Um dos primeiros livros de filosofia - que se propunha ser de filosofia - que li foi "O mundo como vontade e representação", do Schopenhauer. Hoje em dia, após Nietzsche, e sua destruição da metafísica platônica, e Heidegger e sua busca pelo ser das coisas, esse pensamento calcado no ser transcendental de Kant fica um pouco datada.
Não que o mundo não seja uma representação, mas porque pensar o mundo dessa maneira é meio século xix, quando o livro foi escrito. Isso quer dizer que eu não deveria ficar surpreso quando escutasse uma frase do tipo: "o mundo é a sua fantasia". Mas quem garante como vamos nos surpreender?
"Fantasia" é um bom substituto para "representação". Mas, como não existe sinônimo perfeito, ele vai além. Envolve a questão da ficcionalização do mundo, que me interessa teoricamente, e envolve, o que me deixou boquiaberto, a criação fantasiosa de uma realidade, do próprio mundo. Mesmo que "representação" também tenha um entendimento de representar algo, que remete facilmente ao teatro e portanto, também, à ficção, a fantasia lembra a indumentária infantil, a imaginação sexual, um mundo onírico demais para ser real. É como se a fantasia fosse mais irreal que a representação.
Esse raciocínio leva o conceito de Schopenhauer a um passo adiante, que por mais que seja datado ainda é muito verdadeiro para o sujeito contemporâneo, que realmente cria / ficcionaliza / produz mundos, com o ciberespaço. A fantasia é a nova metafísica. (mas aí já entramos novamente em Nietzsche e esse é um outro papo.)
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