Hoje eu me pergunto quem sou eu, nesse instante que respiro com dificuldade, porque apenas suspeito, não sei ao certo; nesse segundo que é o primeiro que escrevo; nesse detalhe da rede que eu busco. Quem sou eu que viajo, mas quero voltar; quem sou eu que não tenho idéia de onde isso tudo acaba. Quem sou eu que fui, sou, serei. Ou talvez não. A cada dia, a cada linha lida com vontade, com confiança, com troca, acredito em algo que duvido. Agora, sei que não acredito e, pelo menos nesse exato segundo, não me martirizo. Não sei se é eterno, nem sei se eterno há. Sei que nesse detalhe temporal, onde deixaram-me espiar atrás da cortina, sinto sozinho e sem destino (se é que ja tive finalidade). Choro por aquilo que não tenho certeza, quando talvez fosse melhor ter apenas paciência... Rodo, giro, entorno, como um cachorro em busca sagrada pelo próprio rabo e sempre retorno ao mesmo ponto: que talvez seja essa a única coisa a aprender. Talvez valha a pena continuar nessa labuta sem labuta pelos truques que se aprende; pelas piadas, pelas risadas, pelos botecos de esquina, pela madrugada a dentro. Talvez seja pela surpresa. Mesmo que impessoal, mesmo que nervosa e tristemente recebida, talvez valha a pena deixar o tempo girar apenas para mudar de ares. E eles, apesar de serem os mesmos, sempre cambiam. Outro detalhe que se avista seria a capacidade imprevisível de saber coisas (ou suspeitá-las com tanto afinco que se engana em realidade). Tende a crescer aritmeticamente, caso seja a vontade de alguém. Não me pergunte quem. O mundo conspira contra você. Tudo tende a dar certo. E no final, ambas são equivalentes e se anulam. Por isso, escrevo. Para que ocupe esse latifúndio improdutivo chamado minha cabeça e que não deixa as coisas descerem ladeira abaixo. Enquanto procuro palavras que sejam fingidamente novas, mantenho minha visão próximo do horizonte e a espinha ereta.
Eu, que não sabia o que escrever, consegui embromar mais um dia.
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