É muito comum que escutemos que o inglês tem muito [bom ou mau] humor, ou como é engraçado o "humor inglês", mas, assim como os duendes, não é tão fácil saber, à primeira vista, o que seria isso, essa categoria de comportamento, de relacionamento e de comunicação. Dizem que é sarcástico, irônico, e não perdoa ninguém. Pelas primeiras experiências que eu tive aqui, sugeriria que é mais que isso.
Mesmo nos momentos mais adversos, há alguém que fala uma frase de efeito e provoca um sorriso. Eles não querem a gargalhada, mas um esgarçar de leve do rosto, para fingir manter a fleugma [isso, com "g", para ser ainda mais tradicional]. Ontem, talvez tenha sido o ápice. Mas antes de ontem, temos outras boas histórias.
Já contei do dia que cheguei e, ansioso para tomar o maior número de ales possíveis, cai no golpe da cidra. Ao acabar as torneiras das marcas conhecidas, pedi aquela, que eu nunca tinha ouvido falar. Era a famosa. Contei a história para Roy, e a inglesa, ao lado, ouvindo toda a história, se dignou a apenas falar: "fail".
Ou de como a atendente do metrô, uma coroa com cara de vovó, ao receber o meu cadastro preenchido com a minha horrorosa letra de mão, perguntou, com a maior fisionomia séria do mundo, se eu escrevia em híndi. Respondi, para tentar manter o nível, que não, mas que admitia o desperdício do talento.
Conversando com o meu contato na firma que é a dona do flat onde moramos, perguntei se não iríamos receber as informações para fazermos o pagamento do aluguel. Ele respondeu que não ter a conta era uma ótima desculpa para não pagar a grana.
E ontem, quando fomos nos registrar na polícia do bairro, o poliça que nos atendeu fez um show de calouros com a gente, com perguntas e respostas e piadas em todas as frases. Descobrimos que ele havia sido chef e trabalhado com outros brasileiros, de quem aprendera apenas uma frase em português: "bunda mole". Educado, o poliça.
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