É óbvio - para mim - que a maioria das vezes que tenho uma dessas percepções sem qualquer explicação concreta, eu erro. Mas, bem, eu tenho uma explicação concreta. Ou, pelo menos, a minha projeção é baseada num dado concreto. Ou pelo menos que se vende, melhor, se mostra, como concreto. Porque as pesquisas erram. Erram mais que as margens de erro gostaria que elas errassem. Por isso, não dá para confiar cegamente na pesquisa. Ou não.
Antes de me chamarem de Caetano, quero dizer que não é uma questão de desconfiança cega ou confiança enxergando, mas de como esses números influenciam no tal frigir dos ovos. Como o eleitor brasileiro, que tem a fama de não gostar de votar em perdedor - que eu, particularmente, acho que faz parte das nossas mitologias, assim como o Curupira - votaria apenas em quem está na frente. Não é bem assim que penso.
Preparem-se, vamos adentrar o ambiente das teorias da conspiração. No primeiro turno, erraram as pesquisas ao apontar que a Dilma venceria num primeiro turno. E, mesmo quando a "tendência" mostrava que não era seguro dizer que ela venceria no primeiro turno, como nos números da boca-de-urna, ela aparecia, na margem dos 50%, quando, no final das contagens, ela tinha 47%. O erro era de 2%.
Sugiro que o problema do primeiro turno foi o clima de já-ganhou, que ignorou os escândalos da Casa Civil e a importância - mesmo em queda - da imprensa. As declarações de Lula dizendo que ele era a opinião pública, mais que um absurdo em si, mexeu com os brios dos homens da mídia, esses sujeitos que acreditamos sermos os donos da verdade imparcial, para beneficiar a quem nos agrade. De uma hora para outra, descobriram, não o Serra, que esse eles já tinham descoberto há muito, mas a Marina. Foram semanas de matérias mostrando como a candidata verde era a solução para todos os nossos problemas. O resultado se viu.
Nem entro no mérito do crescimento dos votos para a Marina por conta dos indecisos - até acho que foi isso. Mas que a mídia a "descobriu" no momento oportuno, já que o Serra não tem assim tanto mais sabor que um picolé de chuchu, logo que Lula dava como ganha a eleição. E dava como ganha a eleição por conta das pesquisas.
Dito isso tudo, saio um pouco do campo das conspirações, para a sua vizinha a das especulações. A diferença entre Serra e Dilma, com o perdão da má palavra, é ridícula. Oito pontos percentuais, sendo que quatro podem ser comidos pela margem, está praticamente num empate técnico - e olha que as pesquisas inflaram a candidatura de Dilma no primeiro turno. A sensação de "vai dar" cresce fortemente, imagino, entre os tucanos e a luz amarela-avermelhada já pisca freneticamente entre os petistas.
Junte a isso a forte campanha contra Dilma, mostrando o que agrada e escondendo o que não-interessa, e os seus próprios atos falhos, vejo Serra como o próximo presidente. Infelizmente, como dito antes [depois explico melhor isso].
A diferença de votos vai ser pouca, o que é saudável para uma democracia. Mas também preocupante, para um povo pouco afeito a se sentir discordado. No dia seguinte, quando as urnas decretarem o vencedor, o país terá que se unir, não mais com um ou outro político, mas em torno de um noção de nação, superior a essas pequenezas.
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