quinta-feira, 7 de novembro de 2002

não sou expert em nada. no quesito música, muito menos. me considero, no máximo, um "espectador" das tendências e da - dita - evolução musical.

por exemplo, sei que o trip hop nasceu numa vontade, de uns ingleses, de misturar as batidas do hip hop americano com um vocal e letras mais sombrias e clima mais viajante - daí, trip. há dois grandes grupos - melhor usar grupo do que banda, que é um termo que pode ser ultrapassado - no mundo trip hop, massive attack e portishead. (há também outros menos conhecidos como morcheeba, zero seven, saint germain. e há algumas pessoas que afirmam que o dj shadow faz essencialmente trip hop. porém, in my humble opinion, o cara é tão amplo que foge dos gêneros e rótulos...)

conheci as duas bandas logo no início da faculdade, antes disso, o meu conhecimento era restrito ao rock e nada mais que rock. o que tivesse batidas eletrônicas era considerado, por um tipo de preconceito burro, ruim.
massive attack tem um lado mais experimental, voltado para a tentativa de criar em cima dessas bases fabricadas. o som é menos pop. já o portishead tem o vocal único de beth gibbons, com sua voz dulcíssima e triste. muito triste. é bem mais audível e deve fazer sucesso em todos os lugares que apreciam músicas para escutar, ao invés de música para dançar, o forte brasileiro.

portishead lançou até hoje apenas dois discos de estúdio e um ao vivo e pode ser considerado um sucesso. até bertolluci já usou uma das músicas - glory box - no seu "stealing beauty".

bem isso tudo é uma introdução para dizer que ontem eu assisti ao show do portishead em nyc onde foi gravado o disco e a vhs ao vivo. é sensacional. as próprias músicas ganham uma vivacidade ao observarmos como cada detalhe é feito que é indescritível. eles usam uma orquestra para dar um fundo muito mais forte. mais pesado, mais vigoroso, mais emocionante. até a base do hit da banda - o já citado glory box - que era sampleado de uma música antiga americana, foi subsituído por cordas de violinos. eles colocaram vida na música que era computadorizada. o show ao vivo tem bateria, de clive dreamer, tem um baixo, às vezes acústico, de jim barr, e a única interferência de instrumentos não convencionais foi com o scratch do geoff barrow, e a utilização do já tradicional moog em alguma faixas.

o vhs é diferente do cd ao vivo. além de ter mais música, as que se repetem são mais trabalhadas, mais extensas, mais densas. com o "plus" de te carregar mais facilmente para dentro da música. ou você resiste aos closes na orquestra, no maestro que rege as subidas e descidas, na voz leve de gibbons, sempre com um cigarro entre os dedos, no piano e teclados altíssimos do john baggot, na guitarra, no piano e na levada de adrian utley... o que dizer de roads? o que dizer de undenied? da entrada de cowboys? o que mais há para se falar, depois de ver o vídeo?

vi ontem já duas vezes e fiz uma cópia, dentro da lei, para uso próprio e sem divulgação. pena que o vhs deve custar próximo de 100 reais. deveria ser de domínio público tal coisa.

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