Até o século XIX, homens e mulheres africanos e seus descendentes não tinham os mesmos direitos que os de origem portuguesa ou europeia - no Brasil e em outros cantos das Américas. Não que hoje em dia haja uma igualdade de relações entre esses dois grupos, e os números de assassinatos de jovens negros, muito maiores que os de brancos, está aí para não me desmentir, mas que as diferenças diminuíram bastante nesses mais de cem anos de abolição da escravidão, não dá para negar. Hoje, já não pensamos em questões de raças, mas de culturas, por exemplo. O racismo, mesmo que negado por alguns componentes da nossa elite, é crime. Há ações que tentam, às vezes timidamente, às vezes com mais urgência, diminuir esse monstruosa separação. Ou seja, melhorou.
Na virada do século XX para o XXI, lembro de uma crônica do Verissimo em que ele dizia que os anos de 1900s tinham sido o tempo das mulheres. Elas tinham saído de uma condição de Zimbábue [ou outro país bastante pobre], não para a da Bélgica ou Suíça, mas para uma Argentina, uma Tailândia, uma Turquia - esses países, como o Brasil, classe-média. Novamente, como se vê, ainda não há igualdade de condições, mas houve uma diminuição entre esses pontos extremos.
Recentemente, a discussão sobre a regulamentação da situação jurídica de casais do mesmo sexo vem causando discussão entre países com alto índice de desenvolvimento humano, como é o exemplo da França. Isso é reflexo do tratamento dado por certas instituições erradas que por milênios condenam as relações que fogem do que havia se estabelecido como regra, mesmo que a relação homoerótica seja tão natural quanto a heterossexual. É o momento da luta do pessoal LGBT, luta que começou há já quase meio século.
A próxima grande revolução comportamental, tenho o atrevimento de sugerir [e após a indicação de amigos sobre o assunto], será a do vegetarianismo. A recente polêmica com o resgate do beagles lá no laboratório São Roque é, para mim, a prova de que já começamos o combate. Exemplo disso foi dado pela colunista de um jornal carioca, ligada fortemente ao movimento de defesa dos direitos animais, que chegou a reproduzir uma opinião de uma médica e professora aposentada da UFRJ, em que se defende a utilização de presos em testes científicos, com a contrapartida de diminuição de pena, em vez de se utilizar animais. Em tempo: a colunista se disse contra a sugestão, argumentando, não em favor dos seres humanos, mas da Justiça, que poderia ser afetada caso um criminoso optasse por um teste que não fosse suficientemente cruel em relação ao seu crime.
Eu não sou contra o vegetarianismo, quiçá contra animais: bichinhos fofinhos, oncinha pintada, zebrinha listrada, coelhinho peludo, pelo contrário. São todos ótimos. Acho apenas que a tendência ao vegetarianismo, ou ao fim da morte de outros animais com o fim de nos alimentar, é inevitável, principalmente depois que começaram a fazer hambúrgueres de célula tronco. Mas o que me leva a escrever aqui é o que estaria por trás dessa ligação tão íntima - e cada vez maior - entre homens e animais. Por que só agora resolvemos reconhecer, no nosso âmago, que o cão é o melhor amigo do homem, e não nossa comida?
Na minha mais que humilde opinião, tem a ver com o nosso momento histórico. O homem [o ser humano] tem entre as suas necessidades a de amar. Por mais estranha que essa afirmação soe, a verdade é que o homem precisa amar - e isso inclui, claro, um pouco do passivo "ser amado". Como vivemos tempos em que o amor virou artigo de propaganda de refrigerante, insípido, anódino, limpinho, as pessoas estavam caindo num buraco niilista, que culminava numa sociedade cheia de cinismo, ironia, do blasé como ideal de viver.
Os bichos de estimação vêm resgatar essa capacidade do humano de sentir, de querer bem, de lutar por outra coisa que não si mesmo. Não me espanta a relação de alguns donos de cachorro que tratam seu cão como se fosse filho - há até disputa judicial em caso de separação. Não me assusta a fascinação de donos de gatos, que dizem que, na verdade, são os gatos que os possuem. Os bichos preenchem, em parte, esse vazio que os homens normalmente sentiriam se não compartilhassem de sua presença.
