quarta-feira, 31 de março de 2004

Mentira

Aquela noite como um todo (fico pensando como pode ter sido apenas uma, já que eu me lembro tão bem dela especificamente? O que me aparece como justificativa, agora, é que tudo o que ocorreu foi uma espécie de profecia irônica) está borrada na minha memória pessoal, ao ponto de só a vislumbrar ante um halo redondo e embaçado de mercúrio.

Sabe que confessar isso não é tarefa simples para mim. Pinço as palavras para eufemizar todo o relato e fazer com que toda a cena principal, que é infinitamente subentendida antes mesmo de eu começar a escrever, pareça o mais inevitável possível, que aconteceria com qualquer um, no meu lugar. Apesar de saber que alguns de vocês não vão acreditar em mim, ou pelo menos nessa versão da história, tentarei ser imparcial - donde posso resvalar na utopia.

A mea-culpa parece óbvia. Imaginam que, mais uma vez, tomei atitudes irresponsáveis, por não ter medido o tamanho das conseqüências antes da ação. Uso como argumento de defesa - nesse tribunal que se instalou na cabeça de cada um - a minha falta de intenção em causar qualquer tipo de mágoa nas pessoas. Se pode ser visto como atenuante, afirmo que não me inclinava, em meus gestos, a isso e que tudo por conseguinte foi fruto de minha inocência, no sentido de falta de maturidade, ou malandragem, para usar uma imagem comum.

Pior fica se alguns fizerem as contas e perceberem que naquela época estava eu com alguém a quem me referia como namorada. Naquele dia, porém, tomamos caminhos distintos e só mantive contato com ela na noite, quando ela me ligou e tentei fingir sobriedade. Foi o momento único.

Lembro que a encontrei (a origem desse tripé) e alguns devem se lembrar dela num aniversário de um amigo nosso em comum. Não digo o nome porque seria entrega em domicílio, informação essa que quero manter reservada. Ela estava escondida da vista de todos, lembro que parecia sumir diante da minha incapacidade de perceber o óbvio. Quando retornei para o meu corpo em pé estava ao lado dela surpreendi-me. As vírgulas me somem nesse momento. Como cheguei ali: é melhor perguntar para as latas amassadas deixadas pelos cantos.

O resto é deduzível.

Agora vivo aqui, na distância, amargurado, sem saber se a mentira existe ou se é descendente apenas da ficção. Sem saber o que ou quem encontrarei quando adentrar o internacional no Rio. Talvez seja apenas a minha culpa que me persegue para cobrar a sua gorjeta. Talvez seja apenas a verdade, que bate a porta, que tarda e raramente falha.
Hoje eu me pergunto quem sou eu, nesse instante que respiro com dificuldade, porque apenas suspeito, não sei ao certo; nesse segundo que é o primeiro que escrevo; nesse detalhe da rede que eu busco. Quem sou eu que viajo, mas quero voltar; quem sou eu que não tenho idéia de onde isso tudo acaba. Quem sou eu que fui, sou, serei. Ou talvez não. A cada dia, a cada linha lida com vontade, com confiança, com troca, acredito em algo que duvido. Agora, sei que não acredito e, pelo menos nesse exato segundo, não me martirizo. Não sei se é eterno, nem sei se eterno há. Sei que nesse detalhe temporal, onde deixaram-me espiar atrás da cortina, sinto sozinho e sem destino (se é que ja tive finalidade). Choro por aquilo que não tenho certeza, quando talvez fosse melhor ter apenas paciência... Rodo, giro, entorno, como um cachorro em busca sagrada pelo próprio rabo e sempre retorno ao mesmo ponto: que talvez seja essa a única coisa a aprender. Talvez valha a pena continuar nessa labuta sem labuta pelos truques que se aprende; pelas piadas, pelas risadas, pelos botecos de esquina, pela madrugada a dentro. Talvez seja pela surpresa. Mesmo que impessoal, mesmo que nervosa e tristemente recebida, talvez valha a pena deixar o tempo girar apenas para mudar de ares. E eles, apesar de serem os mesmos, sempre cambiam. Outro detalhe que se avista seria a capacidade imprevisível de saber coisas (ou suspeitá-las com tanto afinco que se engana em realidade). Tende a crescer aritmeticamente, caso seja a vontade de alguém. Não me pergunte quem. O mundo conspira contra você. Tudo tende a dar certo. E no final, ambas são equivalentes e se anulam. Por isso, escrevo. Para que ocupe esse latifúndio improdutivo chamado minha cabeça e que não deixa as coisas descerem ladeira abaixo. Enquanto procuro palavras que sejam fingidamente novas, mantenho minha visão próximo do horizonte e a espinha ereta.

Eu, que não sabia o que escrever, consegui embromar mais um dia.

terça-feira, 30 de março de 2004

Martha's Vineyard

Como dito anteriormente, fui a Martha's Vineyard, ilha no litoral de Massachussets, na semana passada, visitar meu camarada Eládio.

