quinta-feira, 18 de julho de 2013

Manifestações: políticas, eleitorais ou indiferente?

Então o senhor, governador Cabral, falou que o grande culpado pelas manifestações contra o senhor são os adversários políticos? Bem, governador, vamos lá de novo, acho que o senhor não entendeu: E daí?

O que adianta falar isso? As pessoas vão parar de protestar? É feio os adversários políticos usarem de manifestantes contra o senhor? Ou melhor: não podem manifestantes que apoiam outros adversários protestar contra o senhor? O senhor vai prender alguém por conta disso?

AH, entendi. O senhor quer tirar o apoio que a classe média tem dado a essas manifestações associando as manifestações ao Garotinho. Saquei. Bem, é, o Garotinho é um político que afugenta esse grupo, mesmo. Ele tem diversas características que assustam os ricos, como ser evangélico [horror dos horrores nos dias atuais], ser associado com diversos esquemas suspeitos de corrupção, ter tomado atitudes políticas aparentemente demagógicas [restaurantes e hotéis mais barato que bananas] etc. Eu também não gosto dele. E pode ficar tranquilo, não vou votar nele. Mas, veja, governador, eu continuo apoiando as manifestações.

Não fique preocupado, também acho estranho que os protestos se concentrem contra o senhor. Mas acho que é questão de momento. Porque o senhor, realmente, vamos concordar, fez um governo muito péssimo, principalmente se formos comparar com o do prefeito seu amigo e o da presidenta. Não que a situação deles seja exultante, pelo contrário, é que a sua é o fim do poço. De zero a dez na escala Garotinho de governabilidade, sendo zero o prefeito de Estocolmo, e onze a Garotinha, o senhor está em 9,5.

Acho que a situação fica muito complicada para o senhor quando pensamos nas ligações mais explicitadas do senhor, pessoalmente falando, com empresários de ramos escusos. Senão, vejamos: o senhor é amigo do cara da Delta! E o que dizer da sua relação com Eike? E o seu secretário de Transportes?! O seu secretário de Transportes é o Júlio Lopes! Precisamos dizer alguma coisa a mais?

Aí, tendo dificuldades de lidar com a sua queda de popularidade, apela para a sua eleição, há quatro anos [quatro anos, governador, é uma eternidade hoje em dia] e queima o seu único capital político. A segurança pública. A única coisa que o governo tinha feito que agradava a essa classe média que vive no asfalto. O tal processo de "pacificação" [já falei que eu odeio essa palavra?]. Destrói a reputação do seu secretário de Segurança. Hum. Não muito esperto, governador, nada esperto.

Governador, vamos lá, novamente. Vou tentar desenhar para demonstrar o quanto o senhor está errado:

- os seus adversários têm o direito de convocar manifestações contra o senhor. Mesmo que o seu adversário seja o Garotinho.

- as manifestações podem - e devem ser políticas. Reclamar disso é ser antidemocrático.

- todas as vezes que os seus policiais usam de força demasiada contra manifestantes - sejam eles quais forem -, eles dão capital político para os seus adversários.

- não é legal saquear nada. Eu, se fosse o lojista, ficaria revoltado contra essa situação. E responsabilizaria o senhor, não os saqueadores. Porque é a função da polícia proteger o cidadão. Mas é claro para todo mundo que ela tem como prioridade proteger o senhor. Então, para mim, é algo como: um sujeito x o estado.

- O senhor está se saindo um feio de um frouxo [não há nada de belo nisso].

Aliás, governador, o que, exatamente, o senhor fez, além de abaixar as passagens de metrô, trem e barcas? Uma sugestão para o senhor pensar: apoie a criação de todas as CPIs na Alerj. Mostre que não há nada a esconder. #fikadik.

Nenhum comentário: