dicas do Tio Borges, Jorge Luis:
"É curiosa a sorte do escritor. No início é barroco, vaidosamente barroco, e depois de alguns anos pode conseguir, se os astros forem favoráveis, não a simplicidade, que não é nada, mas a modesta e secreta complexidade".
prólogo de "O outro, o mesmo", 1964.
"Não sou possuidor de uma estética. O tempo me ensinou algumas astúcias: evitar os sinônimos, que têm a desvantagem de sugerir diferenças imaginárias; evitar hispanismos, argentinismos, arcaísmos e neologismos; preferir as palavras habituais às palavras assombrosas; intercalar em um relato traços circunstanciais, exigidos agora pelo leitor; simular pequenas incertezas, já que, se a realidade é precisa, a memória não o é; narrar os fatos (isto aprendi cem Kipling nas sagas da Islândia) como se nao os entendesse totalmente; lembrar que as normas anteriores não são obrigações e que o tempo se encarregará de aboli-las. Tais astúcias ou hábitos não configuram certamente uma estética."
prólogo de "Elogio da Sombra", 1969.
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