De cara, dois aspectos ocuparam praticamente toda a minha visão da ilha. Destrincho-os:

a) Ricos e Famosos:

Comparar Vineyard com Búzios é desleal; esta é menor e não tem nem um terço da organização (anglo-saxônica) daquela. Mas é o mais próximo que posso fazer. Para se chegar lá, deve-se tomar uma balsa que lembra a de Ilha-grande (não há ponte ou qualquer outro meio de transporte que não seja marítimo) e há números limitados de carros por cada barco - tirando o fato que é extremamente caro para atravessar as dez milhas. Porém, Martha's Vineyard (algo como vinícolas de Martha, o nome de uma das filhas do dono de toda a região há trocentos anos atrás) atrai muita gente porque é espetacularmente bonita. Tão bela que o Spielberg a usou para fazer o seu "Jaws" (dizem que o último dos irmãos Farrel, com o Matt Damon, também passa por ali). Tão linda que é destino certo de vários atores do cinemão americano. O John Belushi está enterrado lá, o irmÃo tem uma casa até hoje; o Dan Aykroyd passa todos os verões por ali; vi a casa do Michael J. Fox; o vocalista do Lemonhead nasceu e cresceu lá; Bill Clinton comprou pão e sorvete na grocery que meu amigo trabalha (no seu dia de folga); e Bruce Willis deixou uma nota de cinqüenta para pagar um milk-shake de cinco com o irmão do Eládio, só porque a bebida era realmente boa. Isso tudo sem falar que o John Kennedy Jr. morreu com o seu ultra-leve nessa ilha e que há uma lenda que sua família (a maledita) possui o terreno inteiro de uma praia extraordinária.

Fui no início de primavera e a população é de 20 mil habitantes. No verão chega a 100 mil. Nem quero imaginar.

b) Pobres e Imigrantes:

Impressionante, também, a quantidade de brasileiros na ilha. Eládio achou estranho que eu não tivesse encontrado nenhum na balsa que me trouxe. E, ao final, eu estranhava ter que falar inglês em algum lugar. Há uma churrascaria perto de onde abastecíamos (está escrito "churrascaria" na placa). Ele comprou uma lata de guaraná no primeiro dia, numa loja que vendia até Maizena. Comi frango com quiabo (há algo mais brasileiro, sem ser clichê, que isso?). E nas lojas que Não são brasileiras, cujos donos são americanos tradicionalistas, há sessões inteiras de produtos da terrinha. Ovo de chocolate garoto? Tem sim senhor.

Na biblioteca (aliás, um dia tenho que escrever sobre isso. Todas as cidades daqui, todas, sem exceção ou preferência, têm uma biblioteca com acesso gratuito a computadores com internet, e facilidade para pegar livros) tinha uma parte só com livros do Brasil. Não era sobre o Brasil. Indo de Jô Soares, L.F.V. até C.D.A., Guimarães Rosa.

Os brasileiros que não tem um domínio completo da lingua local, tentam de todas as maneiras manterem-se conectados com a terra brasilis. Pude assistir, por exemplo, na casa da mãe do Eládio, a vinheta do RJ TV e as chamadas do Linha Direta da record (sei lá como é o nome, ora). Os camaradas que encontrei lá, acompanhavam com mais afinco o campeonato carioca que eu, quando estou no Brasil. Um deles estava contente porque estava para chegar a camisa do vasco que ele havia comprado pela internet.

O Eládio até que não (talvez por ter sempre a facilidade de se expressar em inglês e se entender perfeitamente; talvez porque sempre gostou de uma cultura importada, ainda no Brasil, como o rock, ou os filmes estrangeiros; talvez porque tenha uma namorada americana), mas os outros me pareceram que queriam criar uma nova pátria natal aqui. Com as qualidades portáteis (comidas e entretenimento) e sem os defeitos (desemprego, baixa-remuneração e insegurança). Mesmo assim, percebi que quase todos sentem uma saudade sem tamanho do Brasil. Todos queriam escutar como anda o Rio, e se deliciavam a cada coisa ridícula que eu narrava. Lembro quando disse que os ingressos do White Stripes esgotaram-se semanas antes do show, um deles quase não acreditou e se sentiu, como diria?, orgulhoso por isso.

Eu, que me sinto como uma espécie de turista (talvez porque tenha a certeza da minha volta), que quero fazer / conhecer as coisas que os americanos fazem, só para entender como esse povo exótico se comporta, me senti distante dos meus conterrâneos. Mesmo que falássemos a mesma língua, não tínhamos a mesma linguagem.

ps, essa namorada do Eládio, Rebbeca, é de uma cidade no norte de Massachussets, algo como North Hampton, não sei ao certo. E disse que viu, inúmeras vezes, de perder as contas, o Sonic Youth ainda quando eram uma banda de garagem. São da mesma cidade... E ela fez faculdade na University of Massachussets na mesma época que um tal Black Francis e uma tal Kim Deal; as festinhas tinham sempre esses que vão tocar em maio em Curitiba. Disse para ela que a odiava.

segunda-feira, 29 de março de 2004

C.K.