Eu talvez ainda me choque com a declaração da médica e ex-professora da UFRJ, que foi quase corroborada pela colunista. Mas talvez eu que esteja deslocado no tempo. No futuro, vão olhar para os meus textos e achar que eu me comportava como um desses escritores machistas, preconceituosos, homofóbicos, que nossa - e todas as - literaturas do passado estão cheios. Isso, claro, se ainda se ler no futuro.
Na virada do século XX para o XXI, lembro de uma crônica do Verissimo em que ele dizia que os anos de 1900s tinham sido o tempo das mulheres. Elas tinham saído de uma condição de Zimbábue [ou outro país bastante pobre], não para a da Bélgica ou Suíça, mas para uma Argentina, uma Tailândia, uma Turquia - esses países, como o Brasil, classe-média. Novamente, como se vê, ainda não há igualdade de condições, mas houve uma diminuição entre esses pontos extremos.
Recentemente, a discussão sobre a regulamentação da situação jurídica de casais do mesmo sexo vem causando discussão entre países com alto índice de desenvolvimento humano, como é o exemplo da França. Isso é reflexo do tratamento dado por certas instituições erradas que por milênios condenam as relações que fogem do que havia se estabelecido como regra, mesmo que a relação homoerótica seja tão natural quanto a heterossexual. É o momento da luta do pessoal LGBT, luta que começou há já quase meio século.
A próxima grande revolução comportamental, tenho o atrevimento de sugerir [e após a indicação de amigos sobre o assunto], será a do vegetarianismo. A recente polêmica com o resgate do beagles lá no laboratório São Roque é, para mim, a prova de que já começamos o combate. Exemplo disso foi dado pela colunista de um jornal carioca, ligada fortemente ao movimento de defesa dos direitos animais, que chegou a reproduzir uma opinião de uma médica e professora aposentada da UFRJ, em que se defende a utilização de presos em testes científicos, com a contrapartida de diminuição de pena, em vez de se utilizar animais. Em tempo: a colunista se disse contra a sugestão, argumentando, não em favor dos seres humanos, mas da Justiça, que poderia ser afetada caso um criminoso optasse por um teste que não fosse suficientemente cruel em relação ao seu crime.
Eu não sou contra o vegetarianismo, quiçá contra animais: bichinhos fofinhos, oncinha pintada, zebrinha listrada, coelhinho peludo, pelo contrário. São todos ótimos. Acho apenas que a tendência ao vegetarianismo, ou ao fim da morte de outros animais com o fim de nos alimentar, é inevitável, principalmente depois que começaram a fazer hambúrgueres de célula tronco. Mas o que me leva a escrever aqui é o que estaria por trás dessa ligação tão íntima - e cada vez maior - entre homens e animais. Por que só agora resolvemos reconhecer, no nosso âmago, que o cão é o melhor amigo do homem, e não nossa comida?
Na minha mais que humilde opinião, tem a ver com o nosso momento histórico. O homem [o ser humano] tem entre as suas necessidades a de amar. Por mais estranha que essa afirmação soe, a verdade é que o homem precisa amar - e isso inclui, claro, um pouco do passivo "ser amado". Como vivemos tempos em que o amor virou artigo de propaganda de refrigerante, insípido, anódino, limpinho, as pessoas estavam caindo num buraco niilista, que culminava numa sociedade cheia de cinismo, ironia, do blasé como ideal de viver.
Os bichos de estimação vêm resgatar essa capacidade do humano de sentir, de querer bem, de lutar por outra coisa que não si mesmo. Não me espanta a relação de alguns donos de cachorro que tratam seu cão como se fosse filho - há até disputa judicial em caso de separação. Não me assusta a fascinação de donos de gatos, que dizem que, na verdade, são os gatos que os possuem. Os bichos preenchem, em parte, esse vazio que os homens normalmente sentiriam se não compartilhassem de sua presença.
Eu talvez ainda me choque com a declaração da médica e ex-professora da UFRJ, que foi quase corroborada pela colunista. Mas talvez eu que esteja deslocado no tempo. No futuro, vão olhar para os meus textos e achar que eu me comportava como um desses escritores machistas, preconceituosos, homofóbicos, que nossa - e todas as - literaturas do passado estão cheios. Isso, claro, se ainda se ler no futuro.
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