Há
cartas e mais cartas na British Library, além de inúmeros relatórios que detalham as
apreensões de barcos brasileiros por embarcações britânicas, demonstrando a relação
intrusiva da Grã-Bretanha na soberania brasileira, por um lado, e
escondendo a tragédia da escravidão, e dos interesses não revelados,
por outro.
Os barcos tem nomes quase irônicos, em se
tratando de navios de tráfico de escravo, como Activo, Perpétuo defensor,
Heroina ou Venturoso. Outros têm nomes mais sugestivos, como
“Eclipse”. Há ainda nomes quase cristãos, como Tentadora.
Um exemplo
é a carta do comandante do barco Grecian, William Smyth, um dos mais
ativos. Ele diz ter detido a escuna Recuperador no dia 28 de maio de
1839, a sudoeste de Cabo Frio, que navegava com bandeira portuguesa e
três armas. Seu comandante, Sebastião da Fonseca, declarou que eles
estavam indo do Rio de Janeiro para Angola e Benguela. Embora não
levasse qualquer escravo, Smyth concluiu que o barco traria negros da
África. E lista provas que respaldam seu argumento: ferros para a
segurança de escravos. Escotilhas maiores que um barco daquele
tamanho precisaria, e pronto para ser anexado de barra de ferros,
como as usadas para prender escravos. Farinha – escrito assim mesmo
– e arroz em maiores quantidades do que poderia ser consumido pelos
17 tripulantes e dois passageiros, e que não eram mencionadas como
parte da carga. Pólvora. Caixas de mosquetes. Ferramentas de cobre.
Remédios. Tubos. Bombas de mão. Madeira. E uma outra série de
objetos. Por fim, o comandante Smyth afirma que pareceu a ele
“expressamente e o mais efetivamente e completamente”
[os itálicos são originais] que eles estão equipados para o
tráfico de escravos.
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