Antes de vir para cá, (acho que já falei disso. Mais uma prova que eu sou um sujeito repetitivo...) fiquei tentando enumerar alguns americanos que tenham produzido algo realmente relevante (in my humble opinion). E consegui uns quatro ou cinco nomes sem esforço nenhum (se interessar: Woody Allen, o Sublime, o Interpol...). Quando cheguei, houve uma certa decepção porque os americanos da Carolina do Sul realmente comprova(va)m os piores estereótipos americanos. Foi como se um gringo chegasse no Brasil e encontrasse uma recepcionista vestida de Carmem Miranda, por exemplo.

Foi então que eu lembrei do Bill Murray e todo esse humor sarcástico que ele tão bem representa. A gente não precisa escutar ele falar nada para achá-lo engraçado, basta que o olhemos, com aquela cara dizendo quase sempre: "tu é um idiota, como não tinha percebido isso antes?". E eu tenho certeza que já escrevi sobre isso. Mas é que ele foi o primeiro, sabe como é. Agora foi a vez de comprovar que o Charlie Kaufman é fora-de-série.

Como no caso Murray, já conhecia o escritor-e-roteirista desde o Brasil, mas só aqui o sujeito me pegou pelos olhos. Não acho que tenha alguma coisa a ver com conhecer o lugar onde ele vive e entender melhor as piadas dele, nada disso. Acredito mesmo que tive a sorte de ver suas melhores coisas aqui, só isso.

Começou ainda na semana passada com o "Eternal Sunshine of the Spotless Mind". Desde a primeira vez que tinha assistido o trailer dessa (?) comédia-romântica (?), fiquei fissurado em vê-la. Muito mais porque era dirigido pelo Michel Gondry (que até o momento é o melhor diretor de video-clipes do mundo) que por ter sido roteirizado pelo Charlie (e menos ainda por causa dos atores: Jim Carey, Kate Winslet e uma galerinha alternativete).

Esse meu comportamente se explicava porque já tinha visto os dois outros roteiros dele dirigido pelo Spike Jonze, "Being John Malkovich" e "Adaptation". Apesar de ser - o primeiro deles - inegavelmente diferente de tudo o que já tinha sido feito, numa época onde a originalidade NÃO é uma das qualidades prioritárias nas escolhas hollywoodianas, o que dá um mérito enorme para essa produção, "Being..." se torna meio chato ali pelo meio. Parece que era um filme com uma boa piada que se estica, sei lá. "Adaptation" também sofre do mesmo problema. Tem ótimas qualidades, um roteiro espetacular (com um formato original p'ra cacete, já que era impossível mexer muito no conteúdo), atuações memoráveis (Nicolas Cage em dobro) e surpreendentes (Merryl Streep cheirando uma droga verde? Quem imaginaria?), fica meio monótono ainda na metade.

Então veio "Eternal...". Rapaz, o que dizer daquele filme? Tem suspense, tem surpresas, tem uma puta história de amor que me fez soluçar, tem imagens inacreditáveis de bonitas, tem Jim Carey em mais um papel sério e ótimo, tem humor do tipo biscoito-fino e pastelão e tudo numa história que parece, a primeira vista, datada, comum, sem graça. Já entra para a minha lista de 2004 sem fazer nenhum esforço ou concessão.

Logo depois vi "Confessions of a dangerous mind" e vi que muitas das características se repetiam, só que com o plus de também pegar uma história convencional e transmutá-la em algo que, se não fosse tão bem feito, seria dificílimo de acreditar. E só então percebi que o problema do "...Malkovich" e do "Adaptation" talvez não seja quem o escreveu. Quase não acredito que algo escrito por ele pode se tornar chato. Quase. Talvez sirva para comprovar que um diretor pode salvar um péssimo roteiro, mas um roteirista pode ser estragado por um diretor (por enquanto) só mais ou menos.

Por favor deus - esse que n?o existe, numa paráfrase de meu camarada César - que eu queime minha língua sem dó.

Talvez esse seja o motivo que a filha do Coppola largou do tal diretor.

ps. ainda existe outro filme escrito pelo Kaufman, segundo o IMDB. Chama-se "Human Nature" e é só dirigido pelo tal Gondry. Vou hoje na locadora.

ps 2. De acordo ainda com o IMDB, o Kaufman e o Jonze 'tão se dando uma terceira chance. 'Tá em pré-pré-produção. Esperar para crer.
Só para terminar o papo de shows, uma semana e uma informação (completamente diferente) a mais.

