quinta-feira, 31 de julho de 2008
Assobiando
Também multiinstrumentista, como Sufjan Stevens - olha ele aí - e nascido em Chicago, no estado americano de Illinois, que inspirou o álbum mais aclamado de mr. Stevens, Bird pousou no meu computador através das sugestões do last.fm - grande site - como artista parecido desse aí citado.
Sim, ele tem um pé no folk, é um desses sujeitos que fazem tudo na banda, assim também como Stevens, mas seu estilo é menos viajante, mais pé no chão. Sem, entretanto, de vez em quando, fazer sons viajantes, como a última faixa ("Yawny at the apocalipse") de seu último disco ("Armchair Apocrypha"), que parece ter uma baleia cantando.
Leio no wikipedia que o moço se formou na faculdade de música, tocando violino. Ou seja, não é um qualquer. Mas saber música não quer dizer fazer algo legal-divertido. E ele, além de não ser complicado, faz música para assobiar:
terça-feira, 29 de julho de 2008
Renascido
Conseguem fazer um som peso-pluma, que tende a crescer, sempre com uma melodia lindíssima. Usam de vocais trabalhados, instrumentos inusitados e, diz a lenda, ao vivo, são impressionantes.
O septeto tem três discos lançados, e alguns outros EPs. Toda a minha empolgação é só por causa do último, "Floating World", que usa histórias da mitologia japonesa como matéria-prima para as letras. Assim como Stevens usava as histórias dos estados de Michigan e de Illinois, em dois de seus trabalhos mais aclamados.
Mas não pense, apesar da similaridades e da utilização de instrumentos variados, que eles tocam rock progressivo. Claro que se pode comparar, assim como se compara Mogway ou mesmo Radiohead. Mas, hoje em dia, em tempos que o rock acabou faz 15 anos e tudo o que aparece parece chupado de algo com três acordes e nenhum neurônio ou vontade verdadeira, uma música um pouquinho mais trabalhada, sem perder o punch para isso, e ainda utilizando a formação de uma banda de rock é um alento.
sábado, 26 de julho de 2008
Sem sustos
Para tirar um pouco o peso das minhas costas, vi dois amigos meus dizendo que o mesmo acontece com eles com música e cinema - uma arte para cada pessoa. Acham tudo monótono, repetitivo, contando a mesma história de há cinqüenta gerações.
Talvez, com a idade, as novidades vão se escasseando. Ou simplesmente ficamos mais chatos. Infelizmente.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Além da 'Comida'
E demonstrando que, mais que um problema que se deve atacar a conseqüência - a milícia em si -, deve-se cobrar atitudes contra a causa - a falta de policiamento adequado, que traria paz à galera dali, que não deixaria ter traficante na região, que prendesse os ladrões... Enfim.
Os paramilitares arranjam grana controlando a máfia das vans piratas. O que também é a intervenção direta no domínio do estado. Se o município fosse mais cuidadoso com as pessoas que moram longe dos centro urbanos, dando ônibus decente, trem razoável e metrô de qualquer tipo, não teria como haver tanta Kombi caindo aos pedaços na área cobrando dos real para levar gente de Sepetiba a Campo Grande. A prefeitura encara o serviço público - transporte - como uma disputa privada - só as áreas ricas têm linhas suficientes (e até mais que o necessário, muitas vezes).
Outro braço da milícia que poderia ser facilmente desarticulado, sem um único tiro, apenas com investimento estatal, é o gás. Os milicianos também controlam a venda dos botijões, tascando um ágio no preço do distribuidor. Se a empresa que controla esse serviço investisse em levar o encanamento às áreas pobres... o resto você pode imaginar. Se não rolasse, que pelo menos organizasse a venda dos botijões mesmo. Mas não. Os milicianos que tomam conta.
Entretanto, o lucro maior da milícia, segundo um amigo meu que, além de fotógrafo de crianças, estuda o assunto violência, é o gatonet. Para quem não tem idéia do que é isso, uma explicação boboca e rápida: a pirataria do sinal de internet e TV a cabo de uma determinada empresa, cujo nome não precisamos repetir. Taí um serviço que não é público.
O "desvio" desse serviço é até curioso, porque - diretamente - ninguém sai perdendo, além da própria companhia. Pelo contrário, os moradores geralmente têm o mesmo serviço que os da Zona Sul e pagam apenas um terço por ele. A empresa em si também não perde nada - novamente: diretamente -, mas deixa de ganhar. O seu serviço não é atrapalhado, nem ela deixa de atender alguém porque o seu sinal está sendo multiplicado. Ou seja, é quase uma pirataria inócua - assim como o download de músicas, filmes etc.
