Apenas três meses depois, se encontraram.
Oi.
Oi.
'Cê tá bem?
'Tô. E você?
Arrã. Como foi a viagem?
Boa... Mais ou menos. Não, foi boa.
Muita confusão, né?
Não foi só isso. O problema é que gastei muito mais dinheiro do que eu 'tava a fim...
Entendo.
Você vai ficar um tempo aqui?
Vou.
Quantos dias, quero dizer, quanto tempo?
Não sei ainda. O quanto der.
Legal.
Também acho.
Você... Como foi o tempo aqui, enquanto eu estive fora?
Difícil...
Por quê?
Porque aconteceram coisas que nunca tinham acontecido antes...
Como assim?
Não dá para explicar agora.
Você sentiu minha falta?
Se eu senti sua falta?
Sim...?
Humpf... Você era o menor dos meus problemas, o que eu sabia que o tempo ia consertar. Mas sim, senti muito a sua falta.
Hum.
E você? Ainda se lembra de mim, da gente?
É claro...
Que bom...
Eu...
Fala...
Fala você.
Não, fala você.
Acho isso tudo muito estranho.
O que?
O que o que?
O que você acha muito estranho?
A gente, de novo, depois desse tempo.
Por quê?
O que eu lembro me parece tão bom que não pode ser verdade.
Como assim?
É como se fosse um pedaço de um sonho muito bom, daqueles que a gente nao quer acordar, e agora você 'tá aqui... É estranho.
Eu também já não acreditava que poderia ter vivido tudo aquilo.
Será que a gente viveu exatamente o que a gente lembra? Será que se começarmos a lembrar dia-a-dia, vamos ter as mesmas lembranças?
Eu duvido.
E como a gente pode comprovar que o que a gente lembra, mesmo que nós dois lembremos a mesma coisa, seja algo que nós vivemos, e não "apenas" sonhamos em conjunto?
Nós nunca vamos saber.
As minhas memórias da realidade se misturaram com as dos meus sonhos.
As minhas também, as minhas também.
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