domingo, 22 de dezembro de 2019

"Ode ao homem", de Sófocles

{CORO}Muitos os terrores e nenhum {EST. 1}
mais terrível do que o homem.
Ele além do mar grisalho
vai ao vento tempestuoso
335
através dos vagalhões
fragorosos e extenua
a suprema dos Deuses
Terra imortal infatigável
volvendo ano após ano
340
o arado com o equino.
Ele circunda e captura {ANT. 1}
o bando de aves leves,
a grei de feras agrestes
e a salina fauna marinha
345
nas dobras urdidas da rede,
prudente varão: domina
com perícia a selvagem
fera montesa, mantém
350
crinudo equino sob jugo
e indômito touro montês.
Aprendeu a palavra, {EST. 2]
a inteligência volátil,
355
as urbanas maneiras,
a fuga da geada inóspita
do céu e das intempéries,
multívio, ínvio a nenhum
360
porvir. Somente de Hades
não saberá fugir,
dos males impossíveis
descobriu a fuga.
Por hábil perícia de arte {ANT. 2}
além da expectativa
365
vai ora mal, ora bem;
venerando leis da terra
e jurada justiça dos Deuses,
alto na urbe; sem urbe
370
se por audácia não bem.
Não seja meu conviva
nem pense igual a mim
375
quem age assim!


Tradução de Jaa Torrano
segundo estabelecimento de texto de H. Lloyd-Jones e N. G. Wilson (OCT). Daqui.

Nenhum comentário: