Há uma lenda que Júlio César, após voltar vitorioso das batalhas para ampliar os domínios de Roma, sempre ia conversar com um dos seus conselheiros mais íntimos, que lhe dizia: César, não se esqueça que é baixo, gordo e careca.
Não sei a veracidade dessa história, mas ela representa bem mais que o óbvio. Na volta para Roma, César estava num céu, em que não tinha iguais a ele. Era um ser imbatível, mortífero, um semideus. Mas quanto maior o ego, maior a queda. Por isso, ele precisava de um conselheiro para apontar para as suas características mais humanas, aquelas partes que poderiam ser vistas como "defeitos", que o "diminuíam", dentro de um padrão pré-estabelecido do que seria bom ou grande.
César não foi o único a sentir o gosto da divindade. Basta pensar nas celebridades atuais e como eles são idolatrados. Muitas vezes, sem qualquer justificativa - vide o caso dos fãs dos ex-BBBs, por exemplo.
Vou mais longe: há casos que nós, seres humanos normais, que devemos pagar nossas contas, trabalhar de segunda a sexta [às vezes mais], juntar uma grana para tomar uma cervejinha de vez em quando, também temos a bola tão cheia, que nos esquecemos também que somos baixos, gordos e carecas. O excesso de sorte, por exemplo, é, por si só, um azar já que não te prepara para o fracasso a que todos estamos condenados - cedo ou tarde. Não quer dizer que somos fracassados, mas que passaremos por momentos de revés. E do alto do Olimpo fica difícil enxergar a planície.
Há ainda uma outra forma de se pensar, para tornar esse raciocínio um tiquinho mais complexo. Quando temos sucesso, geralmente nos esquecemos que há outras pessoas ao nosso redor. É a nossa vontade que nos guia à frente, e que vai avançando, avançando, derrubando os entraves que aparecerem, até que encontra um que se mostra intransponível - ao menos, da maneira como você estava acostumado a galgar. Diante dessa negativa, se vê perdido porque não percebia o entorno, a humanidade que lhe envolve, lhe abraça, existe além e apesar de você. É grande o desespero.
Nesses momentos, se percebe que as vontades são importantes para nos levar à frente, para nos fazer viver, sempre, e cada vez mais, mas que elas não são, não podem ser, a única forma de vivência. Apenas sob a égide da vontade, é capaz de você se isolar do restante da humanidade, se tornar uma espécie de ermitão, mesmo dentro da mais populosa cidade. A vontade é individualista, exclusivista.
É necessário, de alguma maneira, também equilibrar a vontade com o momento em que não se faz nada, apenas se deixa levar pela maré, para algum porto qualquer. Esperar a grande tempestade passar porque, dentro dela, não se pode guiar muito bem o destino do barco. Na emergência, a tática é a do menor prejuízo. É o momento de se usar a razão, para tentar controlar o desespero que simplesmente quer abandonar o navio e afundar mar adentro.
Mas também não pode exagerar no assunto, com o perigo de se tornar alguém muito pré-programado. A grande sapiência, a única, talvez, e que não se aprende em nenhum lugar, e talvez nunca se aprenda, é saber em que momento se deve liberar a vontade e em quais a única coisa que se pode fazer é esperar, e se diluir no meio de toda a humanidade. Porque até César tinha seus momentos de humano, demasiado humano.
Não sei a veracidade dessa história, mas ela representa bem mais que o óbvio. Na volta para Roma, César estava num céu, em que não tinha iguais a ele. Era um ser imbatível, mortífero, um semideus. Mas quanto maior o ego, maior a queda. Por isso, ele precisava de um conselheiro para apontar para as suas características mais humanas, aquelas partes que poderiam ser vistas como "defeitos", que o "diminuíam", dentro de um padrão pré-estabelecido do que seria bom ou grande.
César não foi o único a sentir o gosto da divindade. Basta pensar nas celebridades atuais e como eles são idolatrados. Muitas vezes, sem qualquer justificativa - vide o caso dos fãs dos ex-BBBs, por exemplo.
Vou mais longe: há casos que nós, seres humanos normais, que devemos pagar nossas contas, trabalhar de segunda a sexta [às vezes mais], juntar uma grana para tomar uma cervejinha de vez em quando, também temos a bola tão cheia, que nos esquecemos também que somos baixos, gordos e carecas. O excesso de sorte, por exemplo, é, por si só, um azar já que não te prepara para o fracasso a que todos estamos condenados - cedo ou tarde. Não quer dizer que somos fracassados, mas que passaremos por momentos de revés. E do alto do Olimpo fica difícil enxergar a planície.
Há ainda uma outra forma de se pensar, para tornar esse raciocínio um tiquinho mais complexo. Quando temos sucesso, geralmente nos esquecemos que há outras pessoas ao nosso redor. É a nossa vontade que nos guia à frente, e que vai avançando, avançando, derrubando os entraves que aparecerem, até que encontra um que se mostra intransponível - ao menos, da maneira como você estava acostumado a galgar. Diante dessa negativa, se vê perdido porque não percebia o entorno, a humanidade que lhe envolve, lhe abraça, existe além e apesar de você. É grande o desespero.
Nesses momentos, se percebe que as vontades são importantes para nos levar à frente, para nos fazer viver, sempre, e cada vez mais, mas que elas não são, não podem ser, a única forma de vivência. Apenas sob a égide da vontade, é capaz de você se isolar do restante da humanidade, se tornar uma espécie de ermitão, mesmo dentro da mais populosa cidade. A vontade é individualista, exclusivista.
É necessário, de alguma maneira, também equilibrar a vontade com o momento em que não se faz nada, apenas se deixa levar pela maré, para algum porto qualquer. Esperar a grande tempestade passar porque, dentro dela, não se pode guiar muito bem o destino do barco. Na emergência, a tática é a do menor prejuízo. É o momento de se usar a razão, para tentar controlar o desespero que simplesmente quer abandonar o navio e afundar mar adentro.
Mas também não pode exagerar no assunto, com o perigo de se tornar alguém muito pré-programado. A grande sapiência, a única, talvez, e que não se aprende em nenhum lugar, e talvez nunca se aprenda, é saber em que momento se deve liberar a vontade e em quais a única coisa que se pode fazer é esperar, e se diluir no meio de toda a humanidade. Porque até César tinha seus momentos de humano, demasiado humano.
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