1) Como vimos, a Europa é dividida ao meio, com duas filosofias de vida antagônicas. A parte de cima, organizada, a de baixo, uma bagunça. No meio, a França que faz a ponte entre os extremos. Para compensar (ou não) as fraquezas sulistas, os latinos podem se gabar de conseguir expressar a diferença entre a circunstância (estar/stare) e a existência (ser/essere). Nos nortistas, é a mesma expressão (to be / Sein, para dar os dois exemplos a mão) - pelo menos no inglês e no alemão...
Serviria para ser o orgulho nacional, como "saudade" para os lusófonos, se, o alemão, por exemplo, não tivesse outras quatro expressões para o mesmo sentimento: Heimweh, Verlangen, Sehnen, Sehnsucht. Ou seja, eu é que não conheço os idiomas nórdicos.
2) Já sobre o problema de ser ético, Borges (sempre ele), tem um conto em que narra como a ética pode pesar negativamente em uma decisão. Ele distorce por completo o conceito, transformando-o numa interpretação unilateral, que pode ser facilmente adotada pelos mais míopes.
Num esquema rápido, o conto narra a escolha, por parte de um professor catedrático de uma universidade americana, protestante e extremamente ético, de um mestre para o instituto. Dois sujeitos concorrem, (a) que ele nutre certa afinidade e (b) que ele detesta.
(b), então, escreve artigos furibundos contra os trabalhos do catedrático. O professor, claramente, escolhe (b), mesmo não sendo o seu preferido, apenas para mostrar que separava o seu julgamento técnico do pessoal. (b) explica, depois, que escreveu os artigos unica e exclusivamente para manipular o professor, sabendo de sua ética implacável.
3) Deve haver, e nós é que não descobrimos, uma vantagem dos latinos desorganizados sobre os nórdicos metódicos. Talvez seja essa leveza de levar a vida. Ou sentimentos ainda mais intangíveis.
Talvez eu preferisse o tátil...
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