Todo ramo do conhecimento tem seus ícones. Entre as cervejas, é a Westvleteren 12.
Imagine uma cerveja que sempre é eleita nos sites de votação popular na internet como a melhor cerveja e, mesmo assim, - ou por causa disso - é complicadíssima de ser encontrada. "Por causa disso", na frase anterior, tem dois sentidos. O primeiro, óbvio, é: se é a melhor cerveja do mundo, será bastante procurada, logo, difícil de ser encontrada, por ser escassa. Entretanto, há também o caso de, por ser difícil encontrá-la - como é o caso da Westvleteren 12, por motivos que serão explicados mais à frente - quem a toma, tende a valorizá-la acima das demais.
A Westvleteren 12 é uma das sete trapistas - o que, por si só, já lhe traz uma certa aura de exclusividade. A única, porém, que não é vendida em larga escala. Os monges que a produzem já disseram que "we make the beer to live but we do not live for beer". Eles restringem a produção a pouquíssimas [comparativamente] garrafas por ano e fazem os compradores assinar um termo impedindo que as garrafas compradas - só podem ser adquiridas no máximo uma caixa com 24 a cada mês, por pessoa - sejam revendidas. Como são católicos, não visam o lucro e essas garrafas são comercializadas com preços incrivelmente baixos, para qualquer tamanho de cervejaria. Como vivem num mundo que ignora regras, essas mesmas garrafas que saem por um pouco mais de 2 euros lá na abadia, chegam ao Brasil por mais de R$ 100. Na Bélgica, é complicadíssimo encontrá-las fora de Westvleteren. Não impossível.
Desistimos de ir para a cidade de Vleteren, onde ficam os monges, porque o aluguel do carro era caríssimo - algo como três vezes mais que foi alugar um carro em Oxford. Além disso, tínhamos apenas um dia, que já estava tarde na hora que decidimos sair, para ir à abadia, porque os monges fechariam as portas para o descanso de domingo. Por fim, não tínhamos reservado nossa cota e só teríamos acesso a uma porção menor vendida do lado de fora, na lojinha - uma porção extra, feita apenas com o intuito de reformar o monastério. Não deu.
A partir de então, buscamos em todos os lugares que visitávamos - Bruxelas, Bruges, Antuérpia - o santo graal das cervejas.
Em Bruxelas, em um bar que dizia ter centenas de cervejas belgas, conseguimos comprar garrafinhas da Blonde e da 8 - mas nada de 12. Mesmo a 8, compramos as últimas unidades. Cada garrafa, a 9 euros. Em nenhum outro lugar, de Bruxelas a Bruges, encontrávamos a 12. Em Bruges, ainda fomos numa espécie de museu da cerveja, que dizia ter todas as cervejas belgas existentes em exposição, e ainda diversas para vender - mas nada de 12, o ápice.
Na Antuérpia, já tínhamos desistido de procurá-la, me contentando com uma futura visita a Westvleteren para, aí sim, comprar a caixa com tudo o que tem direito. Eis que entramos numa loja pequena, com o intuito único de comprar uma garrafa de Mongozo - a cerveja que tem gosto de leite de coco - e, para comprovar como era complicado encontrar a Westvleteren, perguntamos por ela. A atendente, uma garota de olhos puxados, se abaixou atrás do balcão, como se fosse num lugar não exposto, escondido, reservado para produtos proibidos e se levantou com diversas. Ecce homo. Estava ali, diante da gente, a 9 euros novamente. Compramos. Agora acho que não vamos para o céu.
Trouxe para casa para ter a experiência completa, com um copo digno, em um dia especial. Dizem que quanto mais tempo você a deixa na garrafa, mais ela fica gostosa. A ver. Ou melhor, a provar.
Imagine uma cerveja que sempre é eleita nos sites de votação popular na internet como a melhor cerveja e, mesmo assim, - ou por causa disso - é complicadíssima de ser encontrada. "Por causa disso", na frase anterior, tem dois sentidos. O primeiro, óbvio, é: se é a melhor cerveja do mundo, será bastante procurada, logo, difícil de ser encontrada, por ser escassa. Entretanto, há também o caso de, por ser difícil encontrá-la - como é o caso da Westvleteren 12, por motivos que serão explicados mais à frente - quem a toma, tende a valorizá-la acima das demais.
A Westvleteren 12 é uma das sete trapistas - o que, por si só, já lhe traz uma certa aura de exclusividade. A única, porém, que não é vendida em larga escala. Os monges que a produzem já disseram que "we make the beer to live but we do not live for beer". Eles restringem a produção a pouquíssimas [comparativamente] garrafas por ano e fazem os compradores assinar um termo impedindo que as garrafas compradas - só podem ser adquiridas no máximo uma caixa com 24 a cada mês, por pessoa - sejam revendidas. Como são católicos, não visam o lucro e essas garrafas são comercializadas com preços incrivelmente baixos, para qualquer tamanho de cervejaria. Como vivem num mundo que ignora regras, essas mesmas garrafas que saem por um pouco mais de 2 euros lá na abadia, chegam ao Brasil por mais de R$ 100. Na Bélgica, é complicadíssimo encontrá-las fora de Westvleteren. Não impossível.
Desistimos de ir para a cidade de Vleteren, onde ficam os monges, porque o aluguel do carro era caríssimo - algo como três vezes mais que foi alugar um carro em Oxford. Além disso, tínhamos apenas um dia, que já estava tarde na hora que decidimos sair, para ir à abadia, porque os monges fechariam as portas para o descanso de domingo. Por fim, não tínhamos reservado nossa cota e só teríamos acesso a uma porção menor vendida do lado de fora, na lojinha - uma porção extra, feita apenas com o intuito de reformar o monastério. Não deu.
A partir de então, buscamos em todos os lugares que visitávamos - Bruxelas, Bruges, Antuérpia - o santo graal das cervejas.
Em Bruxelas, em um bar que dizia ter centenas de cervejas belgas, conseguimos comprar garrafinhas da Blonde e da 8 - mas nada de 12. Mesmo a 8, compramos as últimas unidades. Cada garrafa, a 9 euros. Em nenhum outro lugar, de Bruxelas a Bruges, encontrávamos a 12. Em Bruges, ainda fomos numa espécie de museu da cerveja, que dizia ter todas as cervejas belgas existentes em exposição, e ainda diversas para vender - mas nada de 12, o ápice.
Na Antuérpia, já tínhamos desistido de procurá-la, me contentando com uma futura visita a Westvleteren para, aí sim, comprar a caixa com tudo o que tem direito. Eis que entramos numa loja pequena, com o intuito único de comprar uma garrafa de Mongozo - a cerveja que tem gosto de leite de coco - e, para comprovar como era complicado encontrar a Westvleteren, perguntamos por ela. A atendente, uma garota de olhos puxados, se abaixou atrás do balcão, como se fosse num lugar não exposto, escondido, reservado para produtos proibidos e se levantou com diversas. Ecce homo. Estava ali, diante da gente, a 9 euros novamente. Compramos. Agora acho que não vamos para o céu.
Trouxe para casa para ter a experiência completa, com um copo digno, em um dia especial. Dizem que quanto mais tempo você a deixa na garrafa, mais ela fica gostosa. A ver. Ou melhor, a provar.
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