorar nem reclamar na época.

Depois ela disse que não iria sustentar vagabundo viciado. Tudo por causa de um mísero cigarro. Eu não tinha como contra argumentar. Resolvi empacotar minhas roupas e coisas e ir para a casa de um amigo meu que morava sozinho.

Havia um tempo que eu já queria ficar sozinho. Fazer o que eu queria na hora que eu queria. Fumar, beber, sair, tudo na hora que eu quisesse. E não depender de mesada ou ter que dar satisfação. Por outro lado, nunca mais tive uma camisa passada. E já até esqueci como é uma.

Procurei apartamento e emprego. Fui morar onde sempre quis. Num quitinete. Mas era só meu. Não precisava dividir com mais ninguém. Arranjei um emprego com outro amigo meu num agência de turismo. O dinheiro é pouco, mas certo.

Fui fazer a visita para a casa da minha mãe porque já tinha perdoado o que ela tinha feito. Tínhamos conversado muito por telefone nesse período separado. Ela disse que era a única forma de conseguir que eu crescesse. Que não se importou muito com o cigarro em si. Mas queria que eu tivesse responsabilidade. Coisa que eu não aparentava.

Me ligou na terça. Falou que comprou um livro que eu queria ler e não conseguia achar. Pediu para ir buscar na casa dela na quinta.

Achei muito estranho ela fazer esse convite. Nesse espaço de tempo, ela nunca tinha feito isso. Ela me contou, também, que estava muito doente. Vomitava demais, não estava conseguindo comer e estava perdendo toda o cabelo.

Peguei um calendário. Desliguei o telefone e percebi que o aniversário dela era na quinta. Ela queria que eu tivesse lá. Ela devia estar fazendo alguma festa e queria que eu tivesse lá.

Minha mãe sempre foi muito família. Gosta de reunir todas as pessoas que não sabem os nomes dos próprios filhos mas, por uma coincidência do destino, nasceram na mesma família.

Ela acredita que os laços familiares são os mais importantes e inquebráveis que existem. Por mais louco que isso possa parecer, eu nunca discuti com ela sobre isso. Ou tentei, uma única vez, apresentar meus pontos de vista e desisti quando ela disse que tinha fé na família. Não existe nada mais irracional que a fé.

Entrei no apartamento da minha mãe pela porta da sala. Ambas as portas estavam abertas. Mas queria lembrar o caminho que sempre fazia. A sala estava lotada. Algumas tias, alguns primos, alguns cunhados e várias crianças correndo de um lado para o outro gritando. Tinha que tomar cuidado para não tropeçar em uma.

Quando você está com apenas uma criança, ela é uma graça. Quando são duas, são suportáveis. Mais do que isso é um bando. Fico com vontade de dar um cascudo em cada uma delas a cada briga ou choro.

Comecei a cumprimentar todas as pessoas que conhecia. Fui o mais simpático de todos. Minha mãe dizia que eu era a pessoa mais fria que ela conhecia, só porque detestava ser gentil com quem desconhecidos.

Fui para a cozinha, as tias que estavam no corredor quando cheguei estavam lá. Mais Leonor, uma outra amiga da minha mãe que é a maior alcoólatra que eu conhecia.

Uma vez perguntei para a minha mãe porque ela era amiga dessa mulher. Ela me respondeu que ser amiga de uma pessoa comum era fácil. Agora, quase ninguém se importa com quem realmente precisa de carinho e conforto.

Fui para o quarto que um dia já foi meu e minha irmã mais nova, Tatiana, estava nele. Ela e todas as suas amigas adolescentes. Minha irmã mais nova é mais velha do que eu, tem 28 anos. Mas parece, como todas as amigas dela, uma adolescente no pior significado da palavra. Boba e ingênua.

O quarto estava lotado. Coloquei minha bolsa no canto e saí com a caixa do presente da minha mãe na mão. Tatiana ainda teve tempo para dizer que estava com saudade. Que eu nunca tinha ido visitá-la depois da minha saída de casa. Eu perguntei se ela sabia onde eu morava. Ela ficou em silêncio.

