Ontem vi a primeira ópera da minha vida, "Così fan tutte", do Mozart, na Royal Opera House. Segundo me contaram, é uma ópera diferente das mais tradicionais, italianas, porque a música prioriza mais os instrumentos que os cantores - o que, aliás, considerando o segundo ato que tem bastante árias, me fez pensar se quero mesmo ver uma ópera-ópera.
Também é diferente porque é uma ópera-bufa, ou seja, é uma comédia. Por fim, há uma adaptação, e eles situaram a ópera no presente, fazendo com que situações que normalmente não teriam graça se tornem cômicas pelo simples fato de existir numa ópera. Tipo, figurinos hippies ou um cara cantando no telefone celular.
Não consegui parar de pensar, porém, que essa atualização histórica é uma maneira de competir com a enxurrada de musicais que brotam em Londres, que nem cogumelos. Como se quisessem dizer que música e teatro juntos já existem há muito tempo. Como se dissessem que essa ópera era apenas um musical, mas com a assinatura de Mozart, o que, convenhamos, dá status - principalmente para aqueles que a assistem e podem se gabar depois.
Também não pude deixar de pensar que os americanos fizeram mais uma de suas americanices quando criaram o musical. Pegaram uma tradição secular europeia e a misturaram com a cultura de massas, que é a maior tradição norte-americana [fordismo, Hollywood, Michael Jackson...].
Pegaram o aparato de teatro, cantores-atores, uma história cantada, e trocaram a música "erudita" pela "popular". Talvez por não ter esse passado, que pode ser em alguns momentos opressor, os americanos - agora, os do Norte e os do Sul - conseguem misturar essa forte influência europeia com elementos próprios ou de outras culturas. Nossas artes são assim, reparem.
Por isso que o que foi durante muito tempo chamado de pós-modernidade aconteceu no século xx, após as guerras - porque foi quando os EUA estavam mais fortes para impor sua hegemonia pelo globo. E a cultura deles é a de revisitar, é a de relativizar, é a de parodiar.
Também é diferente porque é uma ópera-bufa, ou seja, é uma comédia. Por fim, há uma adaptação, e eles situaram a ópera no presente, fazendo com que situações que normalmente não teriam graça se tornem cômicas pelo simples fato de existir numa ópera. Tipo, figurinos hippies ou um cara cantando no telefone celular.
Não consegui parar de pensar, porém, que essa atualização histórica é uma maneira de competir com a enxurrada de musicais que brotam em Londres, que nem cogumelos. Como se quisessem dizer que música e teatro juntos já existem há muito tempo. Como se dissessem que essa ópera era apenas um musical, mas com a assinatura de Mozart, o que, convenhamos, dá status - principalmente para aqueles que a assistem e podem se gabar depois.
Também não pude deixar de pensar que os americanos fizeram mais uma de suas americanices quando criaram o musical. Pegaram uma tradição secular europeia e a misturaram com a cultura de massas, que é a maior tradição norte-americana [fordismo, Hollywood, Michael Jackson...].
Pegaram o aparato de teatro, cantores-atores, uma história cantada, e trocaram a música "erudita" pela "popular". Talvez por não ter esse passado, que pode ser em alguns momentos opressor, os americanos - agora, os do Norte e os do Sul - conseguem misturar essa forte influência europeia com elementos próprios ou de outras culturas. Nossas artes são assim, reparem.
Por isso que o que foi durante muito tempo chamado de pós-modernidade aconteceu no século xx, após as guerras - porque foi quando os EUA estavam mais fortes para impor sua hegemonia pelo globo. E a cultura deles é a de revisitar, é a de relativizar, é a de parodiar.
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