Plágio de mim mesmo
Agora que acabei de receber um email de meu cunhado "direto de Bagdá", como ele mesmo escreve, me refaço uma pergunta simplista: será que os eleitores dos republicanos são os culpados pela guerra no Iraque?
Num raciocínio rápido, pode-se argumentar que, a partir do apoio que deram a Bush, eles não têm o direito de reclamar de nada. Como (igual a Fausto) ao venderem suas almas ao diabo, a única coisa a dizer seria "perdi, mano, mas não esculhacha não".
Para refutar essa conclusão premeditada, basta dizer o ridiculamente óbvio: é possível se arrepender após as eleições. Principalmente quando, a cada evento desse porte, o teatro só tende a aumentar. O aparato em torno da convenção democrata está aí para não me desmentir.
Mas, e se o sujeito não voltou atrás? Se ele foi para o Iraque e acha ainda que está lá para levar a democracia e a liberdade (!!!) para os pobres cidadãos daquele país distante oito horas no fuso horário? Então, nada mais lógico que culpá-lo pela própria sorte, já que foi ele, realmente, que pediu por isso. Entramos numa área um pouco mais subjetiva.
Como argumento contrário, tenho a dizer que a cobertura americana é horrííííível. Nenhum meio jornalístico (aberto ou fechado, já que lá não há muita diferença) teve os culhões necessários para bater de frente com a propaganda oficial. Isso é um fato. Para comprovar, temos o sucesso que o doc. do Michael Moore está fazendo lá (100 milhões de dólares e contando). As pessoas estão assistindo pela primeira vez várias daquelas imagens. E algumas vezes se perguntando "será que é tudo real mesmo?"
Minha irmã também acaba de me enviar uma mensagem dizendo que nos EUA corre o boato que algumas dessas imagens são falsas e perguntando quais foram as cenas montadas e as verdadeiras. Ela pergunta para mim, que moro a umas seis mil milhas de distância.
Ponto para a rede de desinformação.
Me perguntava antes de morar lá, como os Estados Unidos poderiam ser tão ignorantes? No "Fahrenheit 9/11", há algumas citações do "1984", do Orwell, que bem se adaptam a essa pergunta. Apesar de ter acesso a mais de 100 canais de TV, os americanos só recebem uma informação: a do governo. O que pode parecer improvável, é a realidade.
Claro que é possível achar informações fora das grandes mídias, mas então os americanos deveriam ter uma atitude pró-ativa em relação às informações. E americano é um ser passivo por natureza (fruto muito do sistema de educação primária castradora e parecidíssimo, em resultados, com o brasileiro). Podemos culpá-los por isso? Tenho minhas dúvidas...
Por conclusão temos a situação atual: americanos crédulos vão lutar e defender conceitos que mal entendem. E não será um doc. de sucesso que mudará essa mentalidade. Não mesmo.
ps. A parte boa do email do John é que ele afirma que a comida do Iraque é muito melhor que a do Afeganistão. Ainda bem, ao menos isso. Agora, a empresa responsável pelo bem estar dos soldados tem como um dos conselheiros um velho chamado Dick Cheney. Devem ser homônimos.
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