Sempre conversei com esse meu amigo que mora aqui sobre a diferença das platéias do Brasil para os States. Cresci ouvindo a história que o brasileiro tem gingado, suingue, o samba grudado no pé. E essas "qualidades" devem (ou pelo menos na minha cabeça deveriam), ser traduzidas em algo palpável ou visível em concertos. Como ele teve (e tem sempre, fila-da-puta, que inveja) a oportunidade de ver um pearl jam, ou um rage against the machine, perguntei se ele tinha sacado isso. Ele me respondia que o Brasileiro (essa massa sem rosto) consegue acompanhar qualquer ritmo, seja dançando ao som de palmas ou apenas batucando na caixa de fósforo. Coisa que gringo não fazia.

Porém, assisti, desde essa conversa (há longíquos quatro anos atrás) alguns shows no estrangeiro que me fizeram duvidar da ineficiência além-mar. Se eu não me engano (o que duvido), foi aquele Roseland do Portishead. A cena de toda a platéia, sentada, e acompanhando às palmas Roads é de encher de lágrimas os olhos, sem frescura. E pensei que (o raciocínio que o Brasileiro tem de si mesmo) era uma forma de orgulho nacional, aplicado às coisas mais cotidianas e corriqueiras. Tipo: "Não temos igualdade social, mas sabemos tocar um tamborim e rebolamos melhor que eles".

Porém qual foi a minha surpresa ao pegar a capa do dvd do rush - se pronuncia ru-xi :O) - onde o mago dos 18 braços, mr. Neil Peart declara algo curioso sobre o Brasileiro.

Pausa para dizer que também fui nesse show no maracanã. E que, apesar deles estarem velhos, serem frios, calculistas, milhas distantes da urgência que o rock vende, ou deixa vender, o Neil Peart é impagável. Não se discute isso. O que ele faz ao vivo não era parecido com o que tem em estúdio; é idêntico. O sujeito não é humano, numas das abduções corriqueiras que ets fazem conosco, devem ter deixado-no por engano, e para o nosso deleite. Mas voltemos.

Ele diz, resume numa frase singela, e me responde, tudo ao mesmo tempo, que não é qualquer platéia que acompanha, nota por nota, a YYZ (que é totalmente instrumental). Eles sabiam que uma platéia assim não se encontrava em outro lugar.

Quem já deu o mole de escutar o rush, já escutou essa música com certeza. As versões ao vivo ainda são melhores porque tem um solo que não existia no estúdio. E sabe que não é qualquer um que conseguiria tocar toda a música. Aliás, duvido que qualquer um dos roqueiros urgentes, punks, um-dois-três-quatro consigam fazer isso. ('Peraí, antes das pedradas, não 'to defendendo nem atacando: o fruta do Geddy Lee também não conseguiria fazer metade das coisas que Joe Strummer ou qualquer um dos Ramones conseguiu fazer). E, o extraterrestre das baquetas diz que o Brasileiro, com o seu instrumento, o coro, consegue tocar a YYZ. Nada mal para encher a nossa bola. Já estou orgulhoso novamente.

segunda-feira, 22 de março de 2004

Shows

Conheço - moro com - dois sujeitos que não fazem nenhuma questão de ir em shows. Dizem que não gostam da bagunça, nem de ficar suados, e que o som em casa passa a mesma informação/emoção. para eles. Para mim, isso é o atestado de insanidade mental temporária deles. Gosto daquela gente se empurrando, cantando em coro o refrão da música, sendo regida pela banda. Uma das melhores lembranças da minha vida foi o Rock in Rio 3, dia 13, com a finada Cássia Eller (nesse momento encontrei com vários amigos e abrimos uma roda imensa ao som de "Smell like Teen Spirit" sob a benção dos seios, direito e esquerdo, de dona Eller) Beck, Foo Fighters (o que foi cantar parabéns para ele?), e R.E.M. (Na hora que o Michael Stipe adentrou o palco, o povo-polvilho urrou de uma catarse prazerosa, de uma alívio, de agradecimento, em homenagem... sei lá, foi espetacular).

Inesquecíveis também foram os shows menos grandes, na adolescência: Iron com o gordo do Bailey, antes da maidenmania atual, Bad Religion (um amigo meu estava com a sua "amiga", e quando ouviu os primeiros acordes de "American Jesus", a largou para só encontrá-la ao final do espetáculo. Lembro que ele me disse que até tinha se planejado ficar com ela, mas, não se conteve...) e um do Offspring (onde o Dexter quebrou bonecos dos Back Street Boys). Também rememoro sempre o Rappa no Canecão, abrindo para o Asia Dub Fundation (discuti com um amigo meu o show inteiro), e o Los Hermanos, tanto no palquinho do Cine Íris, no lançamento do segundo disco, quanto no Canecão, no do terceiro...

