No sábado, íamos a uma festa no Sul de Londres, e decidimos pegar um ônibus no Centro, perto do Parlamento. Saímos do metrô e tivemos uma grande surpresa: toda a rua estava fechada. Vimos diversos policiais vestidos para o choque e suspeitamos que era um protesto grande, mas não tínhamos ideia do que era. Como Londres é a capital do mundo, no lado oriental do Atlântico, a primeira sugestão era de russos, que estão reclamando uma fraude nas eleições parlamentares.
Chegando próximo a Trafalgar Square, vimos que os manifestantes eram todos negros. Ficamos assustados quando um deles foi preso. Vimos que eles estavam encurralados em um pequeno quadrado embaixo da estátua de Nelson. Nos aproximamos e um homem grande, corpulento, se aproximou e nos disse: "não tenham medo, nós estamos aqui apenas protestando por nosso país". Explicamos que não estávamos com medo, mas curiosos, porque queríamos saber o que estava realmente acontecendo, em vez de apenas passar ali sem qualquer relação. E ele contou que eles estavam protestando contra uma suposta fraude nas eleições presidenciais.
Com toda a diferença histórica, a importância econômica e relevância no cenário internacional entre as duas nações - para usar apenas alguns detalhes - achei curioso que ninguém - no meu círculo, claro - estivesse comentando esse caso do Congo, enquanto o da Rússia era razoavelmente corrente.
Isso me lembrou um filme de advogado baseado num bestseller do John Grisham, "A time to kill". O fim, a pior parte do longa, mostra a fala do advogado de defesa que quer absolver um pai que matou os acusados de estupro de sua filha, assim que eles foram absolvidos pelo caso. O livro é situado no Sul dos EUA e mostra o racismo como um problema ainda não resolvido na região. A menina estuprada era negra, os acusados, brancos, rednecks.
O advogado começa a sua preleção descrevendo de maneira genérica, sem dar nomes ou relacionar diretamente com o caso em questão, toda a cena do ataque à garotinha, com requintes de detalhes, mostrando o quão cruel e ignóbeis foram os dois acusados e como era revoltante aquela situação. Só que, ao fim, num twist de retórica, e demonstrando como as pessoas estão entranhadas no preconceito, ele pede para que as pessoas imaginem que a menina do caso que ele estava narrando não era a filha do seu cliente, mas uma criança branca.
Imagine o Congo branco.
Chegando próximo a Trafalgar Square, vimos que os manifestantes eram todos negros. Ficamos assustados quando um deles foi preso. Vimos que eles estavam encurralados em um pequeno quadrado embaixo da estátua de Nelson. Nos aproximamos e um homem grande, corpulento, se aproximou e nos disse: "não tenham medo, nós estamos aqui apenas protestando por nosso país". Explicamos que não estávamos com medo, mas curiosos, porque queríamos saber o que estava realmente acontecendo, em vez de apenas passar ali sem qualquer relação. E ele contou que eles estavam protestando contra uma suposta fraude nas eleições presidenciais.
Com toda a diferença histórica, a importância econômica e relevância no cenário internacional entre as duas nações - para usar apenas alguns detalhes - achei curioso que ninguém - no meu círculo, claro - estivesse comentando esse caso do Congo, enquanto o da Rússia era razoavelmente corrente.
Isso me lembrou um filme de advogado baseado num bestseller do John Grisham, "A time to kill". O fim, a pior parte do longa, mostra a fala do advogado de defesa que quer absolver um pai que matou os acusados de estupro de sua filha, assim que eles foram absolvidos pelo caso. O livro é situado no Sul dos EUA e mostra o racismo como um problema ainda não resolvido na região. A menina estuprada era negra, os acusados, brancos, rednecks.
O advogado começa a sua preleção descrevendo de maneira genérica, sem dar nomes ou relacionar diretamente com o caso em questão, toda a cena do ataque à garotinha, com requintes de detalhes, mostrando o quão cruel e ignóbeis foram os dois acusados e como era revoltante aquela situação. Só que, ao fim, num twist de retórica, e demonstrando como as pessoas estão entranhadas no preconceito, ele pede para que as pessoas imaginem que a menina do caso que ele estava narrando não era a filha do seu cliente, mas uma criança branca.
Imagine o Congo branco.
2 comentários:
Lembrou Voltaire e as implicações morais da distância.
esse é um critério para o que é notícia - ou não. não sei se infelizmente ou felizmente.
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