Para os homens, filmes violentos devem conter tiros, carnificinas, mortes. A única semelhança com o mesmo conceito para as mulheres é no quesito “morte”. É o que mostra o “4 meses, 3 semanas, 2 dias”, que levou a Palma de Ouro do ano passado. Não quer dizer que o longa romeno não vai ser bem interpretado pelos com cromossomos Y. Afirmar isso seria, no mínimo, sexismo.
A questão é quase biológica. O filme aborda aborto, estupro, discriminação sexual, abandono de grávidas. Fatores que falam mais às mulheres que aos homens. Mas como dito no parágrafo anterior, não é uma produção voltada para elas. E talvez seja essa a sua grande qualidade.
Conseguir comunicar aos homens todas as dores e aflições que elas sentem, ou devem sentir, ao tentar interromper uma gravidez indesejada, num país em que isto é visto como crime. Ao optar pelo “mercado negro”, como, aliás, acontece cotidianamente na Romênia comunista da década de 1980, segundo o filme, estar à mercê de um sujeito que, pior que um carniceiro, se aproveita da fragilidade alheia para destroçar sua dignidade.
Ultrarrealista, capaz de captar diálogos sem a menor importância aparente, reproduzindo cenas perdidas e inócuas, o longa mexe com o estômago e outros órgãos que os homens nem sabiam que possuíam.
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