A arte não funciona apenas no sentido mais pueril da palavra estética. Ela não serve apenas, ou, que seja, principalmente, para agradar os sentidos. Há nela componentes que são captados, direta ou indiretamente, e produzem mundo. Dito de outra forma: instituem valores, rasgam o tecido do real e estabelece novos parâmetros.
A arte não é o único instituto a quebrar e estabelecer paradigmas. Segundo Deleuze e Guattari, a filosofia e a ciência também alargariam (ou, em outros formatos, estreitariam) horizontes; mudariam, enfim, a linha do horizonte de lugar.
Não precisa ser algo inovador ou "revolucionário" - qualquer evento que cause efeito estético - e aqui a noção deve ser lida no seu sentido mais alargado, de provocar sensações - é algo artístico.
Quando se diz que uma determinada época - a nossa, por exemplo - sofre uma crise estética, acho que o diagnóstico está ligeiramente enganado.
É claro que algo acontece agora - e é óbvio que a questão estética não estaria livre da História. Porém não é bem uma crise estética, mas uma crise de uma determinada estética.
Houve uma aparição de determinada tipo de estética para um número muito amplo de pessoas, enquanto outro tipo de estética, que raramente era confrontada, foi colocada em questão, perdeu sua posição de superioridade absoluta.
O que essa estética que surge defende? Em primeiríssimo lugar, uma volta a um tempo que nunca existiu. Há um saudosismo e uma nostalgia que não podem nem ser vistos como conservadores: elas são retrógradas.
Não se quer explorar novos mundos ou ampliar horizontes, se quer voltar a uma infância, mesmo que fantasiosa, a qualquer custo.
Para mim, a chave de entendimento passa pela insegurança generalizada. Não se tem qualquer certeza de praticamente nenhum aspecto. Mesmo que esse seja o sentimento mais próximo da realidade que existe, pode-se pensar que houve um baque muito grande intergeracional, e não sabemos até agora como absorver isso.
Estamos querendo mais e mais proteção, mais cuidado, mais certezas. Em nenhum lugar nos sentimos acolhidos, ou estamos em casa. Como ter ainda força para enfrentar ainda uma novidade artística, que vai trazer ainda mais dúvidas?
Em outros momentos, a questão é ligeiramente ainda mais cruel: que horas conseguiremos nos dedicar a isso?
Quando vão destruindo tudo a nossa volta, é preciso uma força descomunal para sair do lugar. Não é todo dia que conseguimos. Às vezes queremos apenas o conforto do já conhecido.
A arte não é o único instituto a quebrar e estabelecer paradigmas. Segundo Deleuze e Guattari, a filosofia e a ciência também alargariam (ou, em outros formatos, estreitariam) horizontes; mudariam, enfim, a linha do horizonte de lugar.
Não precisa ser algo inovador ou "revolucionário" - qualquer evento que cause efeito estético - e aqui a noção deve ser lida no seu sentido mais alargado, de provocar sensações - é algo artístico.
Quando se diz que uma determinada época - a nossa, por exemplo - sofre uma crise estética, acho que o diagnóstico está ligeiramente enganado.
É claro que algo acontece agora - e é óbvio que a questão estética não estaria livre da História. Porém não é bem uma crise estética, mas uma crise de uma determinada estética.
Houve uma aparição de determinada tipo de estética para um número muito amplo de pessoas, enquanto outro tipo de estética, que raramente era confrontada, foi colocada em questão, perdeu sua posição de superioridade absoluta.
O que essa estética que surge defende? Em primeiríssimo lugar, uma volta a um tempo que nunca existiu. Há um saudosismo e uma nostalgia que não podem nem ser vistos como conservadores: elas são retrógradas.
Não se quer explorar novos mundos ou ampliar horizontes, se quer voltar a uma infância, mesmo que fantasiosa, a qualquer custo.
Para mim, a chave de entendimento passa pela insegurança generalizada. Não se tem qualquer certeza de praticamente nenhum aspecto. Mesmo que esse seja o sentimento mais próximo da realidade que existe, pode-se pensar que houve um baque muito grande intergeracional, e não sabemos até agora como absorver isso.
Estamos querendo mais e mais proteção, mais cuidado, mais certezas. Em nenhum lugar nos sentimos acolhidos, ou estamos em casa. Como ter ainda força para enfrentar ainda uma novidade artística, que vai trazer ainda mais dúvidas?
Em outros momentos, a questão é ligeiramente ainda mais cruel: que horas conseguiremos nos dedicar a isso?
Quando vão destruindo tudo a nossa volta, é preciso uma força descomunal para sair do lugar. Não é todo dia que conseguimos. Às vezes queremos apenas o conforto do já conhecido.
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