sábado, 7 de dezembro de 2019

A farsa da teoria do pêndulo

Muita gente acha que vivemos em uma espécie de pêndulo histórico, variando entre lados opostos do espectro político, e que estaríamos, neste instante, apenas numa posição na direita extrema. Acho que esse raciocínio é de um otimismo que beira a ingenuidade.

O primeiro problema desse raciocínio é sugerir que o passado é a certeza do futuro. Porque a História agiu de determinada maneira, ela vai se repetir para sempre. O que é uma tremenda besteira.

Nem vou falar de revoluções, grandes rasgos no real ou algo do gênero, mas pensemos em como, de alguma forma drástica, os países pobres raramente têm períodos extensos de independência [uso esse termo para tentar ser benevolente].

Qualquer movimento para fora da sua posição estabelecida pela banca internacional e logo você é forçado a voltar para o seu lugar cativo. ["Banca" e "cativo" não foram palavras escolhidas aleatoriamente.]

Não dá para pensar em ciclos, mas um tipo de comportamento padrão em que, vez por quase nunca, escapamos.

Que pêndulo é esse que só tem um lado?

Em segundo lugar: quem garante que dessa vez não saímos dos trilhos?

Mesmo que essa teoria do pêndulo fosse verdadeira, nada impede que, dessa vez [ou da próxima], a gente [eles] tenha [tenham] passado dos limites. Os donos do jogo decidiram jogar sem meias palavras: pobre não serve nem mais para consumir.

Por fim e talvez mais triste, porque é uma negação constante: quem garante que vai ter volta? Se o pêndulo existe, se estamos nos conformes, tudo está normal, como vamos ultrapassar a barreira da catástrofe ecológica?

Talvez não dê tempo de sair da direita extrema.

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