O grande problema de qualquer pensador mais voltado para a filosofia pós-Nietzsche foi responder à questão: e agora? Como viver num mundo sem qualquer parâmetro? Como não cair num imenso e intenso niilismo? Como não ficar deprimido ante o tamanho do mundo e a sua [nossa] infinita insignificância? Enfim, como viver sem Deus?
Daí que Camus anuncia, logo no início de seu ensaio "O mito de Sísifo", que "o suicídio é a única questão filosófica verdadeira". Porque, se não temos um motivo a priori - aliás, se não temos nem um a priori - temos que encontrar dentro de nós uma razão por que viver. Mas e se não a encontrarmos? Ou se, ao a encontrarmos, a perdemos em seguida? Ou se simplesmente não quisermos procurar? O ponto é: os motivos e as motivações não brotam do nada.
Todo esse raciocínio começa ficar meio deprê, mas não é essa a intenção. Porque, repare, se fosse também difícil encontrar um motivo por que viver, teríamos uma epidemia de suicídio. Tudo bem que as taxas de suicídio estão aumentando no mundo como um todo, em média - mas os motivos, especulo, são outros. E, mesmo que seja a maior causa de morte por atos violentos, nós não agimos como os lêmures suicidas da lenda, que se jogam do penhasco, em grupo.
O ponto aqui é outro: por que, então, sem esse deus, sem esse parâmetro primário, por que, então, continuamos? Suspeito que a resposta está, novamente, com Nietzsche, mas numa interpretação do que Nietzsche de certa forma disse. É a tal da vontade.
Exemplo hipotético que tenta comprovar: Um rapaz está deprimido porque perdeu algo que lhe era muito caro e não consegue lidar com essa perda. Depois de tentar todas as outras alternativas, ele decide ir à praia, nadar no mar, para fazer com que o sangue, ao menos, corra nas veias. Consegue, a muito esforço, se levantar e caminhar até a praia. Chegando lá, entra na água e percebe que está muito, muito fria. Ele, tão deprimido, pensa em apenas deixar que o corpo perca a sua força, o seu viço, e afunde. Mas a água está tão gelada que aquilo começa a incomodá-lo de uma maneira estranha. Se ele não quer mais viver, por que estaria incomodado com a água gelada? Não sabe, mas algo simplesmente o empurra para fora da água. Não quer viver no gelo, quer o conforto da areia quentinha, onde bate o sol. Tenta ainda dar umas braçadas, mas o corpo, novamente, toma conta e deixa que as ondas o empurrem para a arrebentação. Sai da água, se senta na areia, e espera o corpo secar, antes de ir para casa.
Claro que isso não acontece com todas as pessoas. Nem sempre a vontade aparece. Há casos em que estamos tão anestesiados, tão numb, que não importa o frio de fora, porque o corpo está muitos graus abaixo. Mas, acredito - e é uma crença, que não tem qualquer comprovação - que se apurarmos nossa audição, sempre vamos ouvir nossa própria voz, a voz da vontade.
Daí que Camus anuncia, logo no início de seu ensaio "O mito de Sísifo", que "o suicídio é a única questão filosófica verdadeira". Porque, se não temos um motivo a priori - aliás, se não temos nem um a priori - temos que encontrar dentro de nós uma razão por que viver. Mas e se não a encontrarmos? Ou se, ao a encontrarmos, a perdemos em seguida? Ou se simplesmente não quisermos procurar? O ponto é: os motivos e as motivações não brotam do nada.
Todo esse raciocínio começa ficar meio deprê, mas não é essa a intenção. Porque, repare, se fosse também difícil encontrar um motivo por que viver, teríamos uma epidemia de suicídio. Tudo bem que as taxas de suicídio estão aumentando no mundo como um todo, em média - mas os motivos, especulo, são outros. E, mesmo que seja a maior causa de morte por atos violentos, nós não agimos como os lêmures suicidas da lenda, que se jogam do penhasco, em grupo.
O ponto aqui é outro: por que, então, sem esse deus, sem esse parâmetro primário, por que, então, continuamos? Suspeito que a resposta está, novamente, com Nietzsche, mas numa interpretação do que Nietzsche de certa forma disse. É a tal da vontade.
Exemplo hipotético que tenta comprovar: Um rapaz está deprimido porque perdeu algo que lhe era muito caro e não consegue lidar com essa perda. Depois de tentar todas as outras alternativas, ele decide ir à praia, nadar no mar, para fazer com que o sangue, ao menos, corra nas veias. Consegue, a muito esforço, se levantar e caminhar até a praia. Chegando lá, entra na água e percebe que está muito, muito fria. Ele, tão deprimido, pensa em apenas deixar que o corpo perca a sua força, o seu viço, e afunde. Mas a água está tão gelada que aquilo começa a incomodá-lo de uma maneira estranha. Se ele não quer mais viver, por que estaria incomodado com a água gelada? Não sabe, mas algo simplesmente o empurra para fora da água. Não quer viver no gelo, quer o conforto da areia quentinha, onde bate o sol. Tenta ainda dar umas braçadas, mas o corpo, novamente, toma conta e deixa que as ondas o empurrem para a arrebentação. Sai da água, se senta na areia, e espera o corpo secar, antes de ir para casa.
Claro que isso não acontece com todas as pessoas. Nem sempre a vontade aparece. Há casos em que estamos tão anestesiados, tão numb, que não importa o frio de fora, porque o corpo está muitos graus abaixo. Mas, acredito - e é uma crença, que não tem qualquer comprovação - que se apurarmos nossa audição, sempre vamos ouvir nossa própria voz, a voz da vontade.
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