No corredor encontrei minha mãe. Ela estava com um chapéu pequeno para não mostrar a careca. Estava muito magra. Com uma cabeça desproporcional. Vestida elegantíssima, como eu nunca tinha visto antes.

“Oi” – disse ela. Dei os três beijos formais. E um abraço informal.
“Você está magro”- ela disse.
“Você também” – Nos encaminhamos para a sala.
“Já cumprimentou a Tia Francisca”
Olhei para ela para que ela percebesse que isso era inútil comigo. Mas era o aniversário dela e não queria que ela ficasse triste.
“Já” – respondi apenas. Estiquei meu braço e entreguei o pequeno pacote para ela. “Parabéns”.

Nessa hora minha irmã, com suas amigas tinham saído do quarto em direção à sala. Minhas tias da cozinha também tinham ido para a sala, fazendo com que esta ficasse lotada. E todo mundo estava olhando para o presente que eu dei para a minha mãe.

Ela abriu o pacote azul que tinha uma fita vermelho sangue. Levantou a tampa e tirou um cigarro tão bem apertado que parecia industrializado. Olhou mais de perto para confirmar o que era.

Silêncio sepulcral na sala. No fundo tocava “Como nossos pais” cantada pela Elis Regina. “É para você se alimentar melhor” – disse. “Você fuma isso e depois que a onda passar, vai ter uma fome enorme.”

O silêncio continuava. Os segundos pareciam horas. E quebrou-se com minha mãe, olhando para mim, com lágrimas nos olhos, dizendo “obrigado”.

sábado, 7 de setembro de 2002

seria o bush de blair?

pausa. o blair não era dos trabalhistas? que que houve com ele?

sexta-feira, 6 de setembro de 2002

coisas estranhas (quase unânime de boas) acontecem quase que diariamente. mas, as últimas semanas exageraram...

quinta-feira, 5 de setembro de 2002

CDD

Para falar de “Cidade de Deus” deve-se pensar o filme como filme. “Enquanto” película, “a nível de” exibição cinematográfica.

Há na mídia, todas as avaliações possíveis sobre CDD. Desde aqueles que dizem ser a obra-prima dessa nova geração de cineastas até aqueles que afirmaram ser o exemplo mais representativo do que pode ser produzido com técnica sem os fundamentos mínimos necessários. Para estes seria uma produção capenga, defeituosa, que sente falta de algo.

Porém, nos dois casos a conclusão é a mesma e está implícita: CDD é o mais longe que o cinema brasileiro já foi. No “hoje em dia”, é a menor distância que já houve entre as produções caseiras e as de fora do país. É de um apuro e qualidade técnica que impressionam até o maior dos gringos que está acostumado com trucagens e brincadeiras de edição.

E o filme, em si, é muito bom. Pode-se ressaltar, aqui e ali, alguns errinhos, ou excessos que são mais convenientes, mas o filme é completamente certinho. Nada está fora do lugar. Tudo foi feito para não dar errado e com muito capricho.

Os “excessos” são encontrados principalmente no roteiro. Talvez por ser uma obra destinada ao grande público, o texto do filme teve de ser bastante didático. O uso do narrador que em algumas horas diz “esse é fulano, mas ele será importante daqui a pouco, não vamos falar dele agora” parece tentar mastigar todo o filme para que ninguém, ao sair da sala de projeção, diga que não entendeu.

Porém, ainda com a mesma figura de linguagem, se eles ajudam a mastigar, a ajuda na digestão pára ai. O filme fica parado, ou na garganta ou no estômago, e você sai remoendo, na tentativa de não ter uma indigestão.

Porque, como diz o narrador desnecessário, no início do filme, CDD não fica próximo de nenhum cartão-postal do Rio. Mas, ainda assim, vivemos sob o mesmo “teto”.

CDD não tenta, e não quer, e não precisa explicar o motivo que levou todos àquela situação. Não é um estudo profundo sobre populações de favelas. É apenas uma crônica de uma aldeia – eu li essa denominação de um crítico e achei muito peculiar – no meio de um centro urbano. Como se fosse o primeiro vistante numa tribo distante e que faz uma gravação feita com os nativos. E a gravação é muito bem feita.