Só não vou escrever que o ato de popularizar o acesso à internet e ao conteúdo diferenciado dos canais pagos é até interessante porque vão dizer que estou fazendo apologia - muito pelo contrário, sou 100% contra a milícia. E, ainda por cima, aqui em casa, nem temos TV por assinatura. Mas que a questão lembra a letra de "Comida", do Titãs, não tem como negar.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Teste
Copacabana é um bairro curioso. Talvez o mais sui generis de todos. Provavelmente uma espécie de metonímia da cidade. As antíteses, já evidentes no restante da urbe, aqui se aproximam do paradoxo. O abandono hiperbólico pelas ruas, com milhares de mendigos sobrevivendo dos restos da sociedade, convivendo com a grande parte dos turistas que aporta na Zona Sul. São os prédios com centenas de apartamentos pleonásticos, vítimas da especulação imobiliária, e a Atlântica que recebe livre a brisa da manhã. As calçadas lotadas de vendedores informais e as grifes caríssimas ao lado dos hotéis com várias estrelas. Os meninos de rua e as madames que andam, lado a lado, eufemisticamente, sem reparar uns nas outras, pelo calçadão. É aquela areia que parece que não acaba, sitiada, dividida entre figuras das mais diferentes estirpes. São as putas presas na praia, à noite, e as babás com seus bebês, da manhã. Copacabana é o microcosmo que reflete e antecipa o restante do Rio. Os engarrafamentos da Rio Branco na Barata Ribeiro. A praia de Ipanema, prima-irmã, que é menor e menos bonita. Os dois fortes que são mirantes tal qual o do Leblon e que foram construídos para a proteção da praia. É a população que vem da Zona Norte, da Baixada, dos subúrbios, do Nordeste, de todos os lugares. Copacabana é o Rio em menor escala, ou, como já disseram, o Rio é uma grande Copacabana.
domingo, 20 de julho de 2008
Faça a coisa certa
No Flamengo. Chamem o Spike Lee.
sábado, 19 de julho de 2008
Ligações ocultas
Gostei desse cara.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Puritano
terça-feira, 15 de julho de 2008
domingo, 13 de julho de 2008
Entre mim e você
Não foi Nietzsche quem disse que somos apenas egoístas? Bem, se não disse, o bigodudo deve ter pensado. É bem a cara do filósofo mais destruidor dos últimos séculos dizer que até os gestos mais bondosos, em que, em tese, fazemos em prol dos demais, o fazemos apenas para inflar, mesmo que intimamento, o nosso ego.
Claro que esse raciocínio tem via dupla - e por isso a escolha da frase inicial é aleatória, como expliquei no primeiro parágrafo. Ou seja, mesmo quando age simplesmente em prol de si mesmo, ele pode argumentar, filosoficamente, que estava agindo para tentar diminuir o ego do outro, ou que qualquer ajuda seria demonstrar como ele próprio se sente superior ao outro, ou ainda que ele não se sente capaz de auxiliar ninguém em nada.
A questão, provavelmente, é outra. Seria tão ruim o egoismo? Se o altruísmo não existe mesmo, como proposto aleatoriamente no início do texto, todas ações seriam egoísticas, ou seja, feitas sempre em prol de si mesmo. Bastaria a nós tentar diferenciar cada uma delas e separá-las em três grupos, as inócuas, as produtivas e as venenosas.
Mas, diferente do que foi dito até agora, proponho que o altruísmo exista, sim, mas apenas como utopia. Aconteceria quando alguém agisse sem pensar nas conseqüências de suas atitudes, sem imaginar ou esperar um bem das próprias ações. Ou seja, quando alguém é inocente, no sentido que a palavra tem de "não contaminado". Algo que só as crianças - de todas as idades - seriam capazes. Por isso a "utopia".
Dá para montar um esquema em que as atitudes são divididas em (a) impulso inicial, (b) ato em si, (c) conseqüência. (b) geralmente não muda, é um produto de (a) com (c). Se agirmos sem pensar em (c), estamos sendo altruístas. Mas para interromper essa história, porque isso daria um artigo enorme, fica uma pergunta: e quem é que consegue fazer isso?