terça-feira, 4 de maio de 2004

Bicicleta

esse negócio de aprender a andar de bicicleta depois de velho tem das suas. Nem quero dizer o mais do mesmo, como entender como funciona o trânsito numa cidade como o Rio. Mas algo mais, como direi?, poético.

hoje, depois de pedalar e empurrar o camelo ruas adentro de Botafogo e Flamengo, passar alguns vexames, bater com a roda e o pedal nos muros e tocos que impedem o estacionamento, sujar a panturrilha de graxa, machucar o pé e etc etc etc, cheguei a uma área do Rio que eu não conhecia. E no Flamengo, onde já morei. É a praia, onde, descobri, há uma espécie de ciclovia, só que mais larga, própria para pessoas como eu, que sabem tanto andar de bicicleta quanto pilotar um avião super-sônico. O lugar é sensacional, lindo de dar torcicolo nos bicicleteiros. E eu, sem poder me mexer muito, com medo de perder o equilíbrio. Andei de um lado a outro, seguro de mim, e sem atropelar ninguém, ou causar algum tipo de acidente, o meu maior medo. Parei nos dois extremos dessa praia artificial (se não lembram, é aterrada) e fiquei ali alguns segundos só para observar o ambiente. Uns detalhes que me fizeram mais feliz. É só disso que eu preciso. Ainda voltei para a casa pela ciclovia de Botafogo - sem problemas maiores também - e vi toda a enseada se desdobrando e se curvando, através da estrada. Os barquinhos parados, o Pão- de-açúcar, a água calma. Deu orgulho de ter aprendido a bicicletar. E deu orgulho da minha decisão de ter voltado.

Claro que ao voltar para casa, a bicicleta já fazia um barulho estranho. Não me perguntem o problema, mas eu apostaria que é a marcha.

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