O filme não é panfletário, como já ouvi dizerem. Ele não quer mostrar algo e mudar o mundo. Ele quer mostrar algo, e só. Usa um livro (mas poderia ter sido feito a base de depoimentos, ou direto da imaginação de alguém, ou de milhões de outras maneiras ainda) que foi escrito por um ex-morador do lugar como base e transpassa (não li o texto original, mas pelo que ouvi dizer...) da maneira mais prática que acharam para a tela. Apesar do livro ser uma coisa e o filme outra diferente, os dois têm a mesma finalidade.

E, ao analisar o filme como filme, percebemos a grandeza da obra. Enxergamos que marcamos presença nessa nova onda de filmes. CDD é o nosso representante da onda MTV que aportou nas películas. E um representante de peso.

terça-feira, 3 de setembro de 2002

o homem sempre procura algo. recebi um emeio de uma menina que só conheço por emeios (chamada Júlia) que incitava uma discussão sobre por que o homem escreve, ou produz coisas.

muitos escritores e escrevinhadores (estes principalmente) dizem que sentem necessidade de escrever. Bukowski, que pertence ao primeiro time, conforme pude comprovar, dizia que tinha que escrever senão enlouqueceria.

após a escrita, sentimo-nos leves, como se nos confessássemos. e não deixa de ser um tipo de confissão. aliás, o paralelo entre essa necessidade de criação e a religião não pára ai. como o homem sempre procura resposta, a religião entra para suprir essa falta e produzir conforto. ela pode fornecer todos os mecanismos que levam ao conhecimento do caminho, mas é raro o caso do religioso que quer conhecer realmente o caminho. muitos querem apenas o conforto. o caminho nem sempre é simples, quiçá indolor. assim, a religião se torna apenas uma puta que troca favores. fiéis por conforto.

segunda-feira, 2 de setembro de 2002

ainda de acordo com o "post" anterior, aconselho dois textos da folha de domingo. Um é sobre a Rio + 10 e o beneficiamento dos EUA com o aquecimento global. Diz o texto que mais de 70 países tropicais perderiam colheitas com o aumento da temperatura mundial. A matéria ainda incita que a partir dessa informação, o ato de bush filho de não assinar o tratado de kyoto pela redução na emissão de gases poluentes toma outra dimensão. (não há link na edição on line). A outra matéria tem o sugestivo título: "Petróleo russo pode ser antídoto para crise no golfo" (http://www.uol.com.br/fsp/mundo/ft0109200202.htm - login, info@jfrj.gov.br com senha secom1) e fala de uma parceria entre Rússia e EUA caso aconteça qualquer atividade que impeça os americanos que se suprirem de petróleo de qualquer parte do mundo, inclusive do golfo pérsico. O texto não sugere nenhum tipo de aliança militar ou coisa parecida. Diz apenas que faz parte de uma política econômica de aproximação entre os dois países. Porém, considerando os arsenais dos dois países, e os interesses que est(ar)ão em jogo numa guerra, não descartaria apoio russo numa investida ao Iraque.

aliás, qual é mesmo o motivo dessa guerra? seria o bigode, completamente fora-de-moda, do Saddam?
o mais incrível da atitude do governo americano de convocar reservistas e declarar uma pré-guerra contra o Iraque é a reação que ela provoca em mim.

eu quase que torço para que o dábliu bush tenha algum tipo de segundas intenções contra o iraque. algum tipo de envolvimento comercial com petroleiras, empresas de armamento, ou coisas parecidas. não agüentaria saber que o presidente e chefe de governo da maior potência bélica do mundo bombardeará um país - pobre - apenas por causa de picuinhas individuais, como vingança ou demonstração de poder.

eu não defendo nenhum tipo de ataque, deixo bem explícito isso. mas, considero-o inevitável, com bush jr. como front man e "dick" cheney na vice-governadoria.