Mesmo assim, não consigo ir em tantos shows quanto gostaria. Lembro de uma conversa que tive com a minha mãe assim que descobri que não poderia ir no show do Ramones na turnê "Adios Amigos", porque não tinha idade suficiente. Ela me respondeu para ter paciência porque quando chegasse a minha vez, teria novas bandas para eu assistir... Coitada, não sabia o que estava me profetizando. Sim, há sempre bandas que quero ver, mas e as coincidências que não me permitem ir a eles?

No penúltimo Free Jazz (Ih, lembrei que também vi o Roni Size fazer uma apresentação didática do que era "Drum" e "Bass" - sensacional. E, o show do Sigur Rós, onde era impossível ficar impassível... e o show do Mogwai, no cais do porto, onde as pessoas estavam literalmente hipnotizadas, sem reação e o som, de tão alto, derrubou um pedaço do teto...), voltando: no penúltimo Free Jazz, a organização conseguiu trazer, nada mais, nada menos que o Sonic Youth. Tinha desistido de tentar porque era (era?) um completo e infinito duro. Mas, como murphy é um filho-da-puta sem mãe e sem alma, um ingresso pintou para mim, horas antes do show, de graça... Já tinha marcado uma entrevista de estágio para o dia seguinte e naquela época ainda tinha algum senso de responsabilidade... Só me restou ler as matérias no dia seguinte, depois da entrevista do estágio, que, pelo menos, veio a me contratar.

Ano passado, teve Ms. Betty Gibbons, White Stripes e toda uma programação descolada no tal Tim Festival. Não fui porque os ingressos acabaram duas semanas antes do previstos - por mim. Agora, 'tô aqui nesse frio e rola o Norman Cook na praia do Flamengo, dava p'ra ter ido a pé... Mas fiquei um pouco mais tranqüilo quando o amigo que vou visitar em Massachussets me disse que rolaria Bob Dylan numa pequena boate lá. (acabei de lembrar que vi Eric Clapton na apoteose, foi o show mais, como direi?, deliciosa da minha vida.); o bardo normalmente faz apresentações para multidões e abriria uma exceção para mim (:O))... olha que legal. O problema, o de sempre: os ingressos acabaram em rapidamente. Por isso, você que comprou os ingressos para Pixies em Curitiba, não me dirija a palavra sobre tal assunto até depois do show. Ou melhor, nunca. Pode apagar esse assunto das pautas para conversas comigo. Não precisa me contar como foi, ou o quanto você gosta deles, ou como está a programação do CPF esse ano. Eu realmente não me importo com isso, 'tá bom?
Mundanças.

amanhã, Martha's Vineard, MA. A terra onde os Kennedy têm casas; um dos lugares mais caros dos estados unidos, 40 minutos de Boston, se conseguirmos lugar na barca.
Apenas três meses depois, se encontraram.

Oi.

Oi.

'Cê tá bem?

'Tô. E você?

Arrã. Como foi a viagem?

Boa... Mais ou menos. Não, foi boa.

Muita confusão, né?

Não foi só isso. O problema é que gastei muito mais dinheiro do que eu 'tava a fim...

Entendo.

Você vai ficar um tempo aqui?

Vou.

Quantos dias, quero dizer, quanto tempo?

Não sei ainda. O quanto der.

Legal.

Também acho.

Você... Como foi o tempo aqui, enquanto eu estive fora?

Difícil...

Por quê?

Porque aconteceram coisas que nunca tinham acontecido antes...

Como assim?

Não dá para explicar agora.

Você sentiu minha falta?

Se eu senti sua falta?

Sim...?

Humpf... Você era o menor dos meus problemas, o que eu sabia que o tempo ia consertar. Mas sim, senti muito a sua falta.

Hum.

E você? Ainda se lembra de mim, da gente?

É claro...

Que bom...

Eu...

Fala...

Fala você.

Não, fala você.

Acho isso tudo muito estranho.

O que?

O que o que?

O que você acha muito estranho?

A gente, de novo, depois desse tempo.

Por quê?

O que eu lembro me parece tão bom que não pode ser verdade.

Como assim?

É como se fosse um pedaço de um sonho muito bom, daqueles que a gente nao quer acordar, e agora você 'tá aqui... É estranho.

Eu também já não acreditava que poderia ter vivido tudo aquilo.

Será que a gente viveu exatamente o que a gente lembra? Será que se começarmos a lembrar dia-a-dia, vamos ter as mesmas lembranças?

Eu duvido.

E como a gente pode comprovar que o que a gente lembra, mesmo que nós dois lembremos a mesma coisa, seja algo que nós vivemos, e não "apenas" sonhamos em conjunto?

Nós nunca vamos saber.

As minhas memórias da realidade se misturaram com as dos meus sonhos.

