terça-feira, 27 de julho de 2004

Folha

A dita cuja de São Paulo, que se vangloria de ser o melhor jornal do Brasil, passa por uma fase ruim. Nenhuma de suas matérias me anima a ler até o final, tudo é muito chato, com um texto que não agrada, não estimula, sempre enfadonho.

Até que semana passada, 100 pessoas que trabalhavam em vários setores da Folha da Manhã Inc., empresa dona do jornal, foram mandados embora. E nesse ínterim, algumas das melhores matérias dos últimos tempos foram publicadas. Coincidência, eu digo. Sarcasmo do destino, dirão outros.

Comecemos pelo óbvio. Marcelo, amigo meu que trabalha lá, disse que, assim que souberam das demissões, algumas pessoas tentaram organizar algum protesto, mas todos pecavam pela infantilidade, ou falta de praticidade. E nada entrou no papel, pois ficaram, todos, com receio de ter o mesmo destino dos ex-colegas. Até que o Marcelo Beraba - ex-diretor da sucursal Rio e atual Ombusdam, o provável melhor emprego do mundo, tirando o fato de ter que morar em SP - escreve em sua última edição sobre as demissões e sobre como a própria corporaçao lidou com esse detalhe. Espetacular. Ainda, de lambuja, argumenta, ironicamente, que no mesmo período, o jornal produzira "duas das melhores reportagens do ano". 

Sobre essa outra, já falei aqui. Mas vale a repetição: um texto originalmente publicado na Spiked, uma revista em língua inglesa para homens (sim, há mercado editorial voltado para meninos, lá fora) onde o autor (Frank Furedi) tenta demonstrar que a atual geração entre vinte e trinta anos é muito mais imatura que a anterior. Me senti envergonhado, um bobo, infantilóide e autopsiado. A matéria descreve mais os jovens ingleses, americanos e japoneses, por isso os exemplos são um pouco longe de nossas realidades. Entretanto, adaptemos para o nosso convívio social e ficaremos constrangidos.

Outra (essa saiu na segunda, com cara de matéria de gaveta) demonstra como os cadernos de cultura do Rio e de São Paulo são diferentes. Se há duas semanas as matérias de capa sobre música no Segundo Caderno (que me lembro agora) eram compradas e importadas, uma falando sobre a aposentadoria do Phil Collins e outra sobre a revitalização dos anos 80, a Ilustrada estampou o TV on the Radio. No O Globo, já tinham falado sobre eles, mas apenas no Rio Fanzine, como se fosse algo segmentado demais para aparecer para o grande público.

Para frisar o nosso "atraso" basta lembrar que as primeiras bandas desse novo hype (Strokes, White Stripes, Interpol) foram apontadas primeiro em Sampa, muitas vezes pelo caderno de cultura deles e muito depois no daqui. Curioso é que essa banda (TV...), apesar de desconhecida e fazer um som estranho à primeira audição,  poderia ser bem popular, já que abusa de uns gravões, de um balanço e manemolência bem ao gosto do pop. O Thiago Ney, que assina a matéria e uma pequena crítica, descreve a banda como "estranha, mas encantadora". Concordo.

Se alguém quiser ler essas matérias e tiver problema com login e senha, entre em contato com o help-desk. "Estaremos abrindo um chamado e estaremos retornando assim que pudermos"


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