segunda-feira, 15 de março de 2004

Leaving Florida.

Um mes e meio depois. Descricoes detalhadas poderiam ser escritas, mas resumo tudo numa pequena frase: sinto-me feliz por ter acabado, por ter conseguido completar a volta. Nao sei se era a coisa certa vir para ca, nao sei se ha uma coisa certa (se ha, provavelmente eu nao a fiz). Mas sinto um alivio saber que eu consegui.

Meu chefe, para manter a tradicao, era um estereotipo. Israelense-Arabe Judeu, com tino para negocios, machista, impaciente e que vivia pendurado no telefone falando em hebraico. Quando comecei a trabalhar, eramos dez na loja. Ao sair, resistiram apenas 5, sendo que uma menina tinha comecado a trabalhar naquela semana, e duas outras eram peruanas que nao falam nada de ingles e nao conseguiriam facilmente um novo emprego. E nenhum outro homem. Eu me demiti, de maneira correta, obedecendo todos os prazos e seguindo todas as regras; engulindo todo o orgulho e sendo o maior dos pacientes que eu jah fui. E ele, antes de eu cruzar a saida pela ultima vez, me chamou pelo nome, esticou a mao e disse muito obrigado, "I appreciatte what you did". Ele eh uma das pessoas mais impulsivas e descontroladas que conheci e que vou conhecer na minha vida, tomei o maior esporro da minha vida com ele, mas naquele momento, meus olhos se encheram de lagrimas como se me sussurrassem: consegui, aguentei, sobrevivi.

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Uma das minhas grandes surpresas aqui eh comprovar o obvio. Vivo num grupo e cotidiano que tentam, vez por outra, fugir dos cliches. Talvez porque tenhamos tempo de sobra para lermos, vermos filmes, fazermos estes tipos de coisas inuteis e conhecermos um pouco mais da alma humana, sabendo quais sao os detalhes que mais se repetem no dia-a-dia da populacao e tentamos no diferenciar. Ateh acredito que nao somos muito felizes em 90% das nossas tentativas, mas temos essas consciencia de atitude (o que nao eh bom nem mau em absoluto).

Por isso a surpresa com tantos estereotipos, cliches, lugares-comuns. Duas das peruanas - uma de 24 e outra de 27 anos - querem abandonar o programa e ficar um ano a mais aqui. Uma delas, a mais velha e escrota, ainda tentarah casar-se com um porto-riquenho, mesmo que precise pagar, para conseguir a cidadania americana. E, justica seja feita, ela estah se esforcando para se arranjar.

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A Florida, Melbourne, Indialantic, eh tao parecido com o Brasil que tem chuva de verao, no inverno. Faz-se um sol escaldante e toda a praia fica lotada, o dia inteiro. Claro que os americanos nao tem o cacoete do carioca para a praia, mas eles se parecem com, sei lah, os gauchos ou paulistas quando vao ao litoral. Sempre desengoncados.

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Todas as pessoas ao passarem na rua se comprimentam. E sorriem. Todos estao de ferias e tem dinheiro no bolso. Nada mesmo a reclamar...

depois, escrevo mais...

Quarta-feira, Miercoles, Wednesday, back to Buffalo.

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