Minha relação com Damon Albarn é tardia, mas não exatamente recente. Não fui um fã muito assíduo do britpop, ainda tinha um gosto bem mais pesado na época. Só fui o encontrar já na faculdade, e, depois, morando em Londres, ele realmente se transformou numa grande referência artística. Para ter uma ideia, o escolhi como tema de uma das pouquíssimas colunas que eu escrevi de lá. Minha expectativa então era alta quando soube que ele iria lançar um disco solo, "Everyday robots". E a primeira reação foi: é isso? Depois, com a audição mais cuidadosa, dá para afirmar: é isso. É exatamente isso.
Não é o primeiro disco que Albarn lança longe do Blur. Sem contar com os projetos paralelos, como Gorillaz, The good, the bad, and the queen, ou Rocket Juice - todos excepcionais - ou discos de óperas, ele já tinha gravado um álbum após sua viagem ao Mali, e um disco dentro de um quarto de hotel. Mas esse é, talvez, o primeiro disco que ele com o mesmo cuidado que ele se dedicava aos discos do Blur, por exemplo. E é essa a sua principal referência, como o Sílvio Essinger já havia notado, principalmente a fase "Tender".
Há também várias informações de que esse seria um disco mais intimista dele, em que ele falaria de sua infância ou de sua passagem pela heroína. Mas esse não é - nem pode ser - o principal ponto de um disco. Sou partidário da ideia de que a voz é instrumento para a música. Se ela é poesia também, melhor, mas não é condição para avaliação.
O que importa são os climas e os sentimentos que ele consegue despertar no ouvinte. E há ao menos duas, três ou quatro músicas que te levam totalmente, sem que você consiga oferecer resistência - como se quisesse. Pela ordem:
A primeira é "Lonely press play". Entra um clima soturno, com programação, para só vir a boniteza com o tecladinho de Albarn. Parece a trilha sonora para a geração que ficou impressionado com as relações tecnológicas mostradas em "Her".
Em seguida, vem "Mr. Tembo", a música mais solar de todo o disco, sobre um bebê elefante que foi adotado, com o seu ukelele é de uma alegria de manhã de domingo de outono carioca, quando o sol entra devagar, e o calorzinho vai aquecendo o dia. Para depois vir a voz de Damon e, principalmente, o coro, que coro!, de igreja negra americana. É de arrepiar.
A próxima obra-prima fica com "You & me", e como há uma mudança de trajetória da música logo após um solo de tambor de aço que faz você se perder dentro da música, e querer ser arrastado por ela, novamente.
Por fim, a última música: "Heavy seas of love". É assim que você se sente, após ouvi-lo. Dentro de um mar de amor, quente, confortável, calmo. Começa com a voz grave de Brian Eno, e entra, novamente, um coro enorme. É repeat nela.
Mas um time não faz só com craques. Se as outras não emocionam tanto, ou não emocionaram tanto até agora, não devem ser colocadas na categoria de ruins. E é isso que faz de Albarn, ou mantém Albarn, um grande músico - talvez o maior de sua geração.
Não é o primeiro disco que Albarn lança longe do Blur. Sem contar com os projetos paralelos, como Gorillaz, The good, the bad, and the queen, ou Rocket Juice - todos excepcionais - ou discos de óperas, ele já tinha gravado um álbum após sua viagem ao Mali, e um disco dentro de um quarto de hotel. Mas esse é, talvez, o primeiro disco que ele com o mesmo cuidado que ele se dedicava aos discos do Blur, por exemplo. E é essa a sua principal referência, como o Sílvio Essinger já havia notado, principalmente a fase "Tender".
Há também várias informações de que esse seria um disco mais intimista dele, em que ele falaria de sua infância ou de sua passagem pela heroína. Mas esse não é - nem pode ser - o principal ponto de um disco. Sou partidário da ideia de que a voz é instrumento para a música. Se ela é poesia também, melhor, mas não é condição para avaliação.
O que importa são os climas e os sentimentos que ele consegue despertar no ouvinte. E há ao menos duas, três ou quatro músicas que te levam totalmente, sem que você consiga oferecer resistência - como se quisesse. Pela ordem:
A primeira é "Lonely press play". Entra um clima soturno, com programação, para só vir a boniteza com o tecladinho de Albarn. Parece a trilha sonora para a geração que ficou impressionado com as relações tecnológicas mostradas em "Her".
Em seguida, vem "Mr. Tembo", a música mais solar de todo o disco, sobre um bebê elefante que foi adotado, com o seu ukelele é de uma alegria de manhã de domingo de outono carioca, quando o sol entra devagar, e o calorzinho vai aquecendo o dia. Para depois vir a voz de Damon e, principalmente, o coro, que coro!, de igreja negra americana. É de arrepiar.
A próxima obra-prima fica com "You & me", e como há uma mudança de trajetória da música logo após um solo de tambor de aço que faz você se perder dentro da música, e querer ser arrastado por ela, novamente.
Por fim, a última música: "Heavy seas of love". É assim que você se sente, após ouvi-lo. Dentro de um mar de amor, quente, confortável, calmo. Começa com a voz grave de Brian Eno, e entra, novamente, um coro enorme. É repeat nela.
Mas um time não faz só com craques. Se as outras não emocionam tanto, ou não emocionaram tanto até agora, não devem ser colocadas na categoria de ruins. E é isso que faz de Albarn, ou mantém Albarn, um grande músico - talvez o maior de sua geração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário