Tinha tudo para dar errado. Não deu. Tinha tudo para ter um banho de sangue. Não teve. Tinha tudo para ser um fiasco. Não foi. A operação do Alemão prendeu poucos traficantes, sim, mas é inegável que não ter morrido nenhum policial nem ter entrado na comunidade atirando foi uma grande bola dentro. A retomada do território era o objetivo principal, a meu ver. Prender os caras é importante, mas fica em segundo plano.
A política pública de segurança do Rio mudou quando um delegado federal gaúcho assumiu o posto de secretário, um cargo que tinha um limite de tempo em qualquer governo anterior. José Mariano Beltrame ficou os quatro anos e nada dá mostras que ele vai sair no próximo governo.
As UPPs, seu principal programa, não são novidades - o projeto é uma adaptação do que fizeram lá na Colômbia. E mesmo no Rio, já houve outros projetos parecidos na época do Gpae (Grupo de Policiamento em Áreas Especiais). Mas, a diferença é que Beltrame fez funcionar. Não me lembro de ter visto qualquer notícia sobre um problema nas UPPs. O lidar com o público - em todos os níveis de interpretação - é de uma honradez incomum.
E, como disse um amigo meu, se há uma outra vantagem para que gostemos dele é a sua não-candidatura nas últimas eleições. Enquanto há pseudo-celebridades de todos os naipes que bastam 5 minutos de fama para concorrer a cargos públicos, Beltrame se manteve distante do foco. Quase não aparecia nem na campanha de seu candidato, o governador. Fazia o seu trabalho e está de bom tamanho. Se todos apenas fizessem os seus trabalhos...
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