Com as rádios on demand, tipo o Grooveshark, como fica o argumento do roubo por quem baixa música, vindo de quem defende os direitos autorais dos músicos (doravante "músicos")? Será que ainda dirão que, ao ouvirmos as músicas deles, estamos roubando a propriedade deles? Bem, mesmo sem a posse digital (física, então, nem falemos), e com um comportamento de consumo da música parecido com a de rádios comuns, esse raciocínio ainda se sustenta?
Qual é a intenção de um músico ao veicular seu trabalho em uma rádio comum? Seria algo além da divulgação? E se o álbum fizer muito sucesso e todas as músicas forem veiculadas na rádio-comum: será que os músicos reclamariam?
Ou ainda: o que difere as rádios-comuns e as rádio on demand, além do óbvio fato de nas segundas você, pessoa comum, poder decidir a ordem das músicas e a hora que se deve escutar - sob demanda, em uma única expressão?
Imagino que, mesmo assim, haverá argumentos de: e como vão sobreviver os músicos que não ganham dinheiro com esse tipo de veiculação. Porque, se há uma diferença entre as rádios-comuns e as sob demanda, na teoria, é que as comuns devem pagar por transmitir essas músicas. Na teoria, até os elevadores deveriam pagar os direitos autorais. Mas, bem, na prática, muitas indústrias musicais pagam o famoso jabá para passar suas músicas nas rádios comuns. Ou seja, o processo é o inverso do que deveria ser. Na rádio sob demanda, não é preciso ser pago para existir, mas para aparecer, é necessário mais publicidade.
Voltando: portanto, a questão de como os músicos vão sobreviver ainda não mudou. Eles não sabem, mas não será com a rádio sob demanda que vão sossegar - apesar de já haver projetos de publicidade e o próprio Grooveshark oferecer ingressos para festivais, shows, CDs inteiros de bandas correlatas com a que estou ouvindo.
No fundo, me parece que a reclamação dos músicos têm a ver com o fim de um sistema cômodo de arrecadação, que funcionava para alguns poucos, mas que ganharam poder com isso e que, por isso, querem continuar, preguiçosamente o processo. Mas, acredito, vai ser difícil.
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