quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pick me up, before you go-go

Todos os anos, artistas gráficos, desenhistas, designers e coletivos de que produzem material ilustrativo se reúnem e entram na Somerset House, um dos prédios mais bonitos de Londres, construído ainda no século XVI, com arquitetura em estilo Tudor, mas com influência renascentista [a história do prédio vale a leitura], para mostrar seus talentos na Pick me up. A feira aconteceu semana passada e mostrou que, às vezes, é necessário apenas saber desenhar para se produzir aquela faísca que aprisiona o olhar, que segura a respiração, que cessa os batimentos cardíacos e que algumas pessoas simplesmente chamam de arte.

Eu passava pelas exposições individuais dos artistas e ia marcando no meu caderninho os nomes com estrelinhas do que eu mais havia gostado. Vou colocar aqui na ordem que eu vi, e o que, na minha opinião, vale ser conhecido:

Riikka Sormunen [****] - finlandesa nascida em 1986 que mora atualmente em Berlim e me impressionou logo na abertura da feira - era a primeira artista a ser exposta. Gostei dos traços retos, da sensualidade das imagens, da paleta de cores, da descrição dos espaços... enfim, foi a minha preferida durante toda a exposição.

"Nest" [já sabe, clica na imagem para ver maior]


 Paul X Johnson [***] - inglês, que mora no nordeste da ilha. Gostei do jeito sóbrio, antigo [vintage?], cool, piada amarga, de suas peças.

"Beyond the sea"
 Phil Wrigglesworth [**]  - inglês, de não sei onde- Gostei do humor, do jeito de cartoon, mas me incomodou um pouco as referências infantis - nada que estragasse os desenhos.

"Tennis magazine"
Tim Mcdonagh [***] - gostei da vivacidade das ilustrações, do nível de detalhamento, das cores, do traço, do jeito meio caótico de juntar tudo num mesmo pedaço. Me lembrou alguns artistas de quadrinhos.


Yoko Furusho [***] - japonesa, como o nome entrega - gostei também da quantidade e qualidade dos detalhes, do jeito meio naïf, mas só meio, porque há uma pontada de acidez. Parece que estamos vendo um sonho, que nem sempre tem um fim feliz.

"When the moon cries"
Sarah Maycock [**] - Esse urso abaixo e, principalmente, essa raposa mereceriam mais que duas estrelinhas, mas, do que eu vi na exposição, o restante não acompanhava o nível. Gostei muito do jeito de só insinuar o traço, brincar com as cores, e que cores: parecem mais reais que a realidade.


Jon McNaught [**] - Narrativa simples, poética, tipo se Manoel de Barros fosse ilustrador e inglês [exagero, eu sei]. Bom uso de cores, de sombras, de luz. Traço quase minimalista.




Matthew the Horse  [**] - uma coisa meio "Cearenses internacionais", se é que vocês me entendem.



Além das individuais, havia ainda os coletivos, como o pessoal do Cachete Jack e do Many Hands. Vale conferir também. 

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