3. De onde vieram suas referências e inspirações para escrever o livro?
Além das referências e inspirações mencionadas acima, da minha vida pessoal e profissional, há algumas obras clássicas que dialogam com "Maquinação", algumas direta outras indiretamente. Suspeito que a principal referência, mesmo que não explícita, é 1984, de George Orwell, com o seu mundo de repressão, com uma instância superior sempre controlando o que fazemos. Um spoiler: há um certo trecho de "Maquinação" que, para mim, é a tentativa de responder ao trecho correspondente do livro de Orwell. Ele propõe uma determinada solução talvez mais sombria, eu acho que o pessimismo deveria ficar para tempos menos complicados. Como uma espécie de complemento, há também alguma coisa de Admirável mundo novo, do Aldous Huxley, principalmente a maneira de dizer que, bem, não basta nos revoltarmos contra os poderes que querem coibir nossas vontades, nossos desejos -- ao contrário. O "sistema" (para usar um termo genérico e impreciso) não precisa mais nos reprimir, ele também pode lucrar com a nossa "liberdade". Acho que Blade runner também é uma referência forte, inclusive porque a continuação do filme foi lançada durante o processo mais duro de escrita do livro -- sobretudo na atmosfera e ambientação. Aliás, uma das epígrafes (adoro epígrafes) pega uma frase de um dos curtas feitos para lançar a sequência do longa clássico da década de 1980. Ainda na categoria filme, Branco sai, preto fica, do Adirley Queirós, tem uma ou duas coisinhas que eu roubei para o livro, acho que é fácil identificar. Por último, mas não menos importante, acho que a minha principal referência, mesmo que não necessariamente na superfície, é o argentino Jorge Luis Borges. No caso de "Maquinação", há uma certa cena, ao fim da segunda parte do livro, que, para mim, remetia diretamente ao conto "El Aleph".
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