Todo mundo só quer ser feliz, como dizem muito bem Cidinho e Doca no "Rap da felicidade" [autores também do "Rap das armas"]. Contudo, diferentemente dos dois rappers-funkeiros, que sabem muito bem como ["andar tranquilamente na favela onde eu nasci / e poder me orgulhar / e ter a consciência que o pobre tem o seu lugar], o "mundo" não imagina exatamente o que é esse sentimento.
Para Cidinho e Doca, a felicidade é a sensação de segurança ["andar tranquilamente"] perto do lar ["onde eu nasci"]. É facílimo entender o raciocínio considerando o nível de violência em algumas regiões do Rio. A dupla chega a dizer "Com tanta violência eu tenho medo de viver", e completam: "moro na favela e sou muito desrespeitado", que remete aos segundo e terceiro versos da letra. Eles queriam ainda mostrar que o pobre não precisa ser excluído da sociedade; que não é sinônimo de bandido; e que só vive à margem porque não tem acesso, não é inserido a esses elementos que compõe o tecido social. No caso de Cidinho e Doca, a felicidade é participar dessas relações sociais sem censura, não estar a parte dela.
Mas, o que é ser feliz para as demais pessoas? Geralmente se confunde "felicidade" com "euforia", que é o estado em que estamos numa festa animada, por exemplo. Seria isso a felicidade ou, ao menos, um tipo de felicidade? Seria, aliás, possível viver em uma constante euforia, indefinidamente? Os movimentos de subida e descida não são necessários para equilibrar e, até mesmo, destacar um dos outros? Se vivemos sempre em euforia, como saberíamos que isso é algo... diferente? Não teríamos tédio com a constante euforia? Sinceramente, não tenho respostas para quase nenhuma dessas perguntas, mas eu teria bastante preguiça de viver numa 24 hours party.
Em outros momentos, há a utilização de critérios externos importados para definir a felicidade: uma família, um bom emprego [?!], uma casa confortável... Ou argumentos de cunho consumista, como um carro do ano, o último gadget lançado, ter roupas da moda. Esses casos são ainda mais clichês e já foram retratados por diversas obras ficcionais, que mostram o cara que tem tudo mas não tem nada.
Há outros mais saudosistas, nostálgicos: a realização de sonhos de criança. Ou morar numa casinha de sapê. Há os falsos-altruístas: ajudar os outros. Os religiosos: encontrar Deus, não cometer pecados, ter a vida eterna. Os dionisíacos: viver a vida ao máximo possível. Os artistas-vaidosos: produzir algo realmente memorável. Os que passam a responsabilidade adiante: ver os filhos tomar um rumo na vida. Os ideológicos: batalhar pelo que acredita. Os românticos que dizem que a "felicidade foi-se embora", com a saída do objeto amado. Os pessimistas que dizem que a "tristeza não tem fim, felicidade, sim". Os fatalistas, ou neo-hippies - dependendo do contexto -, que dizem que "felicidade é só questão de ser". Os indecisos, que não sabem direito o que é isso.
Na verdade, não há como se inventariar a felicidade. Uma lista deveria aplacar um desejo por pessoa. E novamente tocamos a mesma música. A pergunta não deve ser o que é a felicidade, mas onde ela está.
Para Cidinho e Doca, a felicidade é a sensação de segurança ["andar tranquilamente"] perto do lar ["onde eu nasci"]. É facílimo entender o raciocínio considerando o nível de violência em algumas regiões do Rio. A dupla chega a dizer "Com tanta violência eu tenho medo de viver", e completam: "moro na favela e sou muito desrespeitado", que remete aos segundo e terceiro versos da letra. Eles queriam ainda mostrar que o pobre não precisa ser excluído da sociedade; que não é sinônimo de bandido; e que só vive à margem porque não tem acesso, não é inserido a esses elementos que compõe o tecido social. No caso de Cidinho e Doca, a felicidade é participar dessas relações sociais sem censura, não estar a parte dela.
Mas, o que é ser feliz para as demais pessoas? Geralmente se confunde "felicidade" com "euforia", que é o estado em que estamos numa festa animada, por exemplo. Seria isso a felicidade ou, ao menos, um tipo de felicidade? Seria, aliás, possível viver em uma constante euforia, indefinidamente? Os movimentos de subida e descida não são necessários para equilibrar e, até mesmo, destacar um dos outros? Se vivemos sempre em euforia, como saberíamos que isso é algo... diferente? Não teríamos tédio com a constante euforia? Sinceramente, não tenho respostas para quase nenhuma dessas perguntas, mas eu teria bastante preguiça de viver numa 24 hours party.
Em outros momentos, há a utilização de critérios externos importados para definir a felicidade: uma família, um bom emprego [?!], uma casa confortável... Ou argumentos de cunho consumista, como um carro do ano, o último gadget lançado, ter roupas da moda. Esses casos são ainda mais clichês e já foram retratados por diversas obras ficcionais, que mostram o cara que tem tudo mas não tem nada.
Há outros mais saudosistas, nostálgicos: a realização de sonhos de criança. Ou morar numa casinha de sapê. Há os falsos-altruístas: ajudar os outros. Os religiosos: encontrar Deus, não cometer pecados, ter a vida eterna. Os dionisíacos: viver a vida ao máximo possível. Os artistas-vaidosos: produzir algo realmente memorável. Os que passam a responsabilidade adiante: ver os filhos tomar um rumo na vida. Os ideológicos: batalhar pelo que acredita. Os românticos que dizem que a "felicidade foi-se embora", com a saída do objeto amado. Os pessimistas que dizem que a "tristeza não tem fim, felicidade, sim". Os fatalistas, ou neo-hippies - dependendo do contexto -, que dizem que "felicidade é só questão de ser". Os indecisos, que não sabem direito o que é isso.
Na verdade, não há como se inventariar a felicidade. Uma lista deveria aplacar um desejo por pessoa. E novamente tocamos a mesma música. A pergunta não deve ser o que é a felicidade, mas onde ela está.
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