Reparem: o imigrante-trabalhador-padrão sempre fala que tem que vencer fora de casa. Independentemente do país em que ele vive, ou do país-de-origem. Ele precisa vencer, vencer, vencer. Como um mantra. E vencer, via de regra, é ter um cotidiano sem sobressaltos, um emprego bom, uma situação financeira confortável, melhor do que ele teria no país-de-origem, ou do que ele imagina que teria no país-de-origem. O resto, os demais aspectos que compõem uma vida são ignorados, guardados dentro de um cofre-forte no meio do peito, cuja chave o imigrante-trabalhador-padrão [doravante "imigrante"] espera ter perdido.
Não importa se ele deve passar anos fazendo algo que ele não gostaria de fazer e que jamais faria no país-de-origem. No estrangeiro, ele está sempre lutando, o imigrante está sempre precisando provar algo para alguém - e principalmente para ele mesmo. Fala do passado, do início da sua imigração, com orgulho nos olhos, dos momentos de perrengue como o sacrifício necessário para se alcançar o grande olimpo, o paraíso na terra, a vitória. Ou o green card.
Se emigrou para um país de tradição protestante, assume rapidamente a ética capitalista mais antiga, que prioriza apenas o mérito, e desdenha dos demais que não valorizam o trabalho como a única forma de se alcançar o sucesso - o único caminho para se vencer. Mede os demais com a própria régua e adora usar expressões como "se eu consegui, todo mundo consegue", como se estivesse se desmerecendo, mas na verdade quer se colocar num patamar superior, de quem já venceu.
Reclama, principalmente, dos locais que não querem vencer, como ele. Reclama que eles não trabalham, como se apontasse que eles estão desperdiçando uma oportunidade, uma chance que o imigrante nunca teve. Acha que o governo deveria ser duro com esses locais e, claro, com os outros imigrantes que não estão, como ele, aproveitando esse bilhete premiado.
Tem medo de voltar para casa, para o país-de-origem. Antes de vencer, porque pode ser julgado e condenado pelos amigos e conhecidos, já que não venceu - portanto perdeu, foi derrotado - e teve que voltar, como que com "o rabo no meio das pernas". Depois de vencer, de já estar estabelecido no país-destino, porque fantasia que o país-de-origem jamais vai dar as oportunidades que o país escolhido para viver lhe dá. Jamais vai confrontar as situações, com medo de perder "tudo o que conquistou".
Reclama do país-de-origem por tudo o que ele não é, e provavelmente jamais será. Compara o país-de-origem e o país-destino, como se ambos tivessem passado pelas mesmas veredas históricas, como se isso fosse possível, como se o país-destino devesse, como um professor a um aluno, ensinar como se portar no cenário internacional.
Sente saudade do país-de-origem, mas não exatamente do que acontece agora, mas de um passado idílico, idealizado, que jamais vai se repetir novamente. Normalmente, quando passa férias rápidas no país-de-origem, sente-se deslocado, como se os amigos não fossem mais tão amigos. Age roboticamente, dentro de um comportamento padrão que se autoimpôs, diferentemente da espontaneidade comum entre os amigos que se frequentam frequentemente.
Quer ser mais tradicional aos costumes do país-de-origem que os que ficaram lá. Primeiro porque guardou os signos culturais de uma época congelada no passado, sem se afetar pelo passar do tempo nem pelas influências que recebem diariamente de outras culturas; segundo porque quer mostrar, se autoafirmar, se convencer que ainda é do país-de-origem, para os outros, e principalmente para si mesmo.
Diz que não tem amigos verdadeiros no país-destino, e por isso geralmente lamenta baixinho, para aquele colega-elevado-a-amigo que também emigrou e conhece a sua síndrome, ter emigrado. Fica agarrado a cenas do passado que, talvez, nunca tenham realmente existido, além da imaginação, que alimenta a memória. Os únicos próximos no país-destino são pessoas do país-de-origem ou, ao menos, que tenham alguma identificação com a cultura de lá.
Parece triste, cinzento, apesar de geralmente ser bem-sucedido, um vitorioso, nas próprias palavras. Mesmo quando ri, esconde um rasgo de melancolia, como se todos os percalços por que passou tivessem ferido tão profundamente sua alma que a cicatriz é enorme e sempre aparente. Não se acha completo. Está sempre em dúvida se fez a coisa certa, ou se a sua vida seria melhor caso tivesse ficado no país-de-origem. Nunca saberá porque tenta se convencer que é vitorioso e isso seria admitir a derrota.
Não importa se ele deve passar anos fazendo algo que ele não gostaria de fazer e que jamais faria no país-de-origem. No estrangeiro, ele está sempre lutando, o imigrante está sempre precisando provar algo para alguém - e principalmente para ele mesmo. Fala do passado, do início da sua imigração, com orgulho nos olhos, dos momentos de perrengue como o sacrifício necessário para se alcançar o grande olimpo, o paraíso na terra, a vitória. Ou o green card.
Se emigrou para um país de tradição protestante, assume rapidamente a ética capitalista mais antiga, que prioriza apenas o mérito, e desdenha dos demais que não valorizam o trabalho como a única forma de se alcançar o sucesso - o único caminho para se vencer. Mede os demais com a própria régua e adora usar expressões como "se eu consegui, todo mundo consegue", como se estivesse se desmerecendo, mas na verdade quer se colocar num patamar superior, de quem já venceu.
Reclama, principalmente, dos locais que não querem vencer, como ele. Reclama que eles não trabalham, como se apontasse que eles estão desperdiçando uma oportunidade, uma chance que o imigrante nunca teve. Acha que o governo deveria ser duro com esses locais e, claro, com os outros imigrantes que não estão, como ele, aproveitando esse bilhete premiado.
Tem medo de voltar para casa, para o país-de-origem. Antes de vencer, porque pode ser julgado e condenado pelos amigos e conhecidos, já que não venceu - portanto perdeu, foi derrotado - e teve que voltar, como que com "o rabo no meio das pernas". Depois de vencer, de já estar estabelecido no país-destino, porque fantasia que o país-de-origem jamais vai dar as oportunidades que o país escolhido para viver lhe dá. Jamais vai confrontar as situações, com medo de perder "tudo o que conquistou".
Reclama do país-de-origem por tudo o que ele não é, e provavelmente jamais será. Compara o país-de-origem e o país-destino, como se ambos tivessem passado pelas mesmas veredas históricas, como se isso fosse possível, como se o país-destino devesse, como um professor a um aluno, ensinar como se portar no cenário internacional.
Sente saudade do país-de-origem, mas não exatamente do que acontece agora, mas de um passado idílico, idealizado, que jamais vai se repetir novamente. Normalmente, quando passa férias rápidas no país-de-origem, sente-se deslocado, como se os amigos não fossem mais tão amigos. Age roboticamente, dentro de um comportamento padrão que se autoimpôs, diferentemente da espontaneidade comum entre os amigos que se frequentam frequentemente.
Quer ser mais tradicional aos costumes do país-de-origem que os que ficaram lá. Primeiro porque guardou os signos culturais de uma época congelada no passado, sem se afetar pelo passar do tempo nem pelas influências que recebem diariamente de outras culturas; segundo porque quer mostrar, se autoafirmar, se convencer que ainda é do país-de-origem, para os outros, e principalmente para si mesmo.
Diz que não tem amigos verdadeiros no país-destino, e por isso geralmente lamenta baixinho, para aquele colega-elevado-a-amigo que também emigrou e conhece a sua síndrome, ter emigrado. Fica agarrado a cenas do passado que, talvez, nunca tenham realmente existido, além da imaginação, que alimenta a memória. Os únicos próximos no país-destino são pessoas do país-de-origem ou, ao menos, que tenham alguma identificação com a cultura de lá.
Parece triste, cinzento, apesar de geralmente ser bem-sucedido, um vitorioso, nas próprias palavras. Mesmo quando ri, esconde um rasgo de melancolia, como se todos os percalços por que passou tivessem ferido tão profundamente sua alma que a cicatriz é enorme e sempre aparente. Não se acha completo. Está sempre em dúvida se fez a coisa certa, ou se a sua vida seria melhor caso tivesse ficado no país-de-origem. Nunca saberá porque tenta se convencer que é vitorioso e isso seria admitir a derrota.
3 comentários:
Posha voce escreveu sem saber do que esta falando. Voce por acaso ja emigrou para outro pais? Primeiro, as pessoas que emigrao, muitas vezes nao voktam porque a vida das pessoas sao muito melhores no pais novo. Outra coisa twnho amigos que emigraram de volta para o pais de origem e voltaram a morar no pais origem porque o pais que emigraram a vida deles foi pior do que no pais de origem. Tem muita generalização ai neste artigo. Sou imigrante e vivo muito feliz. Quando volto de ferias oara o pais de origem fico muito mais agradecido que eu sair de la.
E ainda depois de ser aprovado? Esta com medo da verdade?
Isso, Rob, estou com medo.
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