A introdução do "A condição humana", da Hannah Arendt, é tão bom que fiquei com vontade de compartilhar os trechos que mais impactam. Lembrando que o livro foi publicado originalmente em 1958, e a edição que estou citando é a de 2007, da Forense Universitária. Aí vão:
"Este evento [a ida de uma máquina feita pelo homem ao espaço], que em importância ultrapassa todos os outros, até mesmo a desintegração do átomo".
"'A humanidade não permanecerá para sempre presa à terra'". [9]
"Ninguém na história da humanidade jamais havia concebido a terra como prisão para o corpo dos homens nem demonstrado tanto desejo de ir, literalmente, daqui à Lua" - esse processo foi resultado de uma emancipação e a "secularização da era moderna, que tiveram início com um afastamento, não necessariamente de Deus, mas de um deus que era o Pai dos homens no céu, terminar com um repúdio ainda mais funesto de uma terra que era a Mãe de todos os seres vivos sob o firmamento?"
"Recentemente, a ciência vem-se esforçando por tornar 'artificial' a própria vida, por cortar o último laço que faz do homem um filho da natureza" [10]
"A questão é apenas se desejamos usar nessa direção nosso novo conhecimento científico e técnico - e esta questão não pode ser resolvida por meios científicos: é uma questão política de primeira grandeza, e portanto não deve ser decidida por cientistas profissionais nem por políticos profissionais." [11]
"O problema tem a ver com o fato de que as 'verdades' da moderna visão científica do mundo, embora possam ser demonstradas em fórmulas matemáticas e comprovadas pela tecnologia, já não se prestam à expressão normal da fala e do raciocínio." [11]
>>> "Seria como se o nosso cérebro, condição material e física do pensamento, não pudesse acompanhar o que fazemos, de modo que, de agora em diante, necessitaríamos realmente de máquinas que pensassem e falassem por nós. Se realmente for comprovado esse divórcio definitivo entre o conhecimento [no sentido moderno de know-how] e o pensamento, então passaremos, sem dúvida, à condição de escravos indefesos, não tanto de nossas máquinas quanto de nosso know-how, criaturas desprovidas de raciocínio, à mercê de qualquer engenhoca tecnicamente possível, por mais mortífera que seja" [11]. <<<
"é o discurso que faz do homem um ser político" [11]
"Atualmente as ciências são forçadas a adotar uma 'linguagem' de símbolos matemáticos que, embora originalmente destinada a abreviar afirmações enunciadas, contém agora afirmações que de modo algum podem ser reconvertidas em palavras". [11 e 12]
"[os cientistas] habitam um mundo no qual as palavras perderam o seu poder" [12]
A automação que se propôs a libertar a humanidade do trabalho apareceu junto com uma valorização do labor. [12]
"a irreflexão - a imprudência temerária ou a irremediável confusão ou a repetição complacente de 'verdades' que se tornaram triviais a vazias - parece ser uma das principais características do nosso tempo". [13]
"Este evento [a ida de uma máquina feita pelo homem ao espaço], que em importância ultrapassa todos os outros, até mesmo a desintegração do átomo".
"'A humanidade não permanecerá para sempre presa à terra'". [9]
"Ninguém na história da humanidade jamais havia concebido a terra como prisão para o corpo dos homens nem demonstrado tanto desejo de ir, literalmente, daqui à Lua" - esse processo foi resultado de uma emancipação e a "secularização da era moderna, que tiveram início com um afastamento, não necessariamente de Deus, mas de um deus que era o Pai dos homens no céu, terminar com um repúdio ainda mais funesto de uma terra que era a Mãe de todos os seres vivos sob o firmamento?"
"Recentemente, a ciência vem-se esforçando por tornar 'artificial' a própria vida, por cortar o último laço que faz do homem um filho da natureza" [10]
"A questão é apenas se desejamos usar nessa direção nosso novo conhecimento científico e técnico - e esta questão não pode ser resolvida por meios científicos: é uma questão política de primeira grandeza, e portanto não deve ser decidida por cientistas profissionais nem por políticos profissionais." [11]
"O problema tem a ver com o fato de que as 'verdades' da moderna visão científica do mundo, embora possam ser demonstradas em fórmulas matemáticas e comprovadas pela tecnologia, já não se prestam à expressão normal da fala e do raciocínio." [11]
>>> "Seria como se o nosso cérebro, condição material e física do pensamento, não pudesse acompanhar o que fazemos, de modo que, de agora em diante, necessitaríamos realmente de máquinas que pensassem e falassem por nós. Se realmente for comprovado esse divórcio definitivo entre o conhecimento [no sentido moderno de know-how] e o pensamento, então passaremos, sem dúvida, à condição de escravos indefesos, não tanto de nossas máquinas quanto de nosso know-how, criaturas desprovidas de raciocínio, à mercê de qualquer engenhoca tecnicamente possível, por mais mortífera que seja" [11]. <<<
"é o discurso que faz do homem um ser político" [11]
"Atualmente as ciências são forçadas a adotar uma 'linguagem' de símbolos matemáticos que, embora originalmente destinada a abreviar afirmações enunciadas, contém agora afirmações que de modo algum podem ser reconvertidas em palavras". [11 e 12]
"[os cientistas] habitam um mundo no qual as palavras perderam o seu poder" [12]
A automação que se propôs a libertar a humanidade do trabalho apareceu junto com uma valorização do labor. [12]
"a irreflexão - a imprudência temerária ou a irremediável confusão ou a repetição complacente de 'verdades' que se tornaram triviais a vazias - parece ser uma das principais características do nosso tempo". [13]
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