O Google me lembrou com um de seus Doodles que o escocês Robert Louis Stevenson faria aniversário hoje, 160 anos. Um dos grandes autores para Borges - um escritor argentino que lia em inglês perfeitamente por conta da avó inglesa, Fanny Haslam - Stevenson era mal visto em sua época porque era muito... popular. Parece que Tom Jobim errou quando restringiu ao Brasil sua constatação de que sucesso era ofensa pessoal.
Ele é autor de pelo menos dois clássicos mundiais ["Strange case of Dr Jekyll and Mr Hyde" que foi traduzido no Brasil como "O médico e o monstro" e "Treasure island", ou "A ilha do tesouro"], sendo o primeiro uma obra que extrapolou as suas próprias intenções e entrou para uma espécie de mitologia mundial.
Stevenson era malvisto porque escrevia aventuras, livros que adolescentes e jovens podem ler e entender. Mas está aí uma de suas maiores qualidades: a leitura em camadas. Todos entendem a história do médico e a do monstro. Se precisarem, podem adentrar mais no livro e o interpretar sob a luz histórica e descobrir que era uma crítica a um puritanismo inglês da época; ou ainda analisá-lo psicologicamente e vislumbrar uma metáfora para o distúrbio bipolar; ou pode, ainda, filosoficamente, e descobrir que somos feitos de opostos e é impossível abdicar de uma parte em prol de outra.
O escocês ganhou o melhor presente que a História pode dar para um artista: dissolveu suas criações e as colocaram como criações que sempre estiveram aí, sem autor determinado.
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