Estava eu com um amigo tomando cerveja quando ele elogiou o Hemingway, por conta da sua facilidade de leitura. Levantei a hipótese de que a facilidade (ou dificuldade) de leitura não deve ser o único critério para se avaliar um livro. Jornalistas que somos, um texto fluido e fácil de se ler é sempre desejado. Mas na literatura não é uma regra.
Para usar uma expressão do ambiente em que nos encontrávamos comentei sobre o drinkability da cerveja, que designa a facilidade (ou dificuldade) de beber uma cerveja. As pilsens, por exemplo, têm alto drinkability. Mas dizer que elas são melhores que as dubbels é no mínimo apressado. Mas o estilo belga é difícil. Tomar várias garrafas é tarefa complicada. Ou seja, tem baixo drinkability. Num dia quente, prefiro uma pilsen.
E o mesmo se aplica à literatura. Há livros que são lentos, mas nem por isso piores. Penso em Fernando Pessoa. Não consigo ler muitas páginas, mas saboreio cada uma das palavras que sorvo.
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