As minhas também, as minhas também.

sábado, 20 de março de 2004

História para crianças

Ontem, quando tomei banho, bem encontrei uma joaninha dentro da banheira. É mesmo, bem pequenininha. Menor que a unha do meu dedinho do pé. Ela 'tava andando na minha direção e eu pensei: "será que é a joaninha, ou o joaninha?". Mas, logo em seguida, me esqueci disso porque a joaninha insitia em caminhar, devagarinho, devagarinho, para o ralo. Eu liguei o chuveiro e joguei água nela; não queria que ela morresse, né? Ela nadou, nadou e ficou longe à beça de mim. Mas nada de Joaninha desistir. Assim que a onda voltava para mim e a bichinha colocava as patas no chão, ela voltava a andar. Parecia encasquetada, sabe quando queremos algo, e não conseguimos pensar em outra coisa? De novo joguei água - dessa vez com espuma do sabão - e de novo ela fez a mesma coisa. Que burra era essa joaninha... Mais uma vez joguei água e já tinha esquecido de continuar o banho e outra vez ela vinha para mim. Não adiantava eu falar com ela: "Pára, Joaninha, você vai morrer afogada!" Foi então que eu juntei todas as minhas forças, tapei o ralo para juntar um pouco de água, e taquei uma pernada forte p'ra burro na pequenina. Ela subiu que nem quando estamos na praia e uma daquelas ondas grandonas passam por a gente, e depois voltou, na minha direção junto com a onda e foi direto para o ralo. Ainda tentei meter a mão dentro do cano, mas não deu, não dava mais. 'Tadinha, fiquei com uma pena dela...

versão otimista

Foi então que eu juntei todas as minhas forças, tapei o ralo para acumular um pouco de água, e taquei uma pernada forte p'ra burro na pequenina. Ela veio e eu consegui, rapidinho, tapar o ralo: ela ficou boiando. Lembrei que era uma joaninha apenas e "por que eu nao a pegava na mão e a tirava dali?". Depois, quando eu me secava com a minha toalha verde, a vi, andava feliz e contente pela parede do banheiro, com todos os seus amigos joaninhas.

sexta-feira, 19 de março de 2004

conscience

hey man, what's up? why are you this way? Why do you think this kind of things, why do you wanna hurt somebody? No, don't come to me to say that everybody can be save, 'cos you know it's a lie. One day, when you shall not need this, you gonna fell on the hard floor. try how many ways do you want, but you better be sure what is waiting for you. ok, it can the farness, the solitude, and, "com'on, they are just thoughts", but, stop them, at least, where they are. Do not allow they cross the safety line.

hey, are you nutts? do you think that I am here just to make you fell guilty? Listen, I do not exist, to tell you the truth. I am here just to talk, this kind of stuff that you think that is important.

Yeah, let's put some music, fill all the ambient not to fell alone. Go read some books. The same book, the history class book. Go surf here, look for something to talk when you will have someone to talk. and make your own patience. like a painter make his pictures, drawnings. like a sculptor, like a old man waiting for his hour... wait, the only thing there is to learn.
Fora-do-ar

A vida de imigrante é, no mínimo, tema para pensamentos de botequim. Amontoam-se em casas pouco confortáveis, luxo distante, da maneira que conseguem, se alimentam com que é mais prático e barato, e não têm nenhuma pretensão de sair para se divertir ou coisa parecida. É igual para os chineses que vão para o Brasil, para os paquistaneses na Inglaterra ou para os brasileiros na Flórida.

No caso desse programa de "intercâmbio", ainda temos uma desculpa esfarrapada: é por tempo limitado, junta-se uma grana e vai-se de retro embora. Mesmo assim, duas semanas já é um tempo considerável para não saber nada do que acontecia ao meu redor (eu fiquei 7 hibernando). Lembro que amigos meus me perguntavam sobre o John Kerry e como era a reação dos americanos sobre ele. Nunca sabia responder além do óbvio: ele, pelo menos, é democrata, numa eleição que os dois partidos daqui vão ter que se diferenciar. (Aqui, por nao terem o dever de ter o direito de votar, as urnas sempre se dividem pela metade, com 40% apenas de presença do povo. Na Espanha - sei porque está fresquinho - a média é acima dos 60%. No Brasil, quanto seria, se desse praia no dia?)

Outro "detalhe" que me surpreendeu foi o atentado em Madri. Não sabia de nada até o dia 13. Parecia que vivia num mundo paralelo que não sofreria interferência de nada externo. Então percebi como eu sou urbano. Estava num lugar lindo, que lembrava o Brasil, com pássaros cantando de manhã, com flores coloridas por todos os lados, com uma praia enorme e quente e perto de casa e eu preocupado com os escândalos políticos do Lula. Outro amigo meu já tinha me advertido que eu leria todo o jornal assim que tivesse longe, mas eu disse que não. E asseguro que resisti por um longo período, mantendo minha rotina do segundo caderno, apenas. Aqui, com o tempo livre, já não mais.

Por último recebi um email de lista onde tinha uma foto que eu não reconheci os personagens. A legenda dizia: em rede nacional. Fiquei horas tentando decifrar quem eram aquelas pessoas, até que me convenci que o sujeito era um amigo meu da faculdade e a menina, uma mulher horrorosa que ele tinha encontrado na noite. Em rede nacional, talvez, porque ele tinha aparecido num jornal, coisa não muito difícil, vide nossos conhecidos. Então começou a pipocar mensagens sobre a foto e descobri que a polênica envolvia participantes do big bróder. Nessas horas, agradeço ficar fora-do-ar.

quinta-feira, 18 de março de 2004

Sobre a FL.

Agora que me desliguei da Florida, que tenho tempo e um (alias dois) computador(es), pensei em escrever sobre o mais brasileiro dos estados americanos. (A afirmacao pode parecer presuncao, principalmente de alguem que nao conhece nem 20 provincias americanas, mas nao eh. Duvido que haja algo tao tupiniquim quanto a ponta mais meridional e oriental americana)

Porem, percebi que, tirando esse ultimo parenteses - que eu nao vou destrinchar mais do que estah, nao tenho muita coisa para dizer sobre aquele lugar calorento e caloroso onde tiveram o maior problema da democracia americana, nas ultimas eleicoes presidenciais, ha longiquos quatro anos atras. Porque, simplesmente, nao conheci o lugar, eu mesmo. Ficava tanto tempo enfiado dentro da loja, onde servia de escravo branco, que nao pude conhecer o way of life de lah.

Posso sugerir alguns detalhes, apenas pelo que eu ouvi, ou vi. Como eh um lugar de calor, dentro de um pais inteiro soterrado pela neve, obviamente toda a costa floridense se torna ponto de encontro de pessoas de todos os lugares dos eua. Via mais placas de Nova Iorque e Massachussets que da propria Florida. E, das poucas pessoas locais, menos ainda eram naturais de lah.

A Florida eh um lugar de fuga. Vai para lah quem quer ficar perto do calor, perto do turbilhao de consumo que sao os estados unidos. Nem preciso dizer que encontrei brasileiros quase pendurados em arvores. (Isso eh um exagero, mas gostei da imagem). As cozinhas dos restaurantes tinham como idioma oficial o espanhol; e se 12,5% da populacao americana se diz latina, uma boa parte dela estah na Florida.

Tirando isso, os americanos WASP que vao para lah, estao todos contentes e felizes e sorridentes. E com muita vontade de gastar todas aquelas economias que eles sofreram tanto para juntar o ano inteiro passado. Frase de efeito, para parecer pseudao:Norte-americano nao economiza, gasta. (Inclusive eh isso que faz a maquina economica americana girar, mas isso eh papo para outro dia).

O primeiro lugar que tinha side-walk. Achei um bom detalhe, porque na Carolina do Sul, tirando o Downtown da cidade onde estavamos, ignoravam que poderia haver alguem que pudesse, quisesse, tivesse a pretensao de andar a pe. Em Buffalo, 'tadinhos, todas as calcadas estao soterradas por quilos de neve. Mas, mesmo assim, ninguem andava a pe. O maximo que vi foram mexicanos andando de bicicleta. Ou senhores com senhoras passeando de maos dadas no entardecer - que, vale o detalhe, eh lindissimo.

AH, lembrei de uma coisa interessante: a praia tinha quinze milhares de tipos diferentes de passaros. Pelicanos, gaivotas, albatrozes e outros que nao suspeito o nome. Um dia, ateh, tentei comer um sanduiche de pao e queijo, pobrezinho, na praia e milhares de gaivotas ficaram rasando minha cabeca, sugerindo que eu deveria compartilhar com elas. Como eu sou um pouco lento (adoro eufemismos), demorei ainda alguns segundos para perceber que eles nao diferenciariam minha mao do pao e soh entao adentrei o hotel que estava.

Mas o lugar era legal. As pessoas eram extremamente mais calorosas (tirando o lugar onde eu trabalhava, onde, parecia, queriam balancear a simpatia que emanava nas ruas sendo todos grosseiros e anti-paticos) que na Carolina do Sul, onde conheci pessoas ordinarias, sem nenhum vinculo comigo. Sempre querendo ajudar, dar uma carona, ou apenas, mesmo, conversar para saber de onde vc vinha e o que fazia ali. Teve um argentino que eu encontrei umas quatro vezes, sendo umas tres nos ultimos tres dias que ficaria ali, e todas as vezes ele me convidava para comer um "barbecue", para "hang on". Engracado, nos conversavamos em ingles, mesmo que ele seja meu vizinho de pais e fale uma lingua razoavelmente parecida com a minha... Coisas do monopolio mundial.

Depois escrevo mais.

terça-feira, 16 de março de 2004

Pela primeira vez - jah escrevi esse pensamento umas tres vezes hoje - me sinto livre realmente. A partir de amanha, comecando jah hoje, nao tenho que fazer nada daquilo que nao quero. Serei apenas gerenciado pela minha vontade plena. Repetirei todas as coisas boas que fiz em Buffalo, visitarei um grande amigo que nao vejo ha extensos anos em Massachussets, conhecerei Nova Iorque e depois voltarei para o Rio.

Aqui, fechei o ciclo de tres "seasons" em territorio americano. E antes de voltar para casa, conhecerei a quarta estacao. Como um pais temperado, percebi formas diferentes de comportamento nas diferentes temperaturas. E nas diferentes latitudes. A Carolina do Sul era-eh um lugar de caipiras pouco instruidos que nao tem onde gastar o dinheiro que todo o sistema americano de "make money" lhes dao. Parece o resumo do pior que os Estados Unidos tem. Eh deprimente e agoniante. Buffalo eh o suburbio por definicao da America. Pessoas que trabalham muito, que tem posicoes confortaveis, que sabem gastar um pouco melhor, enxergam um pouco mais longe. Tem um naco de New York city, por isso se alimenta um pouco do cosmopolitan way of life da capital - que nao eh, oficialmente, capital de nada. Acah, ou em qualquer lugar do litoral da Florida, avista-se turistas; gente feliz da vida porque nao trabalha e quer gastar dinheiro.

Como se gasta dinheiro aqui. Vi um casal de mulheres (ela-ele latina, baixinha, gorda e extremamente feia; ela-ela americana, loura, rica) gastando 1200 dolares em baboseiras...

tenho que ir agora.

segunda-feira, 15 de março de 2004

Leaving Florida.

Um mes e meio depois. Descricoes detalhadas poderiam ser escritas, mas resumo tudo numa pequena frase: sinto-me feliz por ter acabado, por ter conseguido completar a volta. Nao sei se era a coisa certa vir para ca, nao sei se ha uma coisa certa (se ha, provavelmente eu nao a fiz). Mas sinto um alivio saber que eu consegui.

Meu chefe, para manter a tradicao, era um estereotipo. Israelense-Arabe Judeu, com tino para negocios, machista, impaciente e que vivia pendurado no telefone falando em hebraico. Quando comecei a trabalhar, eramos dez na loja. Ao sair, resistiram apenas 5, sendo que uma menina tinha comecado a trabalhar naquela semana, e duas outras eram peruanas que nao falam nada de ingles e nao conseguiriam facilmente um novo emprego. E nenhum outro homem. Eu me demiti, de maneira correta, obedecendo todos os prazos e seguindo todas as regras; engulindo todo o orgulho e sendo o maior dos pacientes que eu jah fui. E ele, antes de eu cruzar a saida pela ultima vez, me chamou pelo nome, esticou a mao e disse muito obrigado, "I appreciatte what you did". Ele eh uma das pessoas mais impulsivas e descontroladas que conheci e que vou conhecer na minha vida, tomei o maior esporro da minha vida com ele, mas naquele momento, meus olhos se encheram de lagrimas como se me sussurrassem: consegui, aguentei, sobrevivi.

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Uma das minhas grandes surpresas aqui eh comprovar o obvio. Vivo num grupo e cotidiano que tentam, vez por outra, fugir dos cliches. Talvez porque tenhamos tempo de sobra para lermos, vermos filmes, fazermos estes tipos de coisas inuteis e conhecermos um pouco mais da alma humana, sabendo quais sao os detalhes que mais se repetem no dia-a-dia da populacao e tentamos no diferenciar. Ateh acredito que nao somos muito felizes em 90% das nossas tentativas, mas temos essas consciencia de atitude (o que nao eh bom nem mau em absoluto).

Por isso a surpresa com tantos estereotipos, cliches, lugares-comuns. Duas das peruanas - uma de 24 e outra de 27 anos - querem abandonar o programa e ficar um ano a mais aqui. Uma delas, a mais velha e escrota, ainda tentarah casar-se com um porto-riquenho, mesmo que precise pagar, para conseguir a cidadania americana. E, justica seja feita, ela estah se esforcando para se arranjar.

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A Florida, Melbourne, Indialantic, eh tao parecido com o Brasil que tem chuva de verao, no inverno. Faz-se um sol escaldante e toda a praia fica lotada, o dia inteiro. Claro que os americanos nao tem o cacoete do carioca para a praia, mas eles se parecem com, sei lah, os gauchos ou paulistas quando vao ao litoral. Sempre desengoncados.

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Todas as pessoas ao passarem na rua se comprimentam. E sorriem. Todos estao de ferias e tem dinheiro no bolso. Nada mesmo a reclamar...

depois, escrevo mais...

Quarta-feira, Miercoles, Wednesday, back